Sobre meu orgulho, vaidade, preguiça e imobilismo.
A cada dez vezes, onze eu passei espectando. Assistindo de longe, admirando e imaginando o quão intocável era aquela personalidade. Passei meses sentada na cadeira principal do camarote. Eu fui sua principal e mais alienada plateia. Fui perfeita no que fiz, assistia todo o show sem questionar nada, e mais, por vezes acreditei na magia que escorria daquela atuação. Demorei a perceber o quanto aquele show nada mais era do que simples retórica. Retórica sofista. Arte de argumentar. Dom de convencer. Que raramente era usado para o bem.
Tão assustador e bizarro quanto uma gravidez psicológica, ele realmente acreditada ser Deus – e por um momento, foi mesmo.
Fiquei exausta, cansada de me esforçar para ser no mínimo positiva. Olhar as coisas pelo lado bom... Esforço que não me dá garantia de recompensa. O pique de uma jovem idealista de quinze anos, me foi arrancado pela realidade. As situações pelas quais eu vivenciei, moldaram e determinaram a minha maneira de interpretar o mundo. E essa maneira não é positivista. Nem fodendo mano! Não adianta fazer curso intensivo de desconstrução ideológica, porque uma: estou satisfeita em não esperar a improvável e bacaca possibilidade da vida me surpreender e duas: eu simplesmente não quero ser uma pessoa legal. Nunca me atrai pela normalidade das pessoas felizes ou ao menos positivas.
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