sábado, 6 de dezembro de 2014

Banalidade

Se liga, escrevi esse texto no trem
Desconsidere os erros de português e a dificuldade de concentração causada pelos motivos óbvios.

Sobre a elevação máxima da banalidade...



Estive pensando sobre algumas coisas que venho tolerando. E só o fato de existirem coisas toleráveis a mim, já é chato. Porque tolerar é conviver sem gostar, tolerar é uma forma de respeito chata - tipo 'tem que fazer'. Mas, afinal o que não é chato na vida? Kkk
Mas pensando nessas coisas que tolero, quis saber o que me fez ser flexível com coisas e pessoas que à tempos eu repugnava? Amadurecimento? Não sei...
Estudei antropologia por um tempo, e li coisas que fizeram total sentido pra  de hoje. Por ex., aprendi que todas as pessoas pensam (jura lari? Kkkk), e suas interpretações sobre a vida, acontecimentos, sensações, mundo, são oriundas unicamente de toda vivência que tiveram até hoje. Até na linguagem rola isso. Somos uma construção social, tudo que sabemos sobre o mundo nos foi apresentado tal qual a realidade que antecede nossa existência.
Pensando nisso de maneira profunda, aplicando este conceito à várias - se possível todas - situações, a fragilidade começa à imperar nas relações humanas e principalmente na relação do eu consigo mesmo...
Partindo do pressuposto de que todos os seres são racionais e assim nossas interpretações sobre o mundo são racionais, podemos afirmar que não existe maneira adequada ou 'mais indicada' para fazer, falar, pensar, viver...
Quem é loko de dizer que na índia a vaca é sagrada pq eles ainda não experimentaram uma picanha? Isso é uma afronta cultural - irracional.
Eu to falando que tudo no mundo é cosmologia, (eu não a antropologia.) Cada cosmologia é uma interpretação possível dentre as zilhoes de interpretações possíveis. Racionais fala 'em cada favelado, ha um universo em crise'. Então podemos imaginar a vastidão do universo contido em cada ser. Que passa por experiencias particulares que jamais ninguém passará também. O máximo que podemos é nos identificar num grupo onde pessoas interpretam o mundo de uma maneira parecida com a sua, pois viveram situações parecida com a sua. E parecidas não são iguais. Entende como julgar se torna IMPOSSÍVEL?
Não há nada que possamos fazer para mudar a perspectiva de alguém sobre determinado assunto/comportamento/ações, pois tudo é resultado de uma vivencia escorada nos pilares firmes da individualidade dos seres.
Quebrar paradigmas é tarefa pros fortes e para os que aprenderam o que realmente é amor. Podemos  refletir, ainda assim não é o bastante. A reflexão sobre essa particularidade dos seres não é o bastante para que os respeitemos como são ou como deveríamos respeita-los.
E talvez a palavra aqui nem seja respeito, seja amor mesmo. No nivel hard.
Não sei, me sinto pequena e não por ser, mas por saber.

Sinto medo de não ser útil à nada e a ninguém por conta de um apego banal à uma cosmologia banal dentro de toda banalidade que é nossa efêmera existência.
A Libertação esta no topo de uma montanha e tudo que tenho são minhas piras que de tão particulares se tornaram pública.

reflexo de uma ida à 25 de março




O tempo compra nossas vidas empacotadas nas prateleiras de nossa existência medíocre.

Estamos à venda, prontos pra consumo.
Nosso conservante é a inconsciência do quão plásticos e líquidos nos tornamos a cada dia...
Somos podres.
Somos nojentos.
Estamos mergulhados num rio de estrume.
Fedemos à carniça...

Mas o tempo ainda nos compra
consome
e some.

Capetalismo.

Hoje perdi uma entrevista pq não tinha o da passagem
Mas pelo menos a ira me rendeu um texto


Compartilhando a dor:

Inspiração não é opção é condição. Não é procurada, mas dada. Gratuitamente e exclusivamente pela condição financeira. Pertencer a classe trabalhadora é uma fonte inesgotável de inspirações. Tanto para arte, quanto para morte.
Se você não usar as merdas para fazer uma escultura, corre o risco de se tornar oco.
No capitalismo vale da sombra da morte é a falta de dinheiro, apenas. Mas eu diria que é a ausência de vontade de existir. Não quero.

Sempre que me questiono sobre meus problemas eles se resumem em dinheiro. Estar desempregada é como ter asas e viver engaiolada. Você tem tempo, mas não tem dinheiro. Então você não tem nada. Não tem essa de amigos e família e blá blá. Ninguém quer estar perto daquela pessoa que vive feito hippie. Pensar no futuro é algo que me incomoda, gosto de exaltar a efemeridade da vida, para tornar meus dias menos vazios de sonhos. Vazios de mim. Trabalhar pra estar enquadrada nos padrões capitalistas, estabelecendo tempo como meta? hm. me fode. Daqui cinco minutos não sei se permanecerei viva, quem dirá com um carro daqui cinco anos. As metas capitalistas não me atraem nem cobertas de 'qualidade de vida'. O que é valioso? Ouro? Diamante? Nutella? Valores que o capitalismo atribuiu. Não me sinto hipnotizada pelo que o dinheiro oferece. Me sinto presa. Preciso sub-existir, não dá pra viver de textos recheados de palavrinhas bonitas e reclamações idênticas. Preciso comer, vestir, me locomover. Sub-existir.

A existência dentro do capitalismo não é plena. O existir é oco. Você não existe por nem pra você - como essência de ser - mas por e como peça de um quebra cabeça complexo que é o sistema. Sistema! Que palavra pejorativa, não? Sistema! Usar essa palavra é praticamente assinar a matricula nos 'black bloc'. Ele funciona tão bem que as pessoas se quer questionam a si mesmas o que é sistema.

Isso não é pra ser uma aula, mas um desabafo desesperançoso. Um grito silencioso. Uma agonia aliviante. É como escrever e dar de ombros. Como anunciar um incêndio com a expressão de serenidade congelada, pelo desespero de saber que a chance de escapar é zero.
Escrevo sem esperar que alguém leia, quem dirá que alguém chegue perto de entender.
Suponhamos que esta seja nossa única vida. E por ter somente ela vc escolhe não trabalhar por n motivos. Você pode fazer a escolha individual sobre a sua própria existência? Não! E não se trata de ser 'vagabunda e preguiçosa' como o sistema te ensinou a me chamar, mas trata-se de ser amaldiçoada com a sede de justiça e com a dor da racionalidade.

Tudo ruim. Tudo amargo. Tudo exaustivo, até respirar.

Explique-me, oh pai.

Cosme de Farias


Cheguei em casa depois das três. Coloquei o play o aleatório enquanto fazia comida. A mudança mais radical na minha rotina é não saber qual será a próxima música que vai tocar. E bota radical nisso. Quem iria imaginar que seria sixpence?
A lembrança de como acreditei em nós me partiu no meio. Passei o resto do dia com uma saudade de estar irrevogavelmente apaixonada. Saudade de me sentir incompleta sem alguém. Saudade de ter no peito um sentimento maior que a cozinha que me cabia.
O amor nunca acaba, ele apenas se adequa às molduras da vida. Aprimora. Ultrapassa. Curte feito queijo parmesão maturado por meses...
É aquela certeza que só enquanto eu respirar, vou me lembrar de vc.
Saudade é pouco.

brisa torta

Tambem escrevo coisas inuteis, veja:


Como dois adolescentes traumatizados pela obviedade dos desfechos, fomos apresentados um ao outro, pelo destino, pelo acaso ou por Deus?
Sempre que penso em alguém para dividir os dias, quero você. Porque?
Colecionei seus sorrisos, assim como acreditei em suas palavras; exatamente igual ao passado.
Pode ser irrisório, mas algumas coisas do coracao me afetam sim, tento fazer a durona mas o fogo do seu amor derrete a casca que visto.

E você vai e volta com uma facilidade que me espanta, com um cinismo que me impressiona.
Essa sanfona machuca, mas nada machuca mais do que vc fingir que não sabe do que estou falando.
Estou falando que amo você! Caralho! não que isso seja legal ou algo bom, mas é que odeio a obrigatoriedade do 'eu te amo', tentei dizer de tantas outras formas, e nem sei o porque. Tudo bem, a certeza de que isso passa é combustível para enfrentar os próximos dias, e de certa forma alivia. Então....

agudos



Sua imaturidade pra tratar das coisas simples, desgasta meu sentimento. Seu orgulho de tamanho imensurável, me deixa exausta de ti. A forma como foge de mim, me encoraja a aceitar, que você pode tudo, menos na minha estar. Tenho dito e feito coisas que você desaprova, e a única coisa que sabe fazer é por meu amor em questão, tirar prova. Não há um pingo de sensatez e nem uma gota de compreensão. Vou te deixar livre, porque é assim que você quer estar, coração. Livre do meu olhar apaixonado, da minha reclamação, da minha ansiedade e do meu amor. Talvez ele não caiba no lugar que me reservou.
Tá pesando? Aliviarei, não preciso que ninguém me carregue nas costas, meu bem.

Bom dia e boa vida!

minha redação do enem 2014


A adultização infantil



O programa 'cultura em debate' exibido pela TV cultura em meados de julho/2014, me elucidou sobre a necessidade emergencial de nos debruçarmos sobre o tema proposta de maneira reflexiva. A publicidade infantil despreza os direitos da criança e do adolescente, pois segue a logica de mercado, lógica essa que desrespeita - em prol do capital - inclusive os direitos humanos.

Defendo não apenas a resolução do CONANDA que considera abusiva a PI, mas também a proibição de qualquer publicidade direcionada à este público. Estamos falando de crianças! Daqueles que são literalmente o futuro. Se há, nos setores interessados na continuidade desse tipo de publicidade, uma certa dificuldade de compreensão sobre a legitimidade da resolução, sugiro que os mesmos reflitam sobre o por que o órgão deveria manter-se neutro quanto às propagandas abusivas, uma vez que a legitimidade da medida está justamente nelas? Bem como seria irrisório que os candidatos do ENEM corrigissem suas próprias redações, por ex, estou convencida de que a autorregulamentação e nada é a mesma coisa. Esses acordos são feito às escuras, defendendo apenas os interesses publicitários capitalistas que ficam por trás de cada musiquinha fácil de decorar da propaganda do danoninho, por ex.

A publicidade infantil e cruel, vil. Se escora nos pilares frágeis da incapacidade de reflexão das crianças sobre suas próprias necessidades. As trata como adultos, porque sabem que a propaganda direcionada aos pais - estes com poder de compra e reflexão - não tem o mesmo efeito.
Como proposta de intervenção, defendo a criação de leis que proíbam a publicidade infantil. Mas, como idealista, defendo uma reforma estrutural na educação do Brasil. Para deixarmos de aprender a sermos meros consumidores, e possamos contar com a educação como primeiro degrau de subida na escada de preparação para o convívio em sociedade. Isso vai além de intervir, mas sugere que não apenas tratemos das consequências dos problemas, mas, principalmente, que reconheçamos as causas deles.

reflexão matinal

Acordei, escrevi tudo que explodiu na cabeça...



Apesar da linha que divide o que a pessoa é, do que queremos que ela seja, ser tênue, a diferença é abissal. Para que os relacionamentos sejam mais saudáveis, eu estive fazendo alguns exercícios de reflexão... (coisa que não ajuda em nada) AHAHHAHAHAHA xiu

Uma coisa é eu gostar da pessoa, outra é eu gostar da maneira com que ela faz eu me sentir. Não dividir isso, pode me tornar numa causadora de dor gratuita. Reconheço a covardia que é despertar no outro um sentimento que não cabe no vão entre você e ele. Mas, por outro lado, nós temos que nos responsabilizar justamente pelas coisas que criamos dentro da nossa cabeça e transformamos em verdade, mas pera, NOSSA verdade. 

Se estamos cientes de que não existe no outro a intensão de nos retribuir gratuitamente o amor que damos, precisamos nos amar a ponto de fazer dessa consciência uma prática. Por um mundo com medos gente depressiva, mau- humorada, mal amada. Talvez a definição dessa expressão esteja justamente aí: ser mal amada pode ser pior do que não ser.

As vezes nos declaramos pra alguém, e quando a pessoa para de agir da maneira como nós queremos que ela aja, retiramos a declaração. (quem nunca?) kkk O foda é que até descobrir isso, esse intervalo pode ser suficiente pra pessoa estar te amando pencas.
É difícil respeitar as pessoas, justamente pq a raiz do respeito é o amor, mas não me refiro à casamento ou amor entre duas pessoas, mas, ao aprendizado constante que é amar. Quando você aprende a amar alguém, respeita inclusive, a vontade dessa pessoa de não estar mais próximo a ti. Eu sei, é doloroso pra cacete, pq nós crescemos num mundo que nos ensinou a posse sobre tudo, inclusive sobre pessoas. Reflexos capitalistas estão presentes em nossas mais tolas ações. E é claro que a reflexão sobre isso até fazemos, mas praticar o amor é disciplina pros sábios, eu particularmente to na busca...rs

Outra coisa que andei pensando - voltando ao relacionamento a dois - é sobre aquele medo tolo de 'não dar certo'. Porra, defina 'não dar certo'? É importante definir o que você quer construir com a pessoa, pq as vezes sofremos feito criança mimadas esperneando por não ter algo tão efêmero quanto uma noite de sexo selvagem, e só. As vezes nos esforçamos para estar com alguém mesmo que a nossa intenção não seja continuar com essa pessoa, por tempo e destino indeterminado. Nos apaixonamos loucamente pela pessoa que nós criamos e acreditamos ser em nossas mentes, sem se quer definirmos o que queremos. 'Dar certo' é se casar pra você? Eu não pretendo me casar, então o meu 'dar certo' passa longe disso.

Todo encontro está fadado à um adeus. Não somos donos um do outro, não compramos as pessoas que amamos - ou achamos que amamos - nas prateleiras do 'humanomercado'.
Se um relacionamento acabar e conseguir deixar as lembranças boas na frente e acima das lembranças ruins, ele - pra mim - já deu certo. Errado é quando mesmos anos após o fim, você ainda alimenta sentimentos ruins pela pessoa que jamais farão mal à outra, se não a ti mesmo. Vai te acumulando lixo emocional, Saporra dá rugas.
Errado não é separar, estar distante, as vezes isso é 'dar certo'. Errado é aprisionar alguém ao seu lado, por ser refém daquela falsa ilusão de que sem a pessoa a felicidade torna-se inalcançável. Sabe aquele lance de cuidar do jardim para que as borboletas venham?  É tipo isso. Não adianta sobrecarregar o outro com a ingrata responsabilidade de te fazer feliz, ela é sua e de mais ninguém.

O válido é estar disposta a aprender e a crescer como pessoa, para que o amor possa ser nosso primeiro degrau de subida na escada que é o começo de qualquer relacionamento, (aliás de qualquer coisa) mas, principalmente os amorosos.

O sofrimento pode sim ser causado pelo outro, mas a escolha de o alimentar ou não, é nossa. Não merecemos perder tanta energia em algo que não nos é saudável. A vida é um oceano de possibilidades, e o mundo é outro, de pessoas interessantes.
Por uma humanidade mais espiritualizada, humanizada, consciente e menos capitalista. Pelo bem. Pelo amor. Por mim, por você, por todos nós: esteja disposta à aprender a amar, plena e verdadeiramente.

Beijos de luz (:

O vasilhame da Schin era grátis


Com dor de cabeça, confundindo carência com saudade
Com esperança no futuro, confundindo sonho com realidade.
A chuva decora a noite, como quem canta baixinho no escuro
E a loucura que me foi tão doce, larguei em cima.do muro
Pra morfar, azedar pra apodrecer
Chega de ser loka, uma hora tenho que amadurecer!
Vontade incontrolável de ser uma mulher normal
Mas este desejo parece ser contra o meu natural...
Estou sentada no canto direito do sofá preto que fica na sacada
Tomando banho de luz do poste de rua, explodindo a cabeça, chateada.
Exaltando a realidade e na verdade
Cobiçando a normalidade.
 Pensando sobre o pensar...
Tentando deixar esse texto tão exaustivo quanto meus pensamentos, e fracassando em assumir
Tentando papear sem grosa e errando na companhia que escolhi...
Estar comigo mesma as vezes é insuportável.
Quero casar, casa comigo? Kkkk

Segundas não inspiram ninguém.

Segundona me inspirando...



Se uma decisão é uma sequência de atitudes, terei eu tomado a decisão de ser fria? Fria não é a palavra, mas, é como se eu sentisse a necessidade de vir varrendo meus erros enquanto tenho como instrumento a vassoura. (Seria essa uma sensação tradiza por dezembro?) Se deixo essa deixa passar, terá de ser com a língua, e sou alérgica à poeira de erros.

Tenho me questionado sobre meu nivel de caráter e sobre a definição do mesmo. Não sou uma pessoa má, embora muitos ao meu redor tenham me interpretado assim. Não sou uma pessoa má, e afirmo isso com a mesma esperança de que o mundo vai melhorar: 0. Não adianta mais falar, nem avisar, o conceito foi formado a partir do que se viveu, e isso não deveria incomodar sei bem quem sou. Você deu aos outros essa liberdade, lari. 'Ela é má'. Caralho, nem bonita eu sou!

Não quero dormir sabendo que fui e sou errada. Minha meta é extinguir as falhas, mesmo sabendo que sou humana. Se bem que as vezes dá um desejo irresistível de ser desejada irresistivelmente. Tipo uma vontade de testar até onde você aguenta sem me atacar?

estar sozinha é diferente de ser sozinha

Eu em casa sabadão a noite, imagina?


Eu já tive uma fase de rolê todo FDS... Mas hoje em dia estou bem mais tranquila, justamente pq eu escolhi não mais ser refém do capitalismo. E isso hoje não mais me incomoda.
Eu aprendi a estar comigo. E pode parecer meio egoísta mas tem hora que eu prefiro mil vezes estar comigo do que estar com qualquer outra pessoa. Por mais que seja tipo o amor da minha vida. Eu prefiro estar só, e isso não significa que seja uma pessoa solitária, pq eu tenho a mim! E porra, se vc não faz de você mesmo sua melhor cia, você não consegue ficar bem em nenhum lugar, nem sozinho dentro de casa e nem rodeado de gente que ama. Pq você não se gosta, não convive consigo... Não se conhece talvez...
Bom, são muitas brisas, mas todas válidas, nem sempre ruins.
E tem aquilo do ruim ser uma atribuição social. O social classifica 'estar em casa sab a noite', como algo ruim. E nem sempre isso é. Nós temos que desconstruir as coisas que fizeram a gente acreditar, é MUITO valioso pra mim, resignificar!
Existir é um sufoco, mas tamae tentando respirar, podepa (:

03:13 - Inveja

Caralho. Dá uma preguiça de encarar aquela ladeira de novo... E quando tá sol? Puta que pariu.
Odeio quando vem algum cachorro latindo pra mim, ou quando estou subindo em zig-zag - na esperança frustrada de aliviar o cansaço - e vem um carro que me obriga a correr pra calçada, desfazendo todo meu desenho no chão.
Não dá pra ter paciência e esperar a vida me ensinar certas fitas. Eu quero saber hoje! A espera não é justa, visto que pessoas mais novas e menos merecedoras não tiveram que esperar. POR QUE?
nunca soube definir ego. Nunca entendi o que significa saporra, mas a verdade é que só existe.isso em mim. Egoísmo. Não admito me sentir inferior em TUDO. Pq na minha cabeça não sou porra!!
Eu quero ter os holofotes em mim, e não pela fragilidade da aparência. Será que ninguém vai conseguir me ver como eu me vejo (nos dias que não chove?) caralho, eu sei que sou foda. Mas é chato só você saber disso.
Estou exausta de esperar reconhecimento. receber o que mereço. Coisas boas, finalmente.
Nem vou mais esperar. A caralha da vida nos obriga a seguir, pq o desgraçado do tempo não espera ninguém amarrar o tênis, pentear o cabelo... Daí que você sai correndo, tropeça no infeliz do cadarço e cai. O mundo ao seu redor ri. E você fica naquela miserável indecisão se forja um machucado pra aliviar o mico ou se entra pro time dos 'sorridentes que levam a vida numa boa' em fração de segundos.
Sai dessa. Meu ovo esquerdo. Eu odeio sentir raiva do passado. Odeio saber que poderia ser bem melhor. Odeio odiar as coisas ao meu redor.

Queria muito acordar sabendo amar, e só.

Reunião com Danielle

Um breve papo sobre sonhos.



Naquela sexta-feira cheguei no Shopping Morumbi antes das oito. Como de costume, tomei café, me uniformizei e maquiei como acordado no contrato de trabalho. (Mentira, incluir a parte da maquiagem na obrigatoriedade do contrato de trabalho, é pressão de escritora, porque escrever é exagerar). 

Mas sim, ante de começar com as atividades administrativas comerciais, eu navegava pela internet, visitei sites variados epa. O dia se estendeu normalmente, ou seja, como manda a norma: dia cheio de trabalho é respectivamente, um dia vazio de vida. 
E as 18:00hrs Daniele me convoca para uma reunião que extraordinariamente teve efeito ‘cereja de bolo’ no meu dia vazio, observem como:

Larissa, vamos na sala de reunião um instante? Convidou Daniele amigavelmente.
Sem responder já peguei meu caderno e fomos pra sala, afinal Daniele era minha supervisora, o que dava a ela o direito de mandar em mim dentro da empresa. 

- Larissa, você é muito inteligente para estudar Sociologia! Daniele exclamou isso com mais certeza que o Silas Malafaia ao falar dos gays. E ali eu comecei a suspeitar que o papo que teríamos nada teria a ver com trabalho, mas com amor. Então, surpresa e sem reação, eu deixei ela falar¹.

- Essa noite eu quase não dormi de tão preocupada que estou com você! Onde já se viu uma jovem de 21 anos, bonita e inteligente estudando Sociologia? Francamente Larissa! Olha, eu andei pesquisando no site o horário de entrada na FESP, e saindo daqui do Morumbi ás 18, você não vai conseguir chegar na República às 19. Tomei a liberdade de te falar isso, porque estou realmente preocupada com você. Você é bem mais inteligente e pró-ativa que as meninas que já trabalharam comigo nos últimos anos, tem uma boa bagagem, sabe escrever, tem boa oratória, e não pode jogar tudo isso fora estudando Sociologia. Quero que me entenda, eu sou mais velha, mais experiente que você, e também já fui jovem. Olha, na sua idade meu sonho era ser veterinária, mas eu já trabalhava com transportes e precisava ajudar minha família com as despesas de casa. Depois que tive meu filho este sonho ficou mais distante ainda, queria muito poder realizar este sonho, mas a vida não é feita de sonhos Larissa. Eu tive que assumir que a realidade exigia de mim responsabilidade, e sem contar o dinheiro né? Porque né, sejamos sinceras, você não vai ter um bom salário se formando neste curso, como vai comprar sua casinha, e seu carrinho? Hoje eu não sou veterinária mas tenho um bom salário aqui na empresa, me formei em administração e me esforcei muito para chegar onde estou. Olha, (ela estendeu um papel com uma planilha de comparação de custos) aqui eu pesquisei pra você alguns cursos que tem mais a ver com seu perfil profissional, na FGV tem uns cursos onlines que custam bem menos do que a mensalidade da FESP. Fora que estamos falando de FGV né? Veja este de R$ 345,00 mensais, e com uma formação na área de negócios, suas oportunidades de crescimento dentro da empresa serão ampliadas. Fora que um curso online vc faz em casa, sentadinha jantando, uma horinha por noite, terá mais tempo para descansar pq eu sei que a empresa cansa a gente. Não precisa me responder hoje, quero que pense em você e no seu futuro.

Algumas observações indispensáveis antes da minha resposta:
1-Eu não sei como diabos Daniele achou que estava no direito de ultrapassar o limite do profissional pro pessoal.
2-Eu não sei como diabos Daniele sabia onde eu estudava, que horário eu entrava e quanto eu pagava. 
3-Eu não sei como diabos Daniele não foi agredida na face por mim. 
Agora vamos a minha – inacreditavelmente racional – resposta²:

Daniele, você já pensou no dia da sua morte? Eu tenho 21 e todos os dias quando acordo eu penso no dia da minha morte. Tento imaginar como será meu rosto visto por aquele vidrinho do caixão, tentando adivinhar quem vai estar presente e quantos choros serão sinceros... Você me olhando com essa cara deve mesmo estar se perguntando porque uma jovem de 21 anos pensa todo dia na sua própria morte, e eu te respondo, calma. Não existe experiência mais útil a todos nós (vivos) do que presenciar a morte de alguém que amamos. Você pode olhar a efemeridade da vida nos olhos, a forma como ela é frágil e banal fica nitidamente visível quando você presencia a morte de alguém que ama. Daniele, eu não sei se amanhã acordarei viva, e é por isso que estudo Sociologia. Daniele, você já parou para pensar que as suas metas de vida, podem não ser as metas de todas as outras pessoas que no mundo habitam? Por exemplo, você sonhar com estabilidade financeira, bom emprego, casa própria, carro e família padronizada, não significa que necessariamente que todas as outras pessoas do mundo sonharão com isso também. Primeiro porque esta não é uma meta sua, mas do capitalismo, que fez você acreditar que seja produto de sua própria criação, aquilo que lhe foi imposto do exterior. Por isso estudo Sociologia. Daniele, você já parou para pensar que eu Larissa, não quero “chegar aonde você está”. Por isso estudo Sociologia. Eu uso este emprego como trampolim, e não me amedronto em ti falar isso, primeiro pq este papo não é entre empregada e empregadora, e segundo porque “perder” este emprego pra mim não significa perda. Por isso estudo Sociologia. Quando fiz a escolha de seguir o meu coração em todos os aspectos da minha vida, eu fiz consciente de que eu estaria comprando uma briga com o mundo ao meu redor, mas não há guerra para quem esta em paz. Por isso estudo Sociologia. Entender como o sistema transforma mulheres jovens cheias de sonhos em robôs consumistas. Por isso estudo sociologia. Mas estudo principalmente porque não quero chegar na sua idade frustrada como você, com saudades da jovialidade que fazia morada em meus sonhos, olhando pro meu passado com pena de mim mesmo por não ter tido a força para agir com coragem. Daniele, sobreviver num mundo que devora seus sonhos antes mesmo de você lapidá-los, qualquer um consegue, mas EXISTIR neste mesmo mundo é tarefa pros fortes. Por isso estudo Sociologia, porque não nasci para passar pela vida, mas sim para vivê-la. Posso envelhecer como você, mas não deixarei meus sonhos envelhecerem junto comigo, por isso estudo sociologia! 

Depois disso ela fez alguns questionamentos inúteis e saímos da sala, ambas assustadas com o abismo diferencial ideológico que separava aqueles centímetros da baia. 

¹Juro pelo meu cabelo afro que estou sendo fiel as palavras que Daniele usou naquela tarde, e, embora pareça piada, ela as usou mesmo amiguinh@s!
²Juro pelo meu cabelo afro que estou sendo fiel as palavras que usei naquela tarde, posso ter falhado na ordem e óbvio na organização, mas eu as usei amiguinh@s!