terça-feira, 30 de junho de 2015

perda

Aqueles foram meus passos mais longos, fiquei surda por alguns minutos, quis vomitar meus órgãos todos... estava pesada, minha cabeça carregava um peso. Mergulhei dentro de mim aproveitando a chuva que molhou minhas pernas, não deu nem pra sentir frio... 
Parece que foi ontem... meu chão abriu e permaneci em queda livre por uma cota...o vento gelado que batia na minha pele enquanto eu caia, era de tamanha violência que me rasgou...

Eu só queria esperar aquela sensação passar... 

Resistir é a capacidade de se manter de pé perante as adversidades da vida. Estou me fortalecendo de novo. E estou feliz em ter nascido para resistir. 

ônibus, sono e sonhos

Não há maneira certa de descrever uma angustia, seja ela qual for.

A forma como somos moldados e adestrados às metas capitalistas, nos nega um direito básico: o direito de existir numa vida que supostamente nos é única! Isso é pesado, e queria eu ter a habilidade de descrever o quanto isso é pesado. 

Um dos primeiros passos para diminuir a pobreza e o vazio da nossa rotina é entender o porque das coisas. O foda é que quando vc se dispõe a compreender o mundo ao seu redor, assina um contrato de prazo eterno com a angustia. 

Como entender o por que das coisas? Questionando. Questionando a escola. O trabalho. A família. A crença. A si mesmo. Pergunte-se, pra que eu faço x coisa? E será mesmo que há a necessidade deu fazer essa x coisa? Inclusive questionar o questionar...rs
Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante, e quando vc passa a questionar sua mais tola ação, percebe que assustadoramente muitas das coisas que fazemos não tem sentido. 

Desde os primeiros segundos de vida, somos apresentados a um mundo já pronto. Em pleno funcionamento. Um mundo que não vai pedir sua opinião sobre como ele deve funcionar, agora que vc existe. Foda-se! Você é mais um numero. Adequar-se é tudo que te resta. "Na infância você chora, te colocam em frente da TV. Trocando suas raízes por um modo artificial de se viver". Desde cedo somos adestrados a querer alcançar as metas que o capitalismo define e impõe como “metas de vida”. Vivemos num mundo onde é aceito pacificamente que assassinemos nossos sonhos em troca de um conceito vácuo de “felicidade”. 

Pense! Pra que nasce um homem, uma mulher? - Pra estudar até conseguir um bom emprego, um nível de consumo regular, formar família, conquistar bens materiais travestidos de “vitória”, ter um canto onde “cair morto” e meia dúzia de comovidos para ir ao seu enterro! É pra isso que nascemos? Pra assistir nossa vida passar perante nossos olhos, pra sobreviver e não viver? Mesmo que isso te custe uma vida vazia de si mesmo. Vazia de sentido e de tempo. Vazia em essência e utilidade. Vazia de verdade. Uma vida vazia de vida. 

Me nego a crer que Deus nos criou para que trabalhássemos das 8 as 18 de segunda a sexta, e estudássemos coisas que jamais nos serão úteis na vida, para que estejamos dentro de um padrão de vida estabelecido pelo sistema. Essa felicidade empacotada nos é imposta. E eu a rejeito por ser o que o capitalismo chama de “ser feliz” não o que eu sinto que seja. Rejeito por que essas não são as metas da minha vida. 

Onde já se viu vivermos em paz num mundo que decide quem pode ou não sonhar? Somos pressionados por todos os lados a “ser alguém”, mas, o que é ser alguém? Estou exausta dessa necessidade de escolhermos uma profissão que dê dinheiro, para que no futuro possamos descobrir nossa real vocação, para que finalmente aos 50 anos, possamos começar a viver para nós mesmos, atendendo aos nossos próprios desejos. 

Me nego a crer que nascemos para seguir regras que nos adestra e diminui. O amor é o princípio de nossa existência e sua única finalidade, me nego a contrariar isso...

sobre a família - osho


este texto não é meu, mas poderia

A família é a raiz de toda nossa neurose. Temos que entender a estrutura psicológica da família o que faz a consciência humana. A primeira coisa é: ela condiciona a criança a uma determinada ideologia religiosa, dogma político, alguma filosofia, alguma teologia. E a criança é tão inocente, tão consentida e tão vulnerável, que ela pode ser explorada. Ela ainda não pode dizer não, e mesmo se ela pudesse dizer não, ela não diria isso, porque ela é totalmente dependente da família, absolutamente dependente. Ela é tão impotente que ela tem que concordar com a família, com tudo de absurdo que a familia quer que ela concorde.  
A família não ajuda a criança a perguntar, ela dá crenças e crenças são venenos. Uma vez que a criança fica sobrecarregada com as crenças sua pergunta é mutilada, paralisada, suas asas são cortadas. No momento em que ela é capaz de questionar ela vai estar tão condicionada que irá se mover em todas as investigações com um certo preconceito – e com um preconceito que a sua pergunta não é autêntica. Você já esta levando a uma conclusão a priori; você esta simplesmente a procura de provas para apoiar a sua conclusão inconsciente. Você se torna incapaz de descobrir a verdade.

Toda criança vem com o potencial de atingir a consciência suprema, para descobrir a verdade, viver uma vida de felicidade. Mas a família destrói todas essas dimensões, isso a torna totalmente plana...
Cada criança, vem com uma enorme inteligência, mas a família a deixa medíocre, porque viver com uma criança inteligente é problemático. Ela duvida, ela é cética, ela pergunta, ela é desobediente, ela é rebelde – e a família quer alguém que seja obediente, pronta pra seguir, imitar. Por isso, desde o inicio a semente da inteligência tem que ser destruída, quase completamente queimada, para que não haja possibilidade de qualquer brotos sair dela. 

Osho. 


cabeça de porco

Os caras vão reduzir a maioridade penal
e que nos resta? É aguardar o inevitável colapso do sistema prisional
Com menó na cadeia acham que reduzem a violência...
Mas fortalecem o crime e dão lucro pra engravatado sem competência
4 maior população carcerária do mundo!!!
40% aguardando julgamento de juízes imundos
ninguém sabe se são culpados ou não
a única coisa que interessa é o encarceramento da população.
Os pretos correspondem a 70%!!!!
Maioria na cadeira e minoria na faculdade pra causar tormento
E a massa? se negando a usar a mente
formando suas rasas opiniões, com base em Datena e Marcelo Rezende...

CABEÇA DE PORCO!

prece

Me molda,
me conserta, eu quebrei
me lapida e me prepara
eu chorei 
Me faça ser o que vim ser
essa é a hora
meu peito esta aberto em chamas
chegue com a cura, agora
estanque essa hemorragia 
Faça esse curativo que eu prometo que cuido de mim 
por mim, por todos ao meu redor
me ajude a me melhorar



sexta-feira, 12 de junho de 2015

vocês militam, nóis resiste para existir


Militância de quebrada é ir pras ideia no enquadro, e não vomitar dados estatísticos sobre nosso extermínio na praça rossevelt bebendo rainiki...

Militância de quebrada é gritar os vizinhos pro marido parar de bater, não deixar os pêlo do suvaco crescer pra pegar o metrô da linha amarela do Butantã pra pinheiros exibindo a 'luta'.

Militância de quebrada é acordar as 4 da manhã, conseguir entrar no trem da linha 7 rubi as 6 e chegar ~atrasada~ no trabalho às 9, e não desfrutar das ciclovia que foru instalada no centrão pra chegar na biblioteca e ler sobre a mais valia.

Uma solução econômica, prática? Pega seu elitismo, junta com suas oportunidade e tenta entender minha sátira? É. Ficou difícil. É que não escrevo pra vc e seus amigo patrício!!!

quarta-feira, 10 de junho de 2015

moça

Com 15 decidiu sair da escola, 
mas isso não significa para de estudar
e como fugir deste ciclo que esfola
a mente de quem foi treinada pra comprar?

Rejeita essa felicidade empacotada
Estudar pra trabalhar, trabalhar pra consumir
E como dizer que ela está errada?
Num sistema que impede nossos sonhos de existir...

O clássico dilema entre o que quer e o que precisa
Condição social que determina até seu humor
Desiste dessa guerra assistida
Suplica apenas ao seu Senhor que envelheça sem dor

Por favor...

Apropriação cultural

Apropriação é quando todo mundo pode usar algo que define a sua identidade sem sofrer criticas ou represálias e você não. (Aline Djokic)

Porque branca de turbante é “close”, mas preta de turbante é “macumbeira”. Porque patrício branquinho de condomínio fazendo “RAP” é cultura de rua, mas preto favelado fazendo RAP é bandido. Porque preta dançando funk quer “aparecer” quer “dar”, e branca dançando é arte contemporânea. Até quando?  

dispenso legendas

Vi muitas polêmicas envolvendo o fato de brancas usarem turbantes. Muita discussão e muita picuinha. Porém, creio que seja extremamente importante que – apesar do ódio, da dor e da revolta que dá – as pretas consigam se fazer entender. E pra que nos entendam, não podemos atacar. Que militância é essa que sai ferindo os ignorantes? Que tipo de sociedade você luta pra construir? Quando digo que não devemos atacar, insisto que devemos ser didáticas. Se você quer que uma criança entenda algo, não vai ajudar muito xinga-la de burra. Com as brancas funciona da mesma maneira. kk  (Essa analogia não deveria parecer ofensiva, não me refiro as brancas como crianças, mas como pessoas que por vezes NÃO COMPREENDEM a luta do povo preto e suas parti ) Sejamos didáticas. Por um mundo onde quem não tem acesso ao conhecimento, possa ter. Sejamos didáticas para que nossa luta não seja tão mal interpretada como esta sendo. Sejamos didáticas para que nos entendam e respeite. Sejamos didáticas porque ninguém nasceu sabendo. Sejamos didáticas pois, antes de termos acesso a internet, a maioria era coxinha e nem sabia...

Sei que existem pretas que defendem o empoderamento só das pretas, mas eu não sou uma delas, então, vou tentar explicar: 

Muitas brancas dirão que o turbante é utilizado em muitos países além dos países africanos, mas no Brasil a utilização de turbantes tem influência da cultura africana. Ponto.  Quando as brancas utilizam turbantes com estampas africanas comprados na mão dos Senegalenses e Angolanos na praça da república em dia de sábado, elas não o fazem para remeter a outra cultura que não a Africana. E isso é um elemento que define identidade. 
Logo, quando uma preta se levanta pra apontar casos de APROPRIAÇÃO DA CULTURA NEGRA - como a utilização de turbantes - não estamos esperando que vocês brancas, parem de usar turbantes ou coisa do tipo, a luta vai muito além desses perrequinhos e existem pautas muito mais emergentes do que o sonho utópico e risível das branca querendo ser preta ~~porque agora é tendência~~. Mas, ao manifestarmos nosso repúdio à apropriação, esperamos que apesar de gostarem, se identificarem ou se comoverem com a NOSSA luta, reconheçam que ela NÃO É SUA, e nos respeite. Quando criticamos a apropriação indevida dos símbolos culturais de uma determinada etnia, estamos defendendo a preservação de elementos que definem nossa identidade. O uso do turbante tem vários significados além da estética. Pra nós, mulheres negras herdeiras da cultura afro, turbante é o símbolo da nossa história, a valorização da nossa beleza (que é negada e invisibilizada), é o resgate da nossa ancestralidade e principalmente a valorização da nossa cultura. Portanto, turbante é mais do que estética, beleza, tendência ou moda. É o reconhecimento cultural e histórico do negro no Brasil. E é só isso que vocês precisam saber. Quer usar turbante? Use amada, mas SAIBA o que isso significa e a quem remete. 
Homenagear meus antepassados usando turbante todo mundo quer, mas e ser pregada num tronco e receber chibatadas por horas? Ou ser estuprada por português colonizador? Ter seu corpo coisificado e hiper sexualizado? Sofrer racismo, que tal? 

Não gosto de escrever atacando, mas é muito revoltante. Eu passei a vida toda com meu cabelo sendo “ruim”, “zuado”, “digno de alisamento”, pra assistir a estética negra virar tendência? Moda? Porque hoje em dia ser pretx é lindo, estiloso, cool? Poupem-me.

E aquele discursinho de que “RAP é pra todos”, “RAP é liberdade de expressão e todos tem o direito de se expressarem”? Vish, eu repudio e explico o porque: Esse discurso é da família daqueles outros, “oportunidade é pra todos” “universidade é pra todos” e blá blá blá meritocracia meucu. O discurso de que todo mundo pode é lindo, quase me convence, se não fosse pelo fato dele atropelar e se apropriar da luta e da história de quem a vive. Esse lance de internacionalizar a cultura negra é uma armadilha do sistema branco pra descaracterizar a cultura a ponto de degradação. Esbranquiçar a sociedade. Branco pode fazer RAP? claro que pode. Mas coloque-se no seu lugar. Não foi isso que sempre fomos obrigados a ouvir de vocês? “coloque-se no seu lugar”? Então por que ouvir o mesmo de nós, lhe soa estranho? Oras. Reconheça que você ta fazendo musica de pretx, de resistência do povo preto, respeite as raízes e as origens do bang, e antes de pensar nos flow, tenha algo a dizer...

“Não precisa ser preto para lutar contra o racismo”. Claro que não precisa. 
Da mesma maneira que não preciso ser lésbica para lutar contra a homofobia: Basta reconhecer meus privilégios enquanto heterossexual, e saber que por isso não sofro homofobia, e portanto, quando uma lésbica for falar sobre o preconceito que ELA sofre por isso: EU TENHO QUE CALAR A MINHA BOCA E OUVIR ao invés de se apropriar de uma luta que não é minha e tentar roubar local de fala e protagonismo nos espaços. E nem pensar em dizer: “mas eu tenho um amigo gay”. 

Sigam a lógica, reconheçam seus privilégios enquanto brancxs e somem na luta de uma maneira bem simples: calando a boca. 

O lance é que eu enquanto mulher preta e periférica que ouve RAP – e isso não inclui raicas – desde os 12, jamais vou me omitir ao ver o preto perdendo o protagonismo num movimento que até ~ser preto virar tendencia~ era de “bandido”. E perdendo o protagonismo pra branco!!!!!! PQP. 

Mais respeito significa concomitantemente preservação dos dente, e a militância não deveria ser uma competição para saber quem é mais oprimido! 

#ficadica 

Por que sou preta?

"Mas você não é preta, Larissa." Ouço isso até hoje. 

“Tirou sarro de mim, e pelas costas e do meu nome,  que eu sou branco demais pra ser Criolo, e veja onde? Maaaaaaano, que isso continue até quando? Porque eu já fui preto demais até pra trabalhar num banco. Hipocrisia no mundo eu já sabia é mundano, mas essas coisa no meio do RAP ahhh vai toma no... maaaaaaano!”

Reflito e sinto pena, daquela preta ingênua, que aceita ser chamada de mulata ou morena.


Primeira coisa, você já viu branco ser chamado de “sinônimos” pra branco? Por ex. Clarinho, branquinho, amarelinho, transparente, etc? Não. Branco é branco e fim. Então por que a raça negra é dividida numa aquarela de cores? Segundo elxs eu não sou preta, sou morena, parda, mulatinha, escurinha, caboclinha, menos preta. Por que ser preta é “feio” “forte” e “pesado”. SÓ QUE NÃO.

Segunda coisa, não há nada de errado em ser preta. (jura Lari? Kk) Enquanto o mundo ao nosso redor tiver “receio” de aceitar nossa raça, criando novos termos pra camuflar preconceito, permaneceremos estacionados nessa escravidão moderna. 

Terceira coisa, se auto afirmar como preta, não tem absolutamente nada a ver com vitimismo. Tem a ver com a luta do povo preto, é bem diferente. Quando eu digo que sou preta, não estou esperando que as pessoas tenham “dó” de mim por isso. Primeiro porque isso – nem nada – é motivo pra se ter dó de alguém, e segundo porque ser preta tinha que ser algo absolutamente indiferente. Mas como não é, me afirmo preta para que um dia seja. Me afirmo preta para que as pessoas ao meu redor, aceitem, lidem e respeitem minha raça, logo, quando x pretx se auto afirma como tal, quebramos um grande estigma da sociedade atual: SER PRETA JÁ NÃO É MAIS MOTIVO DE VERGONHA, MAS DE ORGULHO. 

Me incomodo quando me dizem que sou branca, primeiro porque não sou, e segundo porque com a frequência que ouço isso, atesto o quão o racismo é estrutural, existe, funciona e precisa ser combatido. Engraçado que quando estou numa entrevista de emprego disputando a vaga com a branca lora – inclusive com menos currículo que eu – eu não sou vista como branca. Engraçado que quando eu entro no transporte público usando um turbante, as pessoas não me olham como se eu fosse branca. Engraçado que num enquadro a feminina não me tratou como branca, quando se referiu a nós como “bando de macacas”. Engraçado que quando vou na cabeleireira e recebo “dicas de como ficar linda fazendo uma progressiva no cabelo”, eu não sou branca. Engraçado que quando eu chego na faculdade e olhares me reprovam, eu não sou branca. Engraçado que quando entro no shopping Morumbi e vejo inquisidores no cio, eu não sou branca. Mas, “preta não sou.” POR QUE? 

O racismo varia de acordo com a tonalidade da pele, quanto mais pretx for, mais oprimidx é. Eu reconheço que sou preta com a pele mais clara, mas isso não faz de mim uma branca, caralho. Ter a pele mais clara não me isenta de sofrer racismo! Sei me colocar nos espaços respeitando sempre as pessoas com pele mais escura que a minha. Sobre o racismo que elxs sofrem eu não tenho legitimidade pra falar, por isso fico na minha. E seria tão bacana que brancas e brancos fizessem o mesmo quando vierem discutir MINHA cor COMIGO. Por que sabe? Apesar de não precisar de aprovação de branco pra ser preta, me incomodo. (rs)

Se eu sou branca, como vocês explicam o formato do meu nariz com a textura do meu cabelo? Eu sou consequência de uma miscigenação forçada, nossa mãe África foi estuprada! 
Não me admira que vocês não saibam um pouco mais sobre a história do Brasil, uma vez que o ensino é eurocêntrico, passamos a vida escolar inteirinha estudando a Europa, a história da Europa, os caras da Europa, os branco da Europa. E do Brasil? O que sabemos? Que Cabral o descobriu e fim. SÓ QUE NÃO². 
Europeus estupravam as pretas escravas na época da escravidão. Porque não basta ser escrava, mulher e preta, tem que ser estuprada também. E como vc acha que nascia x filhx? Branquinhx do olho verde e cabelo liso? 

Então não vem me dizer que sou branca. Nem me dizer que não sou preta, sou “mulata” (Palavra de origem espanhola, feminina de "mulato", "mulo" - animal íbrido, resultado do cruzamento de cavalo com jumenta ou jumento com égua). As palavras "mulato" e "mulata" foram usadas de forma pejorativa para os filhos mestiços das escravas que coabitaram com os seus senhores brancos e deles tiveram filhos. 

Então não vem dizer que “racismo é coisa da minha cabeça” Então, poupe-me da sua ignorância. 

neguin



O dono da plantação de coca ninguém viu
mas o menó que trampa na loja misteriosamente sumiu
Era uma tarde linda de quarta-feira
eu tinha achado vinte conto pra gastar com besteira
Dobrei a esquina, logo um carro da civil
apertado no porta-malas ele ainda sorriu
Sorriu da própria tragédia 
sem trégua...
Papo de três minutos e seu destino foi irrevogavelmente traçado
Pro delegado eterno presidiário, embaçado...
O japa que o interrogava parou pra fitar meus peito
Respeito? 
Nu ta tenu. Nem pela vida, quem dirá pela morte. 
Pensamentos fortes!
pensamentos invadiram minha mente, violentamente.
pensei em tudo que defendo e prego, veementemente. 
Pensei na faculdade e o inevitável deslumbre. 
pensei nos patrício e a solução virou vislumbre.
Pensei na polícia enquanto instituição fascista
e no policial enquanto cidadão racista
pensei na expressão da mãe ao receber a ligação
pensei nas drogas e no dono da plantação
Pensei mais milhares de coisas, que não couberam somente na minha mente, e transbordaram pelos meus olhos
exalaram pelos meus poros...
Não só pensei, mas concluí, ali, a minha inutilidade
completamente incapaz, me restou assistir os menino na atividade
 Questionei a mim mesma na transparência: 
“Iae Lari, de que vale toda essa consciência?”

domingo, 7 de junho de 2015

Por que não sou Cristã?

Da mesma maneira que espero que um Cristão saiba responder o POR QUE é cristão, eu vou tentar aqui, responder por que não sou. Questionei a mim mesma sobre isso na transparência, e as respostas que encontrei tentei sintetizar aí.  


Me entristece pensar em como o cristianismo esta descaracterizado justamente pelos que se julgam cristãos, mas vivem reproduzindo e pregando irracionalmente uma coisa tão babilônica como o fanatismo. Cura gay, perfume com o cheiro de Jesus, vassoura ungida por x mil reais, canais de televisão, réplica do templo de Salomão e toda essa sujeira. Sim, pq não existe palavra mais cabível do que esta: SUJEIRA. E no fundo, essa incomodação com o fato dos caras venderem deus, poderia até ser menor, SE eu não acreditasse nele e se não me soasse tão absurdo tudo isso. 

Por acreditar que somos espíritos, eu admiro toda crença e penso que há em toda uma saída, mas, assumo que quando qualquer pessoa tenta introduzir o assunto Deus, Jesus, Salvação e pá, já é repelida por pré-conceitos que ainda tenho sobre o cristianismo. Também não é pra menos: Quem mais se dedica na missão de abastecer os discursos rasos que formam o censo comum sobre o cristianismo são os próprios ditos “cristãos”. 

Desde pequena a imposição religiosa que recebi foi Cristã. Digo imposição porque pra começo de conversa, levar as crianças na igreja contra a vontade das mesmas, está longe de ser “orientação religiosa”. Criança não entende, engole. E como que um tema como este, discutido atemporalmente por todo tipo de QI, pode ser compreendido de forma libertadora por uma criança? para. 

O principal método de captação de fiei$ é pelo medo e ameaça. Você não crê em Deus ciente de que fez uma escolha racional de depositar sua fé no que possivelmente dá sentido a sua existência e alivia suas angustias das banais às complexas. Você não crê em Deus por ter encontrado dentro de si – e na igreja - motivos para. Você crê porque não há opções. Qual opção a igreja te dá? Ou crê ou vai pro "inferno". Ahhhh o "inferno" kkkkkkk.
Tem que crer porque se não, vai queimar no fogo do tal inferno com o capiroto comendo seu cu com areia. Crê porque teme não ser “salvo”. Crê porque ta desesperado. Desempregado, com nome sujo, família pra criar, emocional abalado, capitalismo, aluguel, babilônia. 
Eu não me lembro de uma única vez que eu me dirigi a igreja sem estar guiada pelo medo perturbador do tal inferno. Concluí que essa orientação religiosa violenta e nada cristã , mais me afastou do Cristianismo do que meus próprios questionamentos e afrontas à Deus. Uma instituição que era pra unir as pessoas e ser útil em aliviar seus desesperos, se apoiar na fragilidade social, política, econômica, mental, emocional E AINDA espiritual de seus fiéis? É esse o tipo de cristianismo que vocês querem construir? E ainda tem a ousadia de me chamar pra colaborar com isso? HAHAHAHAHHAHAHA

Me incomoda. Me incomoda em pensar que não fui a única que me sentiu assim ao frequentar igreja evangélica. E mais ainda em pensar que talvez fui parte das poucas, que conseguiram se livrar de uma vida frustrada pela fé cega e acorrentada ao medo. Doutrinação que nos impede de crescer, dogmas e crenças que nos limitam. Minha ideia de Deus é tão diferente hoje em dia... e damos graças-não-cristãs por isso. 

Enganam-se os que pensam que estou enfeitiçada por aquela clássica ideia acadêmica – principalmente de quem cursa humanas – de que ser cristão e pensante são coisas incompatíveis. Aquele discursinho arrogante que supõe que por ser cristão, você automaticamente não tem metade do cérebro. Aquela ideinha babaca de que pra ser um intelectual é preciso ser ateu, ou pelo menos não ser cristão. 

NÃO amiguinhxs!!! Eu definitivamente não estou sendo movida a discurso de patrício-branco-barbinha-Marx-oclinhos-Raul-que-leu-Nietzsche-e-virou-ateu. Rejeito esses padrões academicistas e me reservo ao direito de construir minhas ideologias de dentro pra fora...hehe

Estou sendo movida por minha inquietação com a banalização geral, de tudo que nos cerca. Banalizamos a crença, a morte, a vida, o tempo, a música, o legado de um mano pique Cristo, tudo... banalizamos tudo. 
Penso que Cristo não deve estar se sentindo muito representado por esses cristãos... Inclusive Cristo, nem ouse em voltar agora viu amado, seus “seguidores” clamam por um replay de sua crucificação. Clamam quando defendem a cura gay, a redução da idade penal, a pena de morte, etc, etc etc... 

Enganam-se os que pensam que quando eu questiono suas crenças, tenho como objetivo fazê-los parar de crer. Minha meta é apenas alertar as pessoas sobre a fé cega. Aquelas...rs mas é sério, a coisa tá feia e alguém precisa se mexer, mesmo que seja eu na minha pequenez, insignificância e pequeno poder de alcance. Uma fé que se constrói pelo medo e não por Amor - que diga-se de passagem, deveria ser a única religião existente. 

O que quero dizer é que vocês podem crer em Deus, sim, mas isso não precisa ser tão pesado como não crer. A quantas anda a fé em Cristo de um dito "cristão" que compra uma caneta ungida pra dar sorte no vestibular? kkkkkkk e aqueles que pagam 100 conto por uma oração na porta da IURD? kkkkkkk tadinhos gente, até eu cética como ando to menos desesperada. 
Quando eu ironizo, critico ou satirizo um cristão, espero que ele esteja racionalmente convicto sobre sua crença, não que a abandone. Espero que ele saiba porquê e para que crê naquilo. Espero que ele me diga que a fé o libertou e não o acorrentou. Acredito numa fé fundada na liberdade de escolher crer naquilo, e não na obrigação de crer naquilo. Livre arbítrio, Amor, essas fita que cêis preaga, tá ligadx? 

Muito tempo convivendo com Cristãos que curtem a página “admiradores da Rota” no facebook, compartilham memes do Silas Malafaia, e tempo de menos conhecendo verdadeiros Cristãos. Dois. Conheci dois manos que pensam sobre sua crença. Sinto como se todo o resto fosse vítima de um sistema que manipula as pessoas se apoiando em fatores óbvios como analfabetismo, baixa escolaridade e renda, desemprego, filho pra criar, emocional abalado, etc etc etc... pergunto de novo: É um cristianismo que se apoia na fraqueza dos oprimidos pra se erguer, que vocês querem construir? Hm... 

é por isso que quando os pastô fazia aquelas apelação no final do culto berrando algo que me soava como "aceite Jesus ou morra", me dava vontade de responder: HOJE NÃO FARO!

Sinceramente? eu não sou cristã, simplesmente porque nunca recebi uma orientação sobre o cristianismo que me fizesse QUERER ser cristã. (mentira tem uma pá de motivos, mas sim...) nunca recebi orientação que me fizesse não ter vergonha de me assumir cristã. Orientação que me elucidasse e não me amedrontasse e me fizesse pegar birra. Agora a gente cai naquela velha historinha de que “basta querer” “vai pesquisar” “só depende de você”. E não, não posso ignorar a maneira brutal com que fui apresentada ao cristianismo e simplesmente me tornar “cristã por mérito próprio”. Primeiro pq já não quero, segundo que primeiro. 

Agora, enquanto cristãos que amam e blá blá, convido vocês a refletirem e contarem aí : quantas as “almas foram perdidas para Jesus”, por causa da ignorância, da intolerância, do fanatismo e do discurso de ódio de vocês mesmos?

é alma pra porra, séloko. 

sábado, 6 de junho de 2015

resquícios


Na garage os material da construção
No coração a sensação de fracasso
O meno caiu da moto pro chão
Mais uma dona Maria correu pro abraço
  
Multa nos busão e nos mercadinho
Culpa no canhão e dedo no gatilho
Pombas brancas sujas se sangue
Boiam nenhum mar de estrume dessa gangue


A quadra da escola é o vício que te afasta do precipício

De dentro da lotação lotada, vejo uma preta gostosa por o lixo 
Nessa falta de justiça o que não falta é egoísmo
De uma gente que só se aflige com cadáver branco rico
Nossa morte não fede igual a sua, pq não somos podres como vocês

Na ignorância mora uma força com poder destrutível 
Força essa que no peito sangra, a dor de uma mãe é irredutível 
que no momento de esperança confere se o filho ainda ta vivo
Pedreiros e domésticas, o que cêis tem com isso? 
Somos nóis que jamais vamo ce bem quisto 
E a consequência disso? 
Pobres que comemoram nas ruas o que recebemos de vcs: 
resquícios. 

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Pior não é morrer, é não viver e ter que respirar


A prova de que me acho uma pessoa diferente da maioria ao meu redor, é este blog. Não seu conteúdo, mas a ousadia de tê-lo criado. Escritos meus, rá, bela bosta! Quem sou eu? E com quem colaboro? Nem comigo. Reclamações, críticas e reflexões idênticas. Solução é utopia. A cada dia que passa fortaleço a certeza de que já era. Já era. Não tem mais o que fazer, apenas esperar a morte. Meus olhos enxergam o caos seja qual for a direção que eu os guiar. QUALQUER UMA.  



Aquele lance de comparar, sabe? Sempre tive enormes dificuldades de socializar. Puta merda, não aprendi ainda. Gosto de me sentir a vontade onde eu for, e quando não me sinto, me retiro. Odeio a sensação de que olhares desconhecidos estão me reprovando. Inquisitores no cio me cercam. Odeio me sentir ridícula, desavisada e invasiva. Pra que continuar a frequentar lugares que me trazem essas sensações? Tipo minha própria casa? rs É tão insuportável aquele silencio mantido pelos membros de uma “família” pra tentar disfarçar o caos no qual ela está submersa. A primeira regra dessa casa é todo mundo fingindo direitinho que esta tudo bem. Sempre que penso em dizer que estou exausta, sou reprovada por mim mesma em pensamento. “Primeiro que se vc realmente estivesse exausta, não ficaria escrevendo textinhos inúteis sobre, Larissa” E segundo que se estivesse, faria algo pra mudar”.  Volto naquela certeza que já era e mergulho no meu conformismo que eu sei que é corrosivo. E de que adianta eu saber? Se morrerei afogada nesse mar? Preferiria a ignorância. Pra que pensar tanto, em tudo? Pra que me incomodar tanto, com tudo? Pra que estar inquieta com a realidade as 24 horas do dia? 

Não podemos viver a vida dos outros por eles. O tempo que temos para cuidar da nossa já me parece bem insuficiente. As vezes eu esqueço de mim, pq o problema alheio parece tão menor. Ignoro os meus, e os atropelo com meu camburão de inércia. Nada de solidariedade, altruísmo e papinho bonito, a fita aqui é fuga. Egoísmo e fuga. Quanto mais tento ser uma pessoa melhor, mais enxergo minha própria pequenez, mas não tão pequena pra caber tanta podridão. Nunca fui de ”deixar as coisas pra lá”, mas faz uns três anos que eu abandonei. Me abandonei. Trago uma mágoa gigante na mala que arrasto todo dia, as consequências são sentidas pela alma. Dor nas costas dá na alma. 

Imobilismo, as vezes sinto que estou sob o efeito de uma substancia poderosa, que me deixa mexer apenas os olhos. As vezes vejo minha vida de um olho mágico de porta de apartamento. Observo ela se desfazer na segurança de nunca abrir a porta. “...é como se eu ficasse aqui nesse cantinho, vendo o mundo girar num erro abusivo...” Numa existência que me permite mexer apenas os olhos para assistir minha própria tragédia, preferiria a cegueira. Parece que todas as soluções são mais problemáticas que os próprios problemas. As vezes sinto que sempre sei o certo a ser feito. Na hora de tomar qualquer decisão era pra eu trazer o mantra “Isso vai te ajudar a ser quem você quer ser?” Mas como a maioria das coisas que faço, não ajudam, eu nem me faço esse questionamento pra  evitar a fadiga. A depressão fadigada. rs 
É legal achar maneiras de descrever o que sinto, cavar nas ideia uma forma de dizer pra que todos entendam. Entendam o que não viveram. Entendam o que não querem. Entendam o incompreensível. Palavras são insuficientes... Aliviam, mas não servem. Pra nada nem pra ninguém. 

Estou sentada no canto direito do sofá preto que veio pro quarto. Computador no colo, roupa de frio e uma madrugada inteira pra reclamar. Os olhos dos bichinhos de pelúcia são parecidos com os meus: inanimados. Mortos. Deram de ombro. O silencio e a expressão congelada num “sorriso” costurado com linha vermelha... Me vejo. Me representa. A forma como eles não reagem a nada.
Me identifico. 

porque pior não é morrer, é não viver e ter que respirar.  


segunda-feira, 1 de junho de 2015

A linguagem como instrumento de opressão e segregação

Bakhtin e Gnerre pros academicistas compreenderem, para todxs xs outrxs, rima:


Se eu colar na banca de tarde com os menino
Quero saber deles quantos darão ouvido
A essa mania de produzir pra gringo
Aplaudir, rir, invadir

Quero saber deles quantos vão entender a mensagem
Que mais parece poesia enfeitada pra fazer entendimento virar miragem

Quem mais precisa ser atingido não foi
Pra entender sua linguagem tem que ser formado, pique Doutor? 
De que vale o conhecimento adquirido
Se numa roda de conversa trivial, não pode ser transmitido?
Fala bonito, difícil e rebuscado
Patrício entende e favelado sai loko frustrado
Sabendo que vai ter que correr atrás do tempo que foi perdido
Naquela escola que só prestou para o tornar um consumidor passível

A expansão da consciência é proporcional a diminuição do ego 
Quando essa regra falhar, é tempo de refletir pra não ficar cego
Compreender nossa pequenez diante da vastidão do universo
Não deveria ser motivo pra diminuir os outros num único verso

Adquirir conhecimento não nos dá direito de oprimir o ignorante
Agir como se nascesse sabendo, revela o quão és arrogante
Conhecer a ti mesmo, quase sempre é torturante
Mas necessário aos que buscam pra essa vida, um fôlego aliviante! 

Exista ou morra tentando


Acordei há duas horas, continuo inquieta, o silêncio da manhã parece insuficiente, porque dentro de mim faz barulho. Aos poucos os vizinhos vão acordando conforme o dia clareia. Os passarinhos que meu pai “cria” em gaiolas, conversam com os que voam fora. Meu computador tá com problema, mas quero ver ele me superar...rs 
A poltrona esta chapada de roupa, limpa misturada com suja. As cobertas contrastam com os lençóis, que são usados dia sim, dia não, conforme o clima que criamos: instável. A TV esta desativada, cheia de pó mesmo eu sabendo que tenho rinite, melhor espirrar do que me alienar. Odeio essa cama de mola que fica no canto esquerdo, ela faz minhas costas doer, porque endireita ela...rs 




Enquanto não estiver silêncio dentro de si mesmo, fica impossível se escutar. Se ouvir é fácil, quero ver se escutar, digo isso no sentido de que todo mundo dialoga com seus próprios pensamentos profanados no silencio da própria voz. Eu registro meus diálogos comigo mesmo, não sou normal, odiaria ser. Ocorre que a nossa mente, mente. A voz do coração e da mente tem quase o mesmo timbre, fica bem delicado diferenciá-las. Onde já se viu uma mulher acreditar que esta grávida e seu corpo reagir a essa crença e produzir leite materno? Gravidez psicológica é a prova de que somos sabotadxs por nós mesmos, pela nossa mente. Criamos verdades em nossas mentes e escolhemos acreditar nelas, claro né porra, a realidade é insuportável!

Cada um faz seu corre na busca de algo pra aliviar o existir, que é pesado e sufocante. Mas, não podemos esquecer de ouvir nosso coração, nossa verdadeira voz, nosso verdadeiro eu. Somos mais que matéria, pra mim é tão óbvio. Afinal, o que somos? Será que nos resumimos a matéria: osso, carne, estética? Sempre que penso em alguém, penso em quem a pessoa é. Nunca em quem ela aparenta ser. Quando conhecemos as pessoas, a aparência se abstrai, se esvai e cai, some. 
O olho é uma prova de que somos espíritos. O olho transmite e revela isso, mesmo com a imundice da babilônia. Olhar alguém nos olhos pode ser insuportável em algumas situações. Tanto que não conseguimos nos olhar por muito tempo, é perigoso nos enxergarmos...rs Tememos uns aos outros porque no fundo, somos cientes da nossa podridão. Fugimos do perdão, porque no fundo dói crescer. 

Numa conversa trivial, por quantos assuntos irrelevantes você tem que passar, até criar coragem de dizer o que sente? Até conseguir encaixar delicadamente seus sentimentos no papo, sem ser tachadx de lokx, esquisofrenicx, desequilibradx? Porque vc sabe que corre esse risco quando for falar das coisas do coração – mesmo se a conversa for com sua mãe, por ex. Estamos distantes mesmo quando nos abraçamos. Nossos próprios pais nos treinam a omitir o que se sente de verdade, de si, com si, para si, foda. 
Nossas impressões sobre o mundo ao nosso redor, no fundo são idênticas. A diferença é a fuga que cada um escolhe pra camuflar a própria verdade. Acordei meio Buda, mas a fita é a seguinte: Todos nós existimos dentro do mesmo sufoco. Fomos enviados aqui pra alguma coisa, não é possível que a vida seja sem sentido. É muito complexa pra servir pra nada. Logo, quando penso que isso tem – ou teve – sim, algum propósito, imagino que TODOS nós fomos enviados com a mesma porra de propósito, todos na mesma missão. Acredito que as crianças estão muito mais próximas da “verdade” do que os cientistas toca branca mais pikas. Se engana quem pensa que me refiro a “verdade” como um documento ou tese. A verdade é um sentimento, comum a todos exemplares da espécie. Se olharmos pras barbaridades que cometemos, que só nos guia ao nosso próprio fim, esse papinho-amoroso-espiritualista se torna um tanto risível, mas, enquanto não sairmos do mecânico ao olharmos uns aos outros, jamais vamos nos enxergar verdadeiramente.  

Crianças são misteriosas. Curiosas sobre o mundo que socamos nos cus delas. Questionam. Querem entender o porque das coisas. E Quantas vezes explicamos? Qual a consideração que damos? Nós enquanto adultos nos julgamos mais sabidos que as crianças pelo nosso tempo de vida. Mas pera, nosso tempo de vida é maior que o delas NESTE mundo, logo, o que “sabemos mais que elas” são coisas que este mundo nos ensinou. Coisas como nunca questionar, desenvolver a habilidade de disfarçar nossos sentimentos, desconfiar de todos, criar inimizades, manter aquela distancia segura do outro, ir a escola, estudar para conseguir um bom emprego, comprar coisas e morrer. Volto a minha crítica de sempre. Sério que é isso que ensinamos as nossas crianças? Serio que foi isso que aprendemos? Serio que aceitamos esse “aprendizado” como única maneira de existir? 
Poxa Deus, tá foda. Sou revoltada, questão de ser, não de estar. Odeio quando dizem que minha ideologia é “fase”. Adultos gostam de reduzir nossos sonhos à “fases que eu também passei”. Esse papo de maturidade me fode, é chato ser madura. Afinal, que diabos vocês chamam de “ser madura”?  Se resignar perante a imundice do nosso tempo e dar de ombros à própria vida? Hm. Não to interessada em amadurecer, hoje não Faro. 

Sei que existem alternativas para exercemos nossa atividade principal: viver! E não vou sossegar nem às 06:36 da manhã, nem hora nenhuma, até encontrá-las. 

Lutando pelo meu direito de existir since 1993

Exista ou morra tentando...