sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Eu tenho um sentimento aqui

Eu tenho um sentimento aqui e eu nunca soube dar nome a ele ou classificar como bom/ruim, saudável ou não.

É um sentimento que por meses, parece não existir, de tão bem que se esconde nas minhas profundezas. As vezes, acredito ser o sentimento que me mantém viva, noutras penso em como este sentimento só antecipa meu fim. Considero o perreco entre razão e emoção, mas hoje eu prefiro sentir e to dizendo: eu tenho um sentimento aqui e não é de hoje. 

Quando ele resolve por a cara, desfigura a minha. Quase sempre me obriga a olhar pra dentro de mim. Sempre obedeço, com a cabeça baixa ou não, depende de como ele me derruba. Ele se move. Parece ter vida própria e não estar em mim, ou não me pertencer. As vezes isso me incomoda, noutras quero que se intensifique sua independência perante minha insignificância. Eu o exalto. 

Eu tenho um sentimento aqui que não me deixa dormir. E em algumas noites de cansaço, é este mesmo sentimento que me poe na cama, me cobre e colore meus sonhos. Como pode? Ele demora a aparecer, mas quando vem, me esgota as possibilidades de expressão ou reação. Eu não to encontrando palavras, mas gosto. Choro e grito rompendo o silêncio que reina no meu interior, mas gosto. Quase sempre me faz pensar em como ele vem pra me mostrar, o quanto eu posso melhorar. Porém diante da minha inutilidade e pequenez que ele me faz reconhecer, mesclo a sensação com o pavor que me faz ter, de nunca conseguir crescer. 

Eu tenho um sentimento aqui e eu não sei dar nome a ele. Estou desconfiada que seja Deus, algo assim. Em outros momentos penso que pode ser apenas minha mente me usando, tirando uma com a minha cara. Pode ser insanidade também, o mundo tá tão loco, é plausível. Mas é um sentimento, e não duvido do que sinto, apenas respeito.

Eu tenho um sentimento aqui que move minha necessidade de explicá-lo com uma força monumental. 
Eu tenho um sentimento aqui, que me faz abaixar a cabeça pra ver no chão, todos os motivos que tenho pra ergue-la novamente, mais Beyoncé a cada levante. 

‘Eu tenho um sentimento aqui’, é um erro. Cabe mais assumir que um sentimento aqui, me tem. E faz de mim ruína, caos e paz. Me ergue no alto como se eu tivesse 6 meses de vida. Mas que me olha nos olhos como se eu – com essa idade – pudesse ter firmeza no olhar...rs Tenho um sentimento aqui, que destrói meu castelo de areia que levei meu tempo todin de vida pra construir. Mas faz isso antes de mim. O que me motiva a reconstruir tudin? o mesmo sentimento filho da puta. Como pode? Ele me faz levitar e deixa eu me arrebentar. Ele me ajuda a levantar, só pra este filme rebobinar. Eu não sei qualé a dele. Eu gosto. Vejo razão, mesmo sem entender. Gosto porque sinto que devo, mesmo sem entender. Gosto porque ele parece ser a parte de mim que eu desconheço. E eu como sou uma bixa curiosa, dou uma att. Gosto porque me contraria no mesmo momento em que me prova porque devo concordar com ele. Sempre perco pra ele, mas fico pá, pq a sensação nunca é de perda rs.

Eu tenho um sentimento aqui e não sei mais o que fazer com ele, pensei em fazer poesia...

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Entre loucos e desavisados, amem!

Os conflitos gerados com pessoas -  seja de sua responsabilidade ou não - surgem sempre pra nos ensinar algo sobre nós mesmos. 
O quanto vamos aprender com isso, vai depender da nossa disponibilidade em ser humilde e reconhecer as próprias limitações. Quando passei a olhar pra vida simplesmente como uma oportunidade de crescer interiormente, tudo mudou. Fiquei mais paciente, menos brigona, sabendo ignorar o ignorável. Cansei de buscar respostas não satisfatórias em cada crise existencial e decidi direcionar minha fé. Não existe nenhuma outra serventia ou justificativa para a existência humana se não o auto-conhecimento e o crescimento interior, pra tornar possível a prática do amor. 

Não frequentei nenhum templo religioso, nem assisti palestra de espiritualistas pra notar isso, mas apanhei o necessário da vida enquanto insistia no contrário. 
A vida molda e lapida seu ser, assim que você permitir. 
Nessa lapidação, o pedaço mais resistente a queda e molde chama-se ego. É preciso muita porrada, um pé de cabra bem pontudo e a mira boa. Não adianta muito mirar no ego sem a real intenção que ele caia, você pode acertar outro alvo com a pancada e sofrer o dobro do que sofreria caso tivesse feito, o que deveria ser feito.

Em situações afanosas antes de fazermos escolhas cruciais de caminho, precisamos nos afastar do externo e nos aproximar de nós mesmos. A resposta não tá acima das nuvens, mas dentro de nós. O foda é que existe um mundo complexo e bem estruturado ao nosso redor que parece trabalhar a todo tempo para que você não consiga enxergar, nem sentir a si mesmo. Pra que você não se destaque e ignore suas hemorragias. Para que você transfira a tal culpa pro outro e tente dormir em paz... 

Me sabotei por tanto tempo negando minha própria essência que gerei uma enxurrada de sentimentos não saudáveis que cedo ou tarde voltariam pra fazer morada em mim, catástrofe em mim. A dor tem que servir pra algo. Não é admissível que se passe pelo próprio vale da sombra da morte e saia de lá sendo a mesma. A dor tem que servir pra algo, pois ela é muito complexa, intensa e forte. A dor é tão necessária pra vida, quanto o amor. É na escuridão de uma dor que conseguimos enxergar qualquer feixe de luz. Repito: a dor tem que servir pra algo.
Pra quê então? Crescer, ser alguém melhor, melhorar, ser mais amável, reclamar menos: me parecem argumentos interinamente plausíveis pra serventia da dor, porém, só consegui enxergar isso quando cheguei num limite de sanidade...kkk 

Hoje tenho um compromisso com a minha consciência e com o meu coração. Toda palavra direcionada a outra pessoa, tem que ser dita a si mesmo antes. Toda vez que o seu coração mandar, obedeça. E eu não to falando do órgão dentro do peito responsável pelo bombeamento do sangue. Mas da essência do ser responsável por lhe guiar espiritualmente. Jamais podemos deixar nosso ego nos envergonhar do que nosso coração nos pede. Respeitar o sentimento do seu coração é honrar o oxigênio que lhe foi dado gratuitamente seila por quem - ou por Deus. Ignorar as ordens do seu próprio coração é comprar uma briga com sua consciência. 

Meu compromisso não com a reação ou recompensa vinda do outro. Minha responsabilidade é não me auto desapontar, mesmo que isso implique em desapontar outras pessoas. Por que isso parece tão egoísta? Porque para ser digna de se preocupar com o outro, tenho que no mínimo diminuir a preocupação comigo. Ir por partes, paciência, resiliência.  É uma decisão necessária. Cuidar de si. Se ouvir. Se sentir. Dar uma atenção pra quem ta com você sempre. E não se trata de racionalizar os acontecimentos, mas de aprender a enxergar a falha que eles te apontam em você mesmo. Sentindo-se. Mergulhando em si, pra não morrer afogada.

Uma das perguntas diárias que me faço: o que você tem feito hoje que te aproxima de quem você busca ser daqui 1, 5, 10 anos? 
E perceba, nesse papo não entra a aquisição de bens, os diplomas e o salário como demostração e garantia de vitória na vida. O que o capitalismo nos sugere não é viver, mas passar pela vida e graças a Deus, já consegui uma consciência sobre isso e um posicionamento que respeita quem sou e pra que vim. Não é a toa que o nome deste blog é: VOCÊ NÃO É SEU EMPREGO! Trabalhei por 6 anos numa empresa das 8 as 18 e vivi a transição de menina pra mulher sem ter tomado sol de tarde, por exemplo. O capitalismo é tão selvagem que pra muitos reivindicar o direito de tomar Sol diariamente é hilário, coisa de jovem preguiçosa, sem ambição na vida e que não gosta de trabalhar. Kkk eu vou dedicar meu próximo texto a isso, tenho muito a dizer e tem a ver com o que digo neste. Mas sigamos...

Muitas das minhas escolhas na vida incomodam pessoas que nunca imaginei incomodar, e me rendem constrangimento. Mas a rebeldia que faz morada em mim deste a adolescência sempre me ensinou a passar por cima disso. Hoje, de uma maneira bem mais adulta do que simplesmente dizer: 'eu não ligo pro que os outros pensam', mas reconhecer que você LIGA SIM e fazer sua escolha a partir disso. Vivemos em sociedade e não há vantagem em ser hipócrita. 

Decidi entender tudo que tenta me impedir de respeitar a mim mesma, como confirmação de que este é o caminho que devo seguir, mesmo a babilônia se esforçando tanto em me desviar. Resistência é a palavra. Resisto por mim e pela boa convivência com as pessoas que me cercam, pois melhorar a mim é melhorar o meu ambiente. Todas as possibilidades de arrependimento são eliminadas, quando você respeita a voz do seu coração. Nós sabemos exatamente quando vamos nos arrepender de alguma escolha, antes mesmo de a fazer. E sabemos por que. A diferença é o grau de cegueira causado pelos sentimentos que não deveriam ser alimentados: raiva, mágoa, egoísmo. 
Nunca me arrependo em ter sido boa, pois não trai a mim. O resto eu lido. Glória a Deus por isso. 

Estou tão serena que o esforço de quem quer me ver cair terá que ser maior. Minha tranquilidade em lidar com sua tentativa de me atacar, te fere. Mas não é a toa. Olhe pra si mesmo e note que em você não cabe essa necessidade de atacar o outro, porque não faz parte de você. Eu te ignorar, te irrita. Mas vc não se ouvir, te adoece. 

A cura adulterada mata mais que a doença. 
Entre a sapiência e a demência, aproveite a oportunidade de respeitar 
sua 
essência. 

Não seje menas, seje mais. Mais inteligente com suas próprias ações, até conseguir mantê-las em harmonia com o que pensa e fala.

"A vida é traço arriscado, e no escuro vergonha é ser puro. 
Mas ser prole é sentir o todo não só explanar seu tudo."
      

Sinta-se

Cura adulterada que mata mais que a doença.

Carência repulsa a atenção, 
entre a sapiência e a demência.



visão de balde


Visão de balde é achá
Que a mina cola na banca pra dá
Daí vê que ela tem ideia pra trocá
Sem problema com o linguajá
Dominando a arte de desenrolá
Regala o zói, treme, fica pá
Corre até o risco de se apaixoná
Pq nóis já é linda sem falá
Imagina soltando a voz, marcando nosso lugá?
Vai mudar o jeito de me tratá!
Enquanto mulher vai me respeitá!
Pq são essas opção que eu vim
'te dá'!


sábado, 19 de setembro de 2015

padrão



penetração pra promover a putrefação? 
permitir que o pensamento passe a palavra
proximidade que promete prudência?
pacto padrão e um pedido de perdão

paciência...

partilha pérola sem peso ou piedade 
planta poder e colhe possibilidade 
projeto exige progresso
sem prumo parto vira processo 

possesso! 

pude pedir pra parar
preferi pedir pra ponderar
posso pintar a pista dessa prática
pra parecer menos pragmática 
posso plantar prazer 
preciso de presença, não promessa
peço pulsação e não pureza

pensamento.

prossigo pronta pra prosperar 
permitir que pise na parceria?
prefiro a dor de parir 
pássaros ou 
poesias. 

plenitude, perdão...

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Não banalize as brisas

É errado não querer?
Não. Errado é não dizer, simples e diretamente: EU NÃO QUERO.
E quantas vezes eu disse?



As vezes eu gosto de ser sozinha muito mais que estar sozinha. 
Noutras eu suplico pelo som de alguma respiração alem da minha.  
Mas eu quero presença. Nem todxs a possui. 
algumas pessoas não passam disso: Pessoas: arrogantes e mau-humoradas.  
Se isso me exclui? Não mesmo, não nego o karma de vidas passadas...rs 

Procuro entender mesmo se sentido não ter. 
Mesmo que as respostas não me completem, mesmo que minha alma não se aquete. Mesmo que minha mente, minta. E mesmo que só servir pra aumentar meeu ego. Pra que? Pensar tanto sobre tudo. E ficar cego? Problematizar o simples?  
Preguiça, imobilismo.  
Conformismo corrosivo, talvez.  
Mas da pra ouvir meu coração, só dessa vez?  
Eu to falando do que traduz nossa existência. 
Não to gritando nada que desconheça. Você sabeeee, vc sente.  
A poesia enfeita, mas ta na cara! No coração, na alma: Aceita!  
Eu quero poder te olhar sem te classificar.  
Quero poder te apresentar pra alguém, sem te interpretar. 
Talvez eu não esteja interessada em ter razão, retórica ou argumento. E pode ir dizendo o previsível que não estou disponível, que estou desatento, que mais? por me referir a mim no masculino, que mais? Por recusar a oferta que me ponha um sino? Que mais? 
Não gosto de ser vista, pois não me interessa ser lembrada pelo que viram. Que meus frutos deixem listas, quem era essa? ninguém, mais uma anônima artista... 

Eu so quero poder ser fraca, em algum lugar que eu - alem do meu corpo - fizer morada. Eu quero poder dizer o que sinto - além do que penso - e não ser julgada.  
Quantas coisas são dispensáveis? 
Quanto peso você escolhe? 
Quantos cálices não são amargos? 
Quantos litros você engole?  

Filtro, peso, medida.  
Escolha, caminho, ida.  
Coragem e compreensão 
Sabedoria e não razão.  

Li sobre a força coercitiva, e vc pode dar este nome, mas não some com a iniciativa do seu pensar: a convicção de que nascemos pra amar! 

Eu poderia te abraçar, você sabe, os diamante vem da lama.  
Então nem pa na sujeira ainda estou a me limpar e quem sabe, um dia alcanço a fama? 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

orra


De mim não dá pra falar, preciso primeiro me conhecer
Do cotidiano e do capitalismo eu cansei de reclamar, quero esquecer
De amor, sobram especulações e jorram litros de sangue, dos corações
Da mente, a raiva de ser sabotada, porque a razão até hoje não serviu pra nada 
Do que se sabe sobre o que somos? 
O que se aproveita do que sobramos? 
Por onde andamos quando fomos? 
O que você viveu 
de nada valeu
se disso, tu nada aprendeu...
então esquece as brisas todas 
vem 
ser
meu. 

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Por que Preta&Pobre?

PretaePobre é meu usuário no instagram, e algumas saídas noturnas com spray rs, lancei justamente pra ataca os bico, pra chocar, pra causar, pq se não for pra tombar, eu nem levanto da cama hahaha








O mundo ao nosso redor faz parecer que nossa existência é tão insignificante. Nascemos e ele já esta pronto, em pleno funcionamento, o que nos resta? Nos adequar. Mas, será mesmo que sou obrigada a me adequar ao conjunto de regras que precedem minha existência, e me foram apresentadas como 'corretas'? Sempre fui rebelde mesmo antes da RBD (que ouço até hoje kkkkkk), mas é complicado subir no palco da vida e se identificar, se aceitar e se afirmar como preta e pobre, pra uma platéia que esta a todo tempo dizendo que o ideal é ser branca e rica, ou, o mais próximo disso que sua (in) sanidade lhe permitir chegar. Aliás, 'dizendo que o ideal é' o caralho: A sociedade te soca no cu regras que nem ela sabe onde se fundamentam...
Quem quer - ou gosta - de ser, além de preta, pobre? Há uma série de implicações e influências sociais na formação da identidade, seja por fatores históricos que problematizam a formação da cultura no Brasil ou até mesmo pela subjetividade e individualidade dos seres. Somos - não apenas - construídos socialmente, é daí que vem aquele papo contemporâneo e mal explicado de Desconstrução e tal...
Durkheim afirma que 'acreditamos ser produto de nossa própria criação, aquilo que nos é imposto pelo exterior'. Se foi responsabilidade do exterior esse meu orgulho em ser preta&pobre, agradeço!! Afinal prefiro fazer parte dos explorados, do que dos exploradores. Vergonhoso não é descender de pessoas que foram escravizadas, mas sim de pessoas escravizadoras. Amo minha raça, luto pela cor, esse vulgo foi consequência do amor: rejeito essa babilônia que atribui negativismo às pretas e pobres, me orgulho de ser quem sou e para elucidar e atacar os bico sujo que gosta de bica meus posicionamentos políticos e ideológicos, deixo uma frase demolidora de Darcy Ribeiro:






“Fracassei em tudo o que tentei na vida.
 Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
 Tentei salvar os índios, não consegui.
 Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
 Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
 Mas os fracassos são minhas vitórias.
 Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu"








Ps. Esse meu teto descolando a pintura e dando forma aos olhos que supõem ruindade não é a toa, esse é o jeito que eu olho pro sistema! Rárárá #ruindade #visão #ironia #sátira #tacafogo #madeinfavela #poderpraspreta #quebrada #resistência

domingo, 23 de agosto de 2015

barra dura, fenda funda: barra funda.

Brisa batida no metrô da linha vermelha, fora do horário de pico.


Imagina trampa o dia inteiro
Querer voltar pra casa e depender do transporte
Submeter-se à essa humilhação por dinheiro
Enquanto sua vida escorre entre seus dedos você espera suporte
De um suposto deus, do estado ou do patrão
Que através da sua exploração
Troca de carro, casa e país
Enquanto você nega um danone que no mercado seu filho quis


Paga aluguel e não há perspectiva de casa própria
O capitalismo faz você crer que vai alcançar a vitória
Mas afinal, o que é vencer?
Comprar coisas e esperar pra morrer?
Possuir bens?
Comprar um carro pra fugir do metro lotado?
Ficar preso por 3 horas no transito de São Paulo?


O que estamos fazendo?
Por quanto estamos morrendo?


Os corpos estão em contato involuntariamente
Mas os olhos se desviam propositalmente
Afinal é extremamente constrangedor
Estar mais perto de um estranho do que do seu próprio amor
O sinal grita avisando que a porta vai fechar
Ignorado pelo desespero de chegar em casa
Os corpos se espremem numa tentativa frustrada
De conseguir entrar
Prende sapato e pé, bolsa e boné, te esmaga
E você olha com raiva
Pro irmão do lado o culpando por essa tragédia social
Num escape irracional ainda grita:
'Quem quer conforto vai de táxi!!'
Mas todo mundo fica...




O que estamos fazendo?
Por quanto estamos morrendo?

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

quereres particulares

íntimo demais pra ser postado, mas forte demais pra não ser compartilhado.




Eu não quero ter medo nem receio de falar com as pessoas que amo. Nem quero que elas sintam medo ou receio de falarem comigo, por causa do meu jeito.
Não quero construir muros, só pontes, mesmo que elas me levem pros lados que nao penso em ir. Não pode ser difícil de respeitar alguém que amamos. Se for, não é amor. O amor é a certeza indestrutível de que vai ficar tudo bem.
Sem pressa, sem mágoa entalada, nem palavra engasgada. Eu quero vomitar meu ego mesmo que ele rasgue minha garganta. Eu quero cuspir meu orgulho, mesmo que ele derreta minha língua. Eu quero reclamar do quanto dói crescer, sem parar de crescer.
Quero viver minhas pausas, mesmo quando minha mente disser que é perda de tempo. Eu quero descansar meu interior, mesmo quando meu corpo estiver disposto a subir montanhas. Eu quero conhecer meus desejos reais, mesmo quando eu achar que já sei o que quero pra mim. Quero testar meus limites, mesmo quando parecer o fim da reta. Eu quero mergulhar em mim, mesmo que meu pulmãoexploda sem ar. Quero ser aquela pessoa difícil de se aproximar e depois, impossível de se afastar. Quero perto de mim os que me fazem rir, e se eles tiverem quepartir, lembrar deles com alegria, pra quando for minha vez de ir, eles sentirem o mesmo. Quero esquecer que eu briguei, e conversar sem tocar no assunto. E se for falar, que não reste um pingo de i na lembrança noturna de 'eu deveria ter dito isso'. Quero ampliar a lista de convidados do meu enterro. Não em quantidade, mas em qualidade. Quero lágrimas doces e salgadas, mas verdadeiras. Quero que me odeiem quando for preciso, mas que me amem quando eu menos merecer, por ser a hora que eu mais precisarei de amor. Procuro anjos, não amigos, namorados, irmãos. Procuro espíritos não estéticas. Estou exigente com o interior de quem me cerca, pq estou aprimorando meu ser, pra deixar de ser...
Estou pacientemente reconhecenu minhas limitações, pra que supera-las seja menos impossível como parece hoje. Preciso trocar uma ideia comigo, pedir conselho, tomar bronca, ser ouvida. Ta na hora. Quero saber o que estou sentindo sem precisar nomear. Quero ente der pra onde estou indo, sem precisar me cansar de perguntar. Quero saber de onde estou vindo, sem ter do que duvidar.
Quero mudar. Quero aprender a amar.
É que não deu pra dormir, sem antes vomitar...

domingo, 26 de julho de 2015

estender pra entender, lembrar pra esquecer.


“Se buscamos o que é, o que devia
Por natureza ser nos assiste
Se fiamos num bem, que a mente cria
Que outro remédio há senão ser triste?” 



Não considere nada do que escrevo
Além de me faltar sanidade
Digamos que nada disso é verdade.
Pra seguir a recomendação
Do g-mail.com


PLANO

Se nenhuma resposta me com templaria
Imagina o que qq palavra, contigo faria?
Eu descobri a marca do amaciante que ela usa
e confirmei o nome do perfume que você abusa...

porque seu cheiro me persegue.

Vontade de pegar o busão e descer no 25
Te chamar no portão pra dizer o que sinto...
Com que cara, Larissa? Chorar?
Pq nem com a família tenho cu pra falar

Estou triste e é bom você nem imaginar
Não saber, nem me ler, se quer querer especular
Achar que to da hora, que nem sonho mais contigo
Ter certeza que passou da hora, de você de acabar comigo

É bom vc acreditar na frieza que fingi ter
Na pessoa ingrata e infiel que eu pareci ser
Te convenci, mas e agora? 
“Manifestação de ego” é meu nome pra você agora.

Foi como beber veneno e esperar que o outro morra
Enquanto você me olhava, eu dizia a mim mesma: não corra!
Aposto minhas lágrimas que você achou que era aquele o motivo
Eu deveria ter sido menos em tudo, seria menor o castigo

E penso que por mais desesperada que eu esteja, 
não há maneira “menos errada e absurda” de eu te olhar nos olhos, veja: 
vc ta com a razão!
E tudo que consigo fazer é olhar seu blog, aguardar nova publicação 
Discar seu número e nunca apertar o verde (passado)
Cada sentimento expresso em palavras foi (invalidado) 

Acumulando coragem pra seguir viagem
Na proporção que eu adoeço, você se cura 
E pode criticar essa minha postura
Sou arrogante demais, odeio passar vontade

Se eu te ver
Um dia
Curado, imune, recuperado
livre, decidido e com outro alguém do seu lado
Não vou ter o que falar, não estranhe
Posso até te elogiar, se der sorte
“Vc fica mais maravilhoso a cada dia que fica mais forte”


ENGANO

Educação e cordialidade foi ter desligado
Arrogância, erro e ousadia foi eu ter ligado...
Impulso de emocionada...
Suas palavras me queimaram feito brasa

Foi pouco.

Te escrevi coisas que jamais teria cu pra ler. 
Te disse outras que contrariam sua maneira de viver. 
Te deixei  caminhar sozinho por este caminho 
Mas sempre que tento me por em seu lugar...
...te admiro

Eu vou demorar mais. 
Você se livrou da minha mentira
Se quer o verbo no presente, 
aqui caberia...

Não me pergunte como fui capaz
Mesmo depois de te ter lido
Meu respeito, meu rapaz
Acredite em quem eu possa ter sido.


AGORA

Você pediu pra eu te respeitar
Mantive o silencio pra não errar
Mas quem quer respeito tem que dar
Ou acha mesmo que eu ia calar?

Quando acabar não haverá a necessidade de citar
Expressar a raiva não vai adiantar
Você é do tipo que divide as mina por tipo
E se eu não faço o seu, pra que tudo isso?

Mas minha cota nem é ficar te atacando
É que as coisas que você me deu ficam me olhando
Eu não devolvi, nem seus livros nem seu amor
E minha imprudência resulta hoje em dor...

Me desculpar? O que iria mudar? 
Se não fosse todo esse seu gostar
Seria outro o desenrolar
eu não mereci metade, quem dirá toda essa dedicação
pela última vez
vez em quando, coração...


intimidade

Fera, bicho, anjo e mulher.

Conservo e contemplo o silencio a maior parte do meu tempo. Gosto da natureza, mas tenho gastura do fundo gosmento dos rios, talvez pq eu já pisei nuns bixos que eu nem sei quais eram. Gosto das paixões com fúria, que deixam vestígios irreparáveis. Gosto daquele tipo de sentimento que dá vontade de matar a pessoa, mas quando penso na falta que ela me faria, desisto. Se for pra comer que seja bem, se for pra gastar que seja com comida. Se for pra amar que deixe sequelas eternas. Se for pra guardar mágoa que seja sincera. Eu tenho antipatia por poucas pessoas, mas até a elas eu dou o direito de saber, nem que for com um olhar reprovador.  Não sinto necessidade de fazer sexo. Aguento tempo demais, porque “aguentar” e “demais”, não faz muito sentido pra mim. Não consigo tomar banho rápido. Salada tem que ser temperada com limão e não vinagre. Não consigo lavar louça rápido. Esse lance de fazer as coisas rápido me dá a impressão que foram mal feitas, deve ser por isso que a minha média é de 2,5 a 3 anos. Quando penso em me envolver sou reprovada por mim mesmo em pensamento: “lembra do tempo que demora pra esquecer?” Daí fica tecnicamente tudo bem. Vodka é a única substancia que arranca de mim minha parte mais loka. Tirando as que eu ainda não experimentei a reação. Falo com o motorista somente o necessário mesmo. comida. Não que eu tenha medo de morrer, mas tenho uma admiração e um cuidado pela vida. Não é comum na minha idade e nessa época, mas é isso. Acho a vida bonitinha. Reclamo dela, mas a gente só reclama com quem a gente gosta, ela sabe disso e até já acostumou. Eu não escrevo bem com papel e caneta e isso é reflexo de 5 anos interruptos escrevendo no computador. Minha transição de menina pra mulher foi vivida dentro de um escritório. Tenho pouquíssimxs amigxs, e gosto de exaltar o porquê: eu sou insuportável, porque sou real. Nem eu aguento minha sinceridade as vezes. comida. Precisa gostar de mim de graça pra me aceitar como amiga. Dou mais motivos pra me odiarem que o contrário. Gosto de fazer uma cara de desprezo que deixa qualquer um com raiva. Tenho uma expressão de sempre - congelada e própria - pra entrar no ônibus. Amo cozinhar. Já fiz sexo na rua e ontem mesmo eu menti. Nem sei porque nem pra quem, mas a fita é que todos mentimos. Prefiro que me acordem  pegando em mim, do que rompendo o silencio matinal. Odeio dar bom dia por obrigação. Se for começar uma conversa que empaca no “tudo bem também”, não comece. Pesquisas apontam que uma conversa começada com “oi, tudo bem?” tem 249% a mais de chances de parar no “bem também”. Sem contar que as chances de recomeçar essa conversa diminuem em 80%. Se a vida é um jogo, eu nasci pra ganhar. Frases positivas vindas de mim são raras. comida. Acontecem quando alguém duvida de mim ou me tira. Gosto da babaquice dos jovens e fico me perguntando se eu era tão babaca quão. Tenho dificuldade de brincar com criança, prefiro elas bebes ou em bando. Adoro ver filme dramático. Faço um curso que me obriga ler uns 3 livros por semana, e eu não leio se quer 50 páginas. As pessoas me acham inteligente, e eu me acho foda: sem me dedicar pra missão de aprimorar minha inteligência eu já sou terrivelmente sagaz, imagina se fosse menos preguiçosa? Olhares masculinos invasivos esfacelam meus pensamentos. Gosto de organizar o que vou dizer na mente. Já fiz ballet e dancei num grupo de axé. Já tive um pato de estimação. Já matei um inseto e chorei depois com dó. A rapidez com que as borboletas batem as asas me irrita. O tempo de vida delas também. Toda manhã proponho soluções mentais e infalíveis pros meus problemas. Ninguém imagina o que minhas roupas escondem, e gosto desse mistério. Falo mais gíria quando percebo que algum omi tá me olhando diferente. Espremo a bunda quando passo num posto de gasolina pra parecer menos atraente. “psiu’s, gostosa e êh lá em casa” me desconcertam mesmo antes deu descobrir que existe o feminismo. Parei de alisar meu cabelo na terceira/quarta série. Tenho vontade de viajar, tocar violão, falar inglês e jogar futebol num time de verdade. Prefiro um papo cabeça do que qualquer outro tipo de socialização. Gosto muito mais de um omi quando ele troca ideia, do que quando ele me dá ideia. Tenho vergonha de ser elogiada. Tenho rinite e uso paninho de catarro. O mar me imobiliza os pensamentos. comida. Quando vou pedir algo pra alguém eu faço a “não preciso tanto”, mesmo se for caso de vida ou morte. Meus parentes não tem um pingo de nioção sobre meu amor por eles, e é melhor assim. Misteriosamente minhas peças de roupa se perdem com o passar do tempo. Fala nisso eu descobri que não tenho nenhuma calça jeans e fiquei feliz. Faz uns três anos que não vejo TV. Só paro na frente quando ta passando Usurpadora ou Rebelde, (e coloquei isso aqui justamente pra me julgarem, já posso prever o “nossa, ela não devia ter dito isso” como se isso mudasse alguma coisa) Gosto de fazer os caras com quem me envolvo precisarem de mim pra respirar. Gosto de ser bem quista por ser quem sou. Odeio visitas. Odeio visitas e odeio visitas. O que eu digo na hora da raiva são afirmações catastróficas na mesma medida que são mentirosas. Gosto de dizer coisas que façam as pessoas regalarem ozói. Cuspo no chão com brutalidade quando um omi mexe comigo na rua ou quando eu vejo um carro da polícia. Arroto e peido como qualquer outro exemplar da raça humana e isso não faz de mim “menos feminina” ou “menos bonita”. Não cago na casa alheia, nunca. Prefiro carne de porco e bocas carnudas. Restaurantes muito chiques me fazem querer ser mal-educada. Nas entrevistas de emprego eu penso: “eles precisam mais de você do que você deles”, pra dar segurança, nos relacionamentos também. comida. As conversas que mais me ensinam são com meu pai, porque pra ele to sempre disponível. Não consigo falar de mim naquelas redações de “quem sou eu”. E gosto de estraçalhar as suposições das pessoas sobre mim.


Me sinto velha, muito velha, mas me sinto linda, bem bonita.


domingo, 19 de julho de 2015

quem é de verdade, sabe quem é de mentira.

sobre coisas que não eram pra me ferir mais, não mais.


Menina, desde que me conheço por gente sou incomodada com a realidade, apelidada de revolucionária sem ao menos saber o significado disso, revoltadinha, e tendo o clássico sonho de mudar o mundo sendo satirizado diariamente pelos adultos ja conformados.
 Parei de alisar meu cabelo na terceira série e na terceira série meu cabelo não era tão bem quisto, bonito e almejado como é hoje, sempre fui apaixonada pelos preto brilhante, sem precisar encontrar motivos históricos para.
 Cresci na quebrada, alimentando minha ideologia de vida com fome. Matando minha sede de justiça com sangue. Aquecendo meu coração com a frieza dos que dizem que é 'drama e exagero'. Aprendendo a silenciar no barulho. Amadurecendo assistindo os imaturos. Aprendendo com a vida dura a ser flexível. Quem me ensinou o que é amor foi o próprio sr ódio. Quem me ensinou o que é a vida, foi a própria dona morte, vestida de cetim e tudo.




Hoje mulher, aspirante a intelectual, estudante de ciências sociais, 22 anos e meu sonho de mudar o mundo já usa bengalas pra se manter de pé. Hoje, praticamente depressiva com o cenário caótico dos movimentos sociais, da militância, da academia, da sociedade, dos parentes, das relações, da vida e afins. Hoje eu não olho mais a injustiça nos olhos pra me fortalecer, mas bebo desse cálice. Hoje, não dá mais pra me apoiar na ignorância. Hoje o estoque de frustração só cresce. Negação de oportunidade e imobilismo. INJUSTIÇA, antes do professor pedir o verbete dessa palavra a vida já tinha me obrigado a recita-lo em forma de poesia - pra doer menos (ou mais). Mas é inacreditável como não me acostumei. Incompreensível como ainda me admiro. Aterrorizante como ainda me fere tanto. Inadmissível como ainda me deixo abater.


Graça a minha que a certeza de que nasci para crescer é inabalável. Graça a minha que eu sei - pq vivi e não pq li - que é preciso se acostumar com a dor, já que escolhi crescer. Graça a minha que a verdade é um sentimento. Graça a minha que eu descubro mais sobre mim mesma, a cada vez que rejeito esse clichê de que coisa ruim faz a gente crescer, e me agarro as dores. Sabedoria dada pela dor. Conhecimento buscado por amor. Falta de opção obriga a ter fé no Criador. Ausência de sentido alimenta a revolta.


Não consigo se quer ficar puta com o que anda me acontecendo. Hoje estou apenas triste.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Ótica Marginal


Texto escrito em parceria com meu mano Fernando, um dos escritores marginais mais pika da nossa época! oticamarginal.blospot.com.br entre e tente sair!




Questoes existenciais sempre me inquietaram.
Questões sociais sempre me revoltaram.
Meu desequilíbrio emocional sempre me atrasou.
Não cuidar do meu espiritual, não adiantou...
A sociedade sempre me cobrou
Por um tempo me adestrou,
Mas algo aconteceu e me despertou
Pra eles, hoje louco estou
Mas ao contrario do que pensam
Eu vejo o que não querem que eles vejam
Mas nem tudo é flores,
E nessa viajem meu eu não vê mais cores,
Apenas um circo de horrores
De um bando de palhaço alegrando a corte
Nem chorar consigo mais
ausência total de paz
qualquer silencio é insuficiente
pois o barulho ta na minha mente simplesmente me perdi,
presa por aqui
sinto que jamais vou sair
tento me mexer mas meus músculos não reagem,
será que chegou a hora de me tornar apenas miragem?
O inimigo bate sem massagem,
E de perdedor não vou deixar a imagem,
Sem maldade,
Já passei da idade,
Já lamentei demais dessa cidade,
Mas fazer o aqui se assim como o cão late,
Meu coração bate
Nem de direita nem de esquerda,
Mas bem no meio que é pra causar alarde
Até o fim seja lá qual for, eu vou,
nessa terra de covarde,
só mais um eu não sou
A cultura do conformismo é corrosiva, agradecer peli trabalho e pela rotina massiva,
rejeitar a luta de maneira passiva,
pra comprar sapato e assassinar a vida.
Apresento a vc meu defeito de fabricação
chega mais perto pra ver o poder da preta em ação
InterPRETAaçao,
ceis manja?
Eu curo a chaga da babilônia com ganja,
fora dos padrao normativo,
sinto meu interior interagir com o mundo ativo!
Ganja a cura da nação,
Mas enqto os laboratório molha a mão,
Médico receita medicação,
Controlada,
taxada,
Manipulada,
Enquanto o que nasce no quintal é criminalizada,
E a mente do povo frita
com tanta droga prescrita,
Tarja preta social,
Controle populacional,
Sabotagem racional,
Mais vale um exercito de doente mental
Que uma marcha natural,
intelectual
De mente e voz ativa
Que destrói os argumentos na lata
E não na bala de borracha.
Borrachada, butinada, cacetada,
pobre sofre já com a marmita amassada,
virilha assada
de tanto caçar emprego
e ainda é tratado sempre como suspeito,
no gueto onde mora o respeito,
PM só entra quando ta em choque, coquetel molotov que explode, incendeia e taca fogo,
quebra banco que só extorque nosso povo,
black block eu?
Não, só to de olho,
vandalismo é o q se faz com quem não conta nem com um ovo pro almoço,
e na escola aula vaga de novo,
Convite pra ficar no bolo,
aprendendo como se faz o estouro, vendo a vó sendo humilhada no posto, sem remédio,
Sem tratamento,
sem respeito,
Sem mérito.
Medalha pro cuzao da corporação, confundiu o lema
e ao invés de defender desceu a lenha,
Na criança no portão
menor que tava de boa,
esperando a coroa,
mas era preto, não podia ser gente boa e toma mais uma bala na boca
Pra imprensa o inocente era funcionário da boca.
Menorcidio,
quem mata mais menor ganha dicidio,
menos um futuro ladrão
Ou futuro cidadão,
Quem vai saber
Se não nos dão a chance de escolher?
É tapa na cara o tempo inteiro, esculhacho no busão cheio,
Corte no orçamento é desemprego, inflação camuflada
Pra discarada falar na tv e não dizer nada,
boy faz panelaço na sacada
Enqto o pobre de panela vazia,
Dorme sem comer nada.
Reflexo do que se não vê,
do espelho distorcido que quebraram pra você,
vai na fé,
Ta td de boa,
Sabe como é,
uma dia a bomba estoura
E quero ver quem fica de pé.
Mentira de perna curta e lingua solta, corre pouco, fala muito
uma hora a verdade destoa
e quero ver o que sobra deste mundo
Boa noite mais um dia passou
e nada mudou,
um dia a menos de vida
é o que restou,
e dormir nesse barulho é foda,
saber que enquanto Tamo aqui
A engrenagem do sistema roda, mesmo estando de fora,
atinge nóis a toda hora.
O que fazer agora?

quinta-feira, 9 de julho de 2015

ainda não

Entre juras de amor e de morte, vc esquartejou meu sentimento com cirúrgica precisão.
Entre o destino e a sorte, eu rejeitei todo cansaço e o tormento da renovação.
Nem o Sol decidiu se vai ou se fica, ele ilumina essa minha escrita mas logo desiste.
Foi saudável te perder de vista, agora dedico meu tempo ao que existe.
Me equilibro entre lembranças boas e ruins pra não parecer injusta
Me inclino pra vida e pra mim, pra não permanecer as alheias custas
Depois da dor consigo ver o que perdi, e pra meu alivio toda minha essência permanece aqui
Depois do erro me condeno sozinha, mesmo sem ter plateia pra me aplaudir.
Se crescer é aceitar, pensar é descrer.
Se peço pra você voltar, anulo meu compreender.
Se durmo sem em ti pensar, sonho logo com você.
Se acordo sem de ti lembrar, passo o dia querendo te ver.
Pelo menos são se's, possibilidades, especulações
Foda se fosse realidade, verdadeiras sensações.
Se ganha quem finge melhor, quando é que o jogo acaba?
Se quem vencer for o pior, quem determina se é elfo, gnomo ou fada?
Humano que não é
Nascemos foi pra amar
Mas se quer no tal Deus
Depositamos nossa fé...

terça-feira, 30 de junho de 2015

perda

Aqueles foram meus passos mais longos, fiquei surda por alguns minutos, quis vomitar meus órgãos todos... estava pesada, minha cabeça carregava um peso. Mergulhei dentro de mim aproveitando a chuva que molhou minhas pernas, não deu nem pra sentir frio... 
Parece que foi ontem... meu chão abriu e permaneci em queda livre por uma cota...o vento gelado que batia na minha pele enquanto eu caia, era de tamanha violência que me rasgou...

Eu só queria esperar aquela sensação passar... 

Resistir é a capacidade de se manter de pé perante as adversidades da vida. Estou me fortalecendo de novo. E estou feliz em ter nascido para resistir. 

ônibus, sono e sonhos

Não há maneira certa de descrever uma angustia, seja ela qual for.

A forma como somos moldados e adestrados às metas capitalistas, nos nega um direito básico: o direito de existir numa vida que supostamente nos é única! Isso é pesado, e queria eu ter a habilidade de descrever o quanto isso é pesado. 

Um dos primeiros passos para diminuir a pobreza e o vazio da nossa rotina é entender o porque das coisas. O foda é que quando vc se dispõe a compreender o mundo ao seu redor, assina um contrato de prazo eterno com a angustia. 

Como entender o por que das coisas? Questionando. Questionando a escola. O trabalho. A família. A crença. A si mesmo. Pergunte-se, pra que eu faço x coisa? E será mesmo que há a necessidade deu fazer essa x coisa? Inclusive questionar o questionar...rs
Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante, e quando vc passa a questionar sua mais tola ação, percebe que assustadoramente muitas das coisas que fazemos não tem sentido. 

Desde os primeiros segundos de vida, somos apresentados a um mundo já pronto. Em pleno funcionamento. Um mundo que não vai pedir sua opinião sobre como ele deve funcionar, agora que vc existe. Foda-se! Você é mais um numero. Adequar-se é tudo que te resta. "Na infância você chora, te colocam em frente da TV. Trocando suas raízes por um modo artificial de se viver". Desde cedo somos adestrados a querer alcançar as metas que o capitalismo define e impõe como “metas de vida”. Vivemos num mundo onde é aceito pacificamente que assassinemos nossos sonhos em troca de um conceito vácuo de “felicidade”. 

Pense! Pra que nasce um homem, uma mulher? - Pra estudar até conseguir um bom emprego, um nível de consumo regular, formar família, conquistar bens materiais travestidos de “vitória”, ter um canto onde “cair morto” e meia dúzia de comovidos para ir ao seu enterro! É pra isso que nascemos? Pra assistir nossa vida passar perante nossos olhos, pra sobreviver e não viver? Mesmo que isso te custe uma vida vazia de si mesmo. Vazia de sentido e de tempo. Vazia em essência e utilidade. Vazia de verdade. Uma vida vazia de vida. 

Me nego a crer que Deus nos criou para que trabalhássemos das 8 as 18 de segunda a sexta, e estudássemos coisas que jamais nos serão úteis na vida, para que estejamos dentro de um padrão de vida estabelecido pelo sistema. Essa felicidade empacotada nos é imposta. E eu a rejeito por ser o que o capitalismo chama de “ser feliz” não o que eu sinto que seja. Rejeito por que essas não são as metas da minha vida. 

Onde já se viu vivermos em paz num mundo que decide quem pode ou não sonhar? Somos pressionados por todos os lados a “ser alguém”, mas, o que é ser alguém? Estou exausta dessa necessidade de escolhermos uma profissão que dê dinheiro, para que no futuro possamos descobrir nossa real vocação, para que finalmente aos 50 anos, possamos começar a viver para nós mesmos, atendendo aos nossos próprios desejos. 

Me nego a crer que nascemos para seguir regras que nos adestra e diminui. O amor é o princípio de nossa existência e sua única finalidade, me nego a contrariar isso...

sobre a família - osho


este texto não é meu, mas poderia

A família é a raiz de toda nossa neurose. Temos que entender a estrutura psicológica da família o que faz a consciência humana. A primeira coisa é: ela condiciona a criança a uma determinada ideologia religiosa, dogma político, alguma filosofia, alguma teologia. E a criança é tão inocente, tão consentida e tão vulnerável, que ela pode ser explorada. Ela ainda não pode dizer não, e mesmo se ela pudesse dizer não, ela não diria isso, porque ela é totalmente dependente da família, absolutamente dependente. Ela é tão impotente que ela tem que concordar com a família, com tudo de absurdo que a familia quer que ela concorde.  
A família não ajuda a criança a perguntar, ela dá crenças e crenças são venenos. Uma vez que a criança fica sobrecarregada com as crenças sua pergunta é mutilada, paralisada, suas asas são cortadas. No momento em que ela é capaz de questionar ela vai estar tão condicionada que irá se mover em todas as investigações com um certo preconceito – e com um preconceito que a sua pergunta não é autêntica. Você já esta levando a uma conclusão a priori; você esta simplesmente a procura de provas para apoiar a sua conclusão inconsciente. Você se torna incapaz de descobrir a verdade.

Toda criança vem com o potencial de atingir a consciência suprema, para descobrir a verdade, viver uma vida de felicidade. Mas a família destrói todas essas dimensões, isso a torna totalmente plana...
Cada criança, vem com uma enorme inteligência, mas a família a deixa medíocre, porque viver com uma criança inteligente é problemático. Ela duvida, ela é cética, ela pergunta, ela é desobediente, ela é rebelde – e a família quer alguém que seja obediente, pronta pra seguir, imitar. Por isso, desde o inicio a semente da inteligência tem que ser destruída, quase completamente queimada, para que não haja possibilidade de qualquer brotos sair dela. 

Osho. 


cabeça de porco

Os caras vão reduzir a maioridade penal
e que nos resta? É aguardar o inevitável colapso do sistema prisional
Com menó na cadeia acham que reduzem a violência...
Mas fortalecem o crime e dão lucro pra engravatado sem competência
4 maior população carcerária do mundo!!!
40% aguardando julgamento de juízes imundos
ninguém sabe se são culpados ou não
a única coisa que interessa é o encarceramento da população.
Os pretos correspondem a 70%!!!!
Maioria na cadeira e minoria na faculdade pra causar tormento
E a massa? se negando a usar a mente
formando suas rasas opiniões, com base em Datena e Marcelo Rezende...

CABEÇA DE PORCO!

prece

Me molda,
me conserta, eu quebrei
me lapida e me prepara
eu chorei 
Me faça ser o que vim ser
essa é a hora
meu peito esta aberto em chamas
chegue com a cura, agora
estanque essa hemorragia 
Faça esse curativo que eu prometo que cuido de mim 
por mim, por todos ao meu redor
me ajude a me melhorar



sexta-feira, 12 de junho de 2015

vocês militam, nóis resiste para existir


Militância de quebrada é ir pras ideia no enquadro, e não vomitar dados estatísticos sobre nosso extermínio na praça rossevelt bebendo rainiki...

Militância de quebrada é gritar os vizinhos pro marido parar de bater, não deixar os pêlo do suvaco crescer pra pegar o metrô da linha amarela do Butantã pra pinheiros exibindo a 'luta'.

Militância de quebrada é acordar as 4 da manhã, conseguir entrar no trem da linha 7 rubi as 6 e chegar ~atrasada~ no trabalho às 9, e não desfrutar das ciclovia que foru instalada no centrão pra chegar na biblioteca e ler sobre a mais valia.

Uma solução econômica, prática? Pega seu elitismo, junta com suas oportunidade e tenta entender minha sátira? É. Ficou difícil. É que não escrevo pra vc e seus amigo patrício!!!

quarta-feira, 10 de junho de 2015

moça

Com 15 decidiu sair da escola, 
mas isso não significa para de estudar
e como fugir deste ciclo que esfola
a mente de quem foi treinada pra comprar?

Rejeita essa felicidade empacotada
Estudar pra trabalhar, trabalhar pra consumir
E como dizer que ela está errada?
Num sistema que impede nossos sonhos de existir...

O clássico dilema entre o que quer e o que precisa
Condição social que determina até seu humor
Desiste dessa guerra assistida
Suplica apenas ao seu Senhor que envelheça sem dor

Por favor...

Apropriação cultural

Apropriação é quando todo mundo pode usar algo que define a sua identidade sem sofrer criticas ou represálias e você não. (Aline Djokic)

Porque branca de turbante é “close”, mas preta de turbante é “macumbeira”. Porque patrício branquinho de condomínio fazendo “RAP” é cultura de rua, mas preto favelado fazendo RAP é bandido. Porque preta dançando funk quer “aparecer” quer “dar”, e branca dançando é arte contemporânea. Até quando?  

dispenso legendas

Vi muitas polêmicas envolvendo o fato de brancas usarem turbantes. Muita discussão e muita picuinha. Porém, creio que seja extremamente importante que – apesar do ódio, da dor e da revolta que dá – as pretas consigam se fazer entender. E pra que nos entendam, não podemos atacar. Que militância é essa que sai ferindo os ignorantes? Que tipo de sociedade você luta pra construir? Quando digo que não devemos atacar, insisto que devemos ser didáticas. Se você quer que uma criança entenda algo, não vai ajudar muito xinga-la de burra. Com as brancas funciona da mesma maneira. kk  (Essa analogia não deveria parecer ofensiva, não me refiro as brancas como crianças, mas como pessoas que por vezes NÃO COMPREENDEM a luta do povo preto e suas parti ) Sejamos didáticas. Por um mundo onde quem não tem acesso ao conhecimento, possa ter. Sejamos didáticas para que nossa luta não seja tão mal interpretada como esta sendo. Sejamos didáticas para que nos entendam e respeite. Sejamos didáticas porque ninguém nasceu sabendo. Sejamos didáticas pois, antes de termos acesso a internet, a maioria era coxinha e nem sabia...

Sei que existem pretas que defendem o empoderamento só das pretas, mas eu não sou uma delas, então, vou tentar explicar: 

Muitas brancas dirão que o turbante é utilizado em muitos países além dos países africanos, mas no Brasil a utilização de turbantes tem influência da cultura africana. Ponto.  Quando as brancas utilizam turbantes com estampas africanas comprados na mão dos Senegalenses e Angolanos na praça da república em dia de sábado, elas não o fazem para remeter a outra cultura que não a Africana. E isso é um elemento que define identidade. 
Logo, quando uma preta se levanta pra apontar casos de APROPRIAÇÃO DA CULTURA NEGRA - como a utilização de turbantes - não estamos esperando que vocês brancas, parem de usar turbantes ou coisa do tipo, a luta vai muito além desses perrequinhos e existem pautas muito mais emergentes do que o sonho utópico e risível das branca querendo ser preta ~~porque agora é tendência~~. Mas, ao manifestarmos nosso repúdio à apropriação, esperamos que apesar de gostarem, se identificarem ou se comoverem com a NOSSA luta, reconheçam que ela NÃO É SUA, e nos respeite. Quando criticamos a apropriação indevida dos símbolos culturais de uma determinada etnia, estamos defendendo a preservação de elementos que definem nossa identidade. O uso do turbante tem vários significados além da estética. Pra nós, mulheres negras herdeiras da cultura afro, turbante é o símbolo da nossa história, a valorização da nossa beleza (que é negada e invisibilizada), é o resgate da nossa ancestralidade e principalmente a valorização da nossa cultura. Portanto, turbante é mais do que estética, beleza, tendência ou moda. É o reconhecimento cultural e histórico do negro no Brasil. E é só isso que vocês precisam saber. Quer usar turbante? Use amada, mas SAIBA o que isso significa e a quem remete. 
Homenagear meus antepassados usando turbante todo mundo quer, mas e ser pregada num tronco e receber chibatadas por horas? Ou ser estuprada por português colonizador? Ter seu corpo coisificado e hiper sexualizado? Sofrer racismo, que tal? 

Não gosto de escrever atacando, mas é muito revoltante. Eu passei a vida toda com meu cabelo sendo “ruim”, “zuado”, “digno de alisamento”, pra assistir a estética negra virar tendência? Moda? Porque hoje em dia ser pretx é lindo, estiloso, cool? Poupem-me.

E aquele discursinho de que “RAP é pra todos”, “RAP é liberdade de expressão e todos tem o direito de se expressarem”? Vish, eu repudio e explico o porque: Esse discurso é da família daqueles outros, “oportunidade é pra todos” “universidade é pra todos” e blá blá blá meritocracia meucu. O discurso de que todo mundo pode é lindo, quase me convence, se não fosse pelo fato dele atropelar e se apropriar da luta e da história de quem a vive. Esse lance de internacionalizar a cultura negra é uma armadilha do sistema branco pra descaracterizar a cultura a ponto de degradação. Esbranquiçar a sociedade. Branco pode fazer RAP? claro que pode. Mas coloque-se no seu lugar. Não foi isso que sempre fomos obrigados a ouvir de vocês? “coloque-se no seu lugar”? Então por que ouvir o mesmo de nós, lhe soa estranho? Oras. Reconheça que você ta fazendo musica de pretx, de resistência do povo preto, respeite as raízes e as origens do bang, e antes de pensar nos flow, tenha algo a dizer...

“Não precisa ser preto para lutar contra o racismo”. Claro que não precisa. 
Da mesma maneira que não preciso ser lésbica para lutar contra a homofobia: Basta reconhecer meus privilégios enquanto heterossexual, e saber que por isso não sofro homofobia, e portanto, quando uma lésbica for falar sobre o preconceito que ELA sofre por isso: EU TENHO QUE CALAR A MINHA BOCA E OUVIR ao invés de se apropriar de uma luta que não é minha e tentar roubar local de fala e protagonismo nos espaços. E nem pensar em dizer: “mas eu tenho um amigo gay”. 

Sigam a lógica, reconheçam seus privilégios enquanto brancxs e somem na luta de uma maneira bem simples: calando a boca. 

O lance é que eu enquanto mulher preta e periférica que ouve RAP – e isso não inclui raicas – desde os 12, jamais vou me omitir ao ver o preto perdendo o protagonismo num movimento que até ~ser preto virar tendencia~ era de “bandido”. E perdendo o protagonismo pra branco!!!!!! PQP. 

Mais respeito significa concomitantemente preservação dos dente, e a militância não deveria ser uma competição para saber quem é mais oprimido! 

#ficadica 

Por que sou preta?

"Mas você não é preta, Larissa." Ouço isso até hoje. 

“Tirou sarro de mim, e pelas costas e do meu nome,  que eu sou branco demais pra ser Criolo, e veja onde? Maaaaaaano, que isso continue até quando? Porque eu já fui preto demais até pra trabalhar num banco. Hipocrisia no mundo eu já sabia é mundano, mas essas coisa no meio do RAP ahhh vai toma no... maaaaaaano!”

Reflito e sinto pena, daquela preta ingênua, que aceita ser chamada de mulata ou morena.


Primeira coisa, você já viu branco ser chamado de “sinônimos” pra branco? Por ex. Clarinho, branquinho, amarelinho, transparente, etc? Não. Branco é branco e fim. Então por que a raça negra é dividida numa aquarela de cores? Segundo elxs eu não sou preta, sou morena, parda, mulatinha, escurinha, caboclinha, menos preta. Por que ser preta é “feio” “forte” e “pesado”. SÓ QUE NÃO.

Segunda coisa, não há nada de errado em ser preta. (jura Lari? Kk) Enquanto o mundo ao nosso redor tiver “receio” de aceitar nossa raça, criando novos termos pra camuflar preconceito, permaneceremos estacionados nessa escravidão moderna. 

Terceira coisa, se auto afirmar como preta, não tem absolutamente nada a ver com vitimismo. Tem a ver com a luta do povo preto, é bem diferente. Quando eu digo que sou preta, não estou esperando que as pessoas tenham “dó” de mim por isso. Primeiro porque isso – nem nada – é motivo pra se ter dó de alguém, e segundo porque ser preta tinha que ser algo absolutamente indiferente. Mas como não é, me afirmo preta para que um dia seja. Me afirmo preta para que as pessoas ao meu redor, aceitem, lidem e respeitem minha raça, logo, quando x pretx se auto afirma como tal, quebramos um grande estigma da sociedade atual: SER PRETA JÁ NÃO É MAIS MOTIVO DE VERGONHA, MAS DE ORGULHO. 

Me incomodo quando me dizem que sou branca, primeiro porque não sou, e segundo porque com a frequência que ouço isso, atesto o quão o racismo é estrutural, existe, funciona e precisa ser combatido. Engraçado que quando estou numa entrevista de emprego disputando a vaga com a branca lora – inclusive com menos currículo que eu – eu não sou vista como branca. Engraçado que quando eu entro no transporte público usando um turbante, as pessoas não me olham como se eu fosse branca. Engraçado que num enquadro a feminina não me tratou como branca, quando se referiu a nós como “bando de macacas”. Engraçado que quando vou na cabeleireira e recebo “dicas de como ficar linda fazendo uma progressiva no cabelo”, eu não sou branca. Engraçado que quando eu chego na faculdade e olhares me reprovam, eu não sou branca. Engraçado que quando entro no shopping Morumbi e vejo inquisidores no cio, eu não sou branca. Mas, “preta não sou.” POR QUE? 

O racismo varia de acordo com a tonalidade da pele, quanto mais pretx for, mais oprimidx é. Eu reconheço que sou preta com a pele mais clara, mas isso não faz de mim uma branca, caralho. Ter a pele mais clara não me isenta de sofrer racismo! Sei me colocar nos espaços respeitando sempre as pessoas com pele mais escura que a minha. Sobre o racismo que elxs sofrem eu não tenho legitimidade pra falar, por isso fico na minha. E seria tão bacana que brancas e brancos fizessem o mesmo quando vierem discutir MINHA cor COMIGO. Por que sabe? Apesar de não precisar de aprovação de branco pra ser preta, me incomodo. (rs)

Se eu sou branca, como vocês explicam o formato do meu nariz com a textura do meu cabelo? Eu sou consequência de uma miscigenação forçada, nossa mãe África foi estuprada! 
Não me admira que vocês não saibam um pouco mais sobre a história do Brasil, uma vez que o ensino é eurocêntrico, passamos a vida escolar inteirinha estudando a Europa, a história da Europa, os caras da Europa, os branco da Europa. E do Brasil? O que sabemos? Que Cabral o descobriu e fim. SÓ QUE NÃO². 
Europeus estupravam as pretas escravas na época da escravidão. Porque não basta ser escrava, mulher e preta, tem que ser estuprada também. E como vc acha que nascia x filhx? Branquinhx do olho verde e cabelo liso? 

Então não vem me dizer que sou branca. Nem me dizer que não sou preta, sou “mulata” (Palavra de origem espanhola, feminina de "mulato", "mulo" - animal íbrido, resultado do cruzamento de cavalo com jumenta ou jumento com égua). As palavras "mulato" e "mulata" foram usadas de forma pejorativa para os filhos mestiços das escravas que coabitaram com os seus senhores brancos e deles tiveram filhos. 

Então não vem dizer que “racismo é coisa da minha cabeça” Então, poupe-me da sua ignorância. 

neguin



O dono da plantação de coca ninguém viu
mas o menó que trampa na loja misteriosamente sumiu
Era uma tarde linda de quarta-feira
eu tinha achado vinte conto pra gastar com besteira
Dobrei a esquina, logo um carro da civil
apertado no porta-malas ele ainda sorriu
Sorriu da própria tragédia 
sem trégua...
Papo de três minutos e seu destino foi irrevogavelmente traçado
Pro delegado eterno presidiário, embaçado...
O japa que o interrogava parou pra fitar meus peito
Respeito? 
Nu ta tenu. Nem pela vida, quem dirá pela morte. 
Pensamentos fortes!
pensamentos invadiram minha mente, violentamente.
pensei em tudo que defendo e prego, veementemente. 
Pensei na faculdade e o inevitável deslumbre. 
pensei nos patrício e a solução virou vislumbre.
Pensei na polícia enquanto instituição fascista
e no policial enquanto cidadão racista
pensei na expressão da mãe ao receber a ligação
pensei nas drogas e no dono da plantação
Pensei mais milhares de coisas, que não couberam somente na minha mente, e transbordaram pelos meus olhos
exalaram pelos meus poros...
Não só pensei, mas concluí, ali, a minha inutilidade
completamente incapaz, me restou assistir os menino na atividade
 Questionei a mim mesma na transparência: 
“Iae Lari, de que vale toda essa consciência?”