sexta-feira, 23 de março de 2018

Telemarketing, Capitalismo e Educação

na m o r a l 
falar com essas máquinas ura eletrônica, não é diferente de falar com uma pessoa mecanizada, adestrada a ler script, que perde gradualmente a capacidade de ESCUTAR (que é diferente de ouvir). 


Experimente perguntar ao invés do valor do seu boleto, o nome do perfume que a pessoa tá usando, ou a cor da blusa, ou se ela já comeu hoje? 


Fugiu do script? a pessoa buga! Pique máquina. 

Eu quando preciso ligar ou recebo uma ligação de cobrança ou venda, já me vejo em risco de adoecer de tanto stress que passo, imagina quem trampa?



daí fui ler sobre:


a cada 10 operadores de telemarketing, 7 tem doença psíquica. 
83% tem menos de 30 anos. 
na maior empresa do ramo, a quantidade de atestados de afastamento é maior que a quantidade de funcionários!! Por causa da rotatividade. Eles advertem e suspendem até alegarem justa causa.
Tem relato de operador que opta por trabalhar de FRALDA GERIÁTRICA pra não perder bônus por ir no banheiro. 


a gente tá falando de uma juventude de kebrada, necessitada, 
sem escolha sobre a própria profissão, e trabalhar é o que mais fazemos durante nossa passagem na terra. 
muitas vezes com filho pra criar, pq o Brasil tem umas das maiores taxas de gravidez na adolescência da América do Sul. 
uma juventude que nem pode envelhecer pra adoecer, adoece física e emocionalmente, antes dos 30 anos de idade!!
por causa da selvageria do capital. 


A culpa não é sua que "não estudou", "não correu atrás",
nem castigo de deus por não ter aceitado jesus aquele dia na igreja, 
a culpa é do capitalismo!


E não é demais procurar entender o mundo que determina as regras sobre sua própria vida, ou é?
não é papo de "gte de faculdade", é sobre o existir...


A contax é a maior empresa do ramo, ela é contratada pelas empresas que terceirizam o atendimento pq é mais barato (Itaú, Oi, Vivo, Santande, etc...) Logo, tem MUITO funcionário. 
E quem prepara o funcionário pra contax? A escola! 

Eu amo a educação, pq veja, tem um cara que diz (teórico sobre educação, que eu não me apego à saber o nome, mas pegar a visão) que a educação é a reorganização e reconstrução da experiência, pra dar sentido à vida. Isso é poético pra mim kkkkk 


E qual o papel da instituição que diz estar educando (escola)? 
educar?
ou produzir trabalhadores passivos e consumidores obsessivos? 
Que vão se submeter à essas condições de trabalho?

Alguém precisa produzir a mão de obra ideal para garantir o pleno funcionamento do sistema capitalista. E a escola tal qual como se apresenta, tem essa função. 


É tudo estrategicamente trágico. E isso porque estamos falando de forma isolada numa visão micro de uma empresa, de um ramo do mercado de trabalho.

vaivenu

terça-feira, 6 de março de 2018

Trança tua tristeza


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A minha avó dizia-me que quando uma mulher se sentisse triste, o melhor que podia fazer era entrançar o seu cabelo; de modo que a dor ficasse presa no cabelo e não pudesse atingir o resto do corpo. Havia que ter cuidado para que a tristeza não entrasse nos olhos, porque iria fazer com que chorassem, também não era bom deixar entrar a tristeza nos nossos lábios porque iria forçá-los a dizer coisas que não eram verdadeiras, que também não se metesse nas mãos porque se pode deixar tostar demais o café ou queimar a massa. Porque a tristeza gosta do sabor amargo.



Quando te sintas triste menina- dizia a minha avó- entrança o cabelo, prende a dor na madeixa e deixa escapar o cabelo solto quando o vento do norte sopre com força. O nosso cabelo é uma rede capaz de apanhar tudo, é forte como as raízes do cipreste e suave como a espuma do atole.

Que não te apanhe desprevenida a melancolia minha neta, ainda que tenhas o coração despedaçado ou os ossos frios com alguma ausência. Não deixes que a tristeza entre em ti com o teu cabelo solto, porque ela irá fluir em cascata através dos canais que a lua traçou no teu corpo. Trança a tua tristeza, dizia. Trança sempre a tua tristeza.

E na manhã ao acordar com o canto do pássaro, ele encontrará a tristeza pálida e desvanecida entre o trançar dos teus cabelos…" 

- Rui Sá