sexta-feira, 24 de abril de 2015

Engraçado

Ser preta não é mais questão de vergonha, mas de Status. 

Sou mina preta, e racho mina branca escrota memu, poukas.

Engraçado que na 3º série ninguém queria ter o cabelo duro, o nariz de batata e a pele escura.   
Engraçado que na adolescência ninguém recusava aquele convite pra “ficar mais bonita fazendo uma progressiva”. 
Engraçado que há menos de 3 anos atrás, ninguém queria usar acessórios que te fazem parecer “macumbeira”, como turbantes, por ex., até porque no país Cristão, ser macumbeira é feio, quase crime.
Engraçado que Dread sempre foi nojento, até as branca lora fazer. 

Daí a internet possibilita o acesso a informação e BOOOOOM: todo mundo quer ser preta!
Só que então, ami: uma coisa é LER, outra BEM DIFERENTE é VIVER. E não vem com papinho de colorismo pra justificar sua ancestralidade preta, pq somos brasileiras. E é ÓBVIO que vamos encontrar seus descendentes africanos pq – não sei se vc sabe – mas este país foi palco de um dos maiores massacres da história da raça negra. Então não venha com “Mas meu vô é preto”.

Eu não passei minha vida escolar inteirinha sendo a única, ou quase a única com o cabelo dito RUIM, sofrendo RACISMO, pra chegar na universidade e ver branca se auto afirmando negra porque leu sobre Dandara e se comoveu. Quer colaborar na luta? não fode. Quer me foder? Me beija. 

Engraçado que RACISMO ninguém quer sofrer...

Reflexão com meme é sempre didática


Sem tratar como indiferente um atentado, mas eis a prova de que a mídia dita ATÉ por quem você deve chorar:


Quem é que sabe?


Quem sabe se eu fosse branca, gostosa, estereotipada, omissa. 
Quem sabe se eu tivesse medo, desprezasse meus sonhos e não questionasse tanto, tudo.
Quem sabe se minha meta fosse status ou grana. 
Ou se eu estivesse disposta a abandonar as minhas raízes por um conceito vácuo de 'felicidade'.

Eu ainda não consigo encontrar palavras que cheguem perto de exprimir o que sinto quando vejo esta imagem. 

É Larissa, quem é que sabe? 
Por enquanto vamos vivendo, contrariando estatísticas e sobrevivendo no literal inferno.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Unir os versos deste universo.

Perguntar se tá tudo bem é o mesmo que responder que sim, por mim. Se eu to bem? Sério? Não duvido que parte de vocês aceitem que eu vomite meus motivos para não estar. Mas tenho certeza que a maioria, anda crente que ouvirá um clássico e mentiroso “Sim, tá tudo bem”. 



Olhares que desaprovam a aprovação dos fatos... 
corações que sangram no espaço.
Sentimento que se equilibra na confusão, se esquiva da ilusão e tenta passa a visão...
O amor é cura!

Gritos abafados no silencio da inocência. Faltou a decência.
Interno ferido e cansado, espírito ungido, mas defasado.
galáxia emocional destruída, camada de equilíbrio corrompida
chuva de ódio ácido nos estagna, explosões de meteoros a cada esquina...
efeito estufa que estufa a mente, aquece as ideia e queima quem sente.
Sensibilidade é maço de eight dividido, numa atmosfera que exala o fedô do perigo.
Como opção tem o minister branco, flerta com a ramelação, tem cadáver no barranco.

Abrir mão de prosseguir respirando, pra ver o caos com a vida, conflitando. 
Trata como animal, mas na real, paga um pau e fica na deprê por não ter cu pra fazer igual.
Enfermidade espiritual, chaga emocional, abandono da esperança, exaltação do mal. 
O universo existente em cada ser, complexidade que só tende a crescer, esperar pra ver, e ficar cego, sem conseguir decidir entre amor e o próprio ego. 
Melhora pros meus, melhora pros seus. 
Nosso laços se desfazem como cinzas de capim!
fazer o que se é assim?
egoísmo brinca de morfina com nossa brisa, enterra nossas reflexão na ilusão de que não há saída...
Um abismo pequeno. Um drama frio, uma lágrima que entope sua visão por um fio.

Cuidado. Nem sempre serão vitimas, nem sempre a questão é politica. 
Corações malignos, impiedosos possuídos, maldade. 
Olhares que avisam, desavisam e te faz ver a verdade. 
Cuida do seu olho, congela sua língua
quem sabe no próximo enquadro se livra de morrer a mingua...
Busca fora o que esta dentro, sai de si pra procurar algum sentimento.
Inocente. carente. com sede de compreensão e fome de perdão... crianças que apresentam defeito de fabricação! 

Pela paz negada. Pela dor dada. 
Pelo amor ausente, pelo ódio presente. 
Pela ideia trocada, pelo pensamento preso. 
Pela voz solta e pela palavra engasgada. 

Lute pelo seu direito de existir!

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Mulher preta borbulhando

E a guerrinha entre o roots e a borbulhação só cresce. Se apoiando no pilar frágil de um conservadorismo patriarcal, a galera deu pra ridicularizar uma vertente da música jamaicana: Dancehall. Mas, vamos sair do raso e ir pro fundo, já que é preciso se aprofundar - pra não se afundar? Então vamo!


O problema com a borbulhação é puramente machista. O ragga é o funk jamaicano, e todo aquele discurso que prega a luta contra a “falta de originalidade”, é misógino. Vou explicar: O reggae está diretamente ligado ao cristianismo negro (Filosofia Rastafari), que por sinal não deixa de ser machista por ser empoderado na questão racial. Jesus é negro e “todos nós” sabemos... Mas, os dogmas machistas continuam inabaláveis. Mulher rebolando a bunda ainda incomoda muita gente. Mulher PRETA rebolando a bunda, nem se fala. “Pq mulher presta pra lavar a louça, não rebolar a bunda no baile”, não foi isso que a bíblia nos ensinou? De rasta macho os baile tá cheio, mas pera amiguinho: Na quebrada não é todo mundo que ganhou computador com internet aos 15 anos que possibilitou a busca no google pela profecia de Marcus Garvey e te incentivou a tricotar o cabelo...  O país é cristão. Você é “rasta” mas sua mãe é crente, no mais católica. Então pare de achar que o mundo de paz, amor e ganja chega pra todo mundo. O primeiro passo pra aprender a respeitar as pessoas, é compreender que elas não viveram – nem vão viver (graças a Jah) – as mesmas coisas que você. 



Porque é muito foda como mulher PRETA chegar num baile onde toca musica PRETA, e não poder rebolar a bunda, sem que na sua cabeça isso seja interpretado como convite pra sexo selvagem. Afinal, com a mulher preta se trepa, amor ceis fais com as branca. Muito foda ser lida numa manifestação de resistência DO POVO PRETO, (baile de sound system, cultura de rua jamaicana) como a “mina que não é pra casar pq tá rebolando”. Porra, cadê as frases de efeito do Bob Marley que ficavam no rodapé do caderno na oitava série? 



Outra coisa: garota jah bless do insta não me representa! Mina branca morando na Granja Viana que tricotou o cabelo aos 16 pq nunca vai precisar de um emprego, e se descobriu feminista aos 17, não vai falar por mim!  Você sofre machismo também, mas existe uma abissal diferença no privilegio de estar dentro de um estereotipo socialmente aceito e bem quisto. Então, enquanto eu for preta e pobre, pode deixar que por mim falo eu.





A quebrada tá cheia de preta rebolando a bunda nos funk, e o feminismo chega lá em forma de tapa. Elas sabem o que é machismo muito antes de você ter lido sobre a Frida Kahlo. E antes de culpar a “putaria” lembre-se de cada gozada maravilhosa que vc teve e que – muitas vezes – só foi possível graças a mesma preta que você chega hostilizando nos baile como se fossemos um hambúrguer no deserto. 



Emancipem-se da escravidão mental, lembra dessa? Aprendam mais um pouco com a própria filosofia. Somos mulheres, somos pessoas e não pedaços de carne. 

Vai ter preta rebolando a bunda nos baile sim! E se reclamar compro aqueles broches do Imperador da Etiópia na porta do CCPC e pago de “dançarina rasta”, pq nóis é ruim de verdade...rs


Poukas! 


quinta-feira, 16 de abril de 2015

Falta não é saudade


“Todo pedra acaba,
toda brisa passa, 
toda morte chega e laça.”

No emprego novo o copo é idêntico, mas a lembrança não se deve a isso. O caminho até o emprego novo e dele pra faculdade nova, também é cheio de flores, verde. Mas, a lembrança também não se deve a isso. Camiseta dos Los Hermanos todo mundo tem, do Raul também... A que se deve a bosta da lembrança? “Cabeça raspada” não tem a mesma significação social de “skinhead”. Foi desnecessário. Fracasso na tentativa que desconheço...rs

Quem procura culpa, acha mágoa. Lembra? Até – e principalmente – quem ouve pagode...

Quando o resultado da balança aponta mais mal do que bem, é hora de decidir parar. Todo mundo sabe sua própria hora. A diferença é o tempo que cada um leva negando essa consciência, por comodismo. Sim, é cômodo ser “vítima”. Eu mesma nego, faz uma cota... Mó dor da porra, tão forte que vicia, eu sei. 
EU SEI.
E é triste eu saber, sozinha, ou melhor, sem você... também sei disso. 
Mas me importo. 
Toda manhã. 
Não só as quintas. 
Duvidando você ou não...

Eu me importo. 

Justamente porque vivo e lembro. 

terça-feira, 7 de abril de 2015

Fim

O jeito que ela pisa no chão denuncia
O jeito que ela te olha anuncia
As possibilidades, ela renuncia...

Tudo que ela quer? 
Dividir seus dias
com
você.

Vem?