quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

demasiada

Relatos de uma jovem louca é o nome desse blog, e não á toa:

Horário de verão dá oito da noite tá claro, e eu moro na roça. Sol Nascente tem trilha, lagoa e passa boiada na rua de goma. Dá pra imaginar a estradinha que até pouco tempo era de terra, com mato dos dois lados.

To eu vindo a pé pela beira do mato pq não existe calçada pq não existe pedestre --',
sozinha, 
com roupa de calor pq né, 
vários carro tirando fina e buzinando,

avisto um bico aparentemente loco, pelo andar desgovernado e umas parada repentina e suspeita.
eu não tenho medo. mas o silêncio ensurdecedor da mata, somado ao escuro que timidamente chegava, me fez enxergar o contexto:

"a minha mente vai a mil, eu começo a viajar... ♪"

meu diálogo mental comigo me dizia:
"Oi linda, não é você que diz não ser saudável suspeitar de todo homem? calma. 
e tá suave lari, ele não vai pá na sua,
e SE ele pá, tem vários carro passando...
Ninguém vai ignorar um suposto ataque de um homem à uma mulher, de noite, numa estradinha perigosa..." 
(repeti isso a mim mesma pra não chapa no medo)

Daí lembrei do ambulante (homem) sendo assassinado no metrô (espaço público central), enquanto vários bico passa e sim, IGNORA.

a despreocupação que sempre me acompanha dá lugar ao medo, a consciência fere e exalta minha fragilidade, incapacidade. minha emoção despenca da alegria ao desespero em segundos pelo simples fato de ter um cara se aproximando. Que talvez nem tinha me ganhado...

ele disse algumas grosas que nem ouvi devido a concentração doentia em acelerar os passos. Não fez nada e eu to suave.

quer dizer, to pensando aqui sobre o absurdo que reside na banalidade da rotina de qualquer mina. to com raiva pq parece que pra ser triste tem que acontecer algo. 
pra fazer uma analogia que homem entenda: talvez o sentimento que mais se aproxima disso, é ser preto e nessas condição avistar uma vt. 
Mas ser mulher é carregar outras certezas, outras neurose.

só esperando o questionamento dos bico em relação ao que realmente IMPORTA nesse relato ~dramático~ e ~exagerado~ sobre um fato ~irrelevante~: o que você estava fazendo a pé na chica luiza, de noite, sozinha, com roupa de calor?

- não interessa, o mundo é mó lixo.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

coração lúcido

Existem dois tipos de pessoas, as que enxergam todas as outras como irmãs, até que se prove o contrário. 
E as que veem todos como inimigos, até que se prove o contrário. E na juventude, essa situação inclui a emenda sexual. Ver em todos os bico possibilidades de sexo, também é uma característica xofem. 

Particularmente, eu não costumo contar com a cabrerage, não pressuponho a crocodilagem dos bico, não gosto de estar na defensiva aguardando ataque. E digo isso na estruturação de qualquer tipo de relação, rasa ou íntima, não é saudável esperar o pior das pessoas que se tem e escolhe ter por perto. 
SÓ QUE, nós vivemos uma época neste mundo, que as vezes nos obriga a esperar a filha-da-putagem dos outros, por ela ser constante, óbvia, previsível e desesperadamente comum; de modo que a inocência se torna motivo de chacota, os bico começa a confundir bondade com burrice. E as vezes tiram proveito de pessoas assim, sem ao menos estar na maldade. 

Agora eu penso
o quão doente é o mundo que vivo, que me adoece.
Onde chorar é vergonhoso e à sra frieza nóis faz prece. 
Onde um abraço duradouro, constrange, quase fere.
Onde pedir desculpas é estar por baixo na pirâmide do ego, que só cresce.

O quão enfermas estão as pessoas que não enxergam o absurdo na banalidade?
Que aceitaram a clássica da “vida ser assim mesmo”, sem muita dificuldade.
Que se acostumam com o que é ruim, por pura e mera vaidade?
Ou elas estão bem, saudáveis?
Chapando está nóis, conservando a revolta, dando att às “bobage”?
Não sei 
O que sei é que

A falta de afeto mantém o coração inquieto
Mas a falta de consideração, criminaliza a carência, como se nóis fosse objetos.
Daí todo mundo finge q tá suave e fica quieto
Afinal existe uma mascara social pra camuflar nossos insetos

“Mas isso é exagero, é drama é a falta de (adoro essa palavra) maturidade!”

Amadurecer nessa cidade é chegar aos 30 exausta das própria verdade...?
Abandonou os sonhos, pra viver ilusão vendida pela TV
Esqueceu que o tempo não respeita nem o universo, quem dirá você
Ele atropela nossos castelo com a beleza de cada amanhecer
Ele nos presenteia com rugas na alma, a cada anoitecer

e tem gente que ainda acha aceitável perder tempo jogando
com pessoas, relações, sentimentos
fingindo desinteresse, pra parecer interessante. 
Troca a essência de endereço, pra corresponder a solidão arrogante

isso deixou de me revoltar, pra me entristecer
é uns baguio que tá explicito, mas nóis se nega a ver
e aí da senhora que vive aprisionada num corpo de 23 anos
que não permanece calada, perante essas patifaria de viver se enganando.
Seus vazio exaltando
Com a sorte contando
A morte esperando

Aí daqueles que não são maduros, não sabem lidar
Com essa coisa de segurar a emoção, pq é vergonhoso chorar
Aí dos que preservam a transparência
e resistem as aparências
numa era de puramente estética
e completamente sem decência

Onde se encaixam nossos sonhos, 
num mundo onde nosso coração é proibido de sentir ?
Não podemos nos curvar 
perante a multidão que se deixou levar
Sentir só é errado pra quem passou pela vida, mas deixou o viver no passado.
Chorar  só é vergonha, pra quem não permite que NAS lágrimas o sofrimento se imponha.

Um salve pros verdadeiro, quem é sabe!


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

tubo de ensaio

Eu sou quem você tenta entender
mantendo aquela distância segura
Sou metodologia que vem pra inverter
essa sua mania de me analisar
diagnosticar minha "doença" e na sequencia oferecer sua 'cura'?

Sou quem ontem você tirava, ironizava, ria
mas quem hoje você romantiza, bate palma, admira
Sou gíria inexistente em dicionário
sou cada verbete exigido por professor, doutor: otário!

Sou curiosa e não pesquisador
pesquisa a dor que não é sua? 
Toma um gole de amor, vai truta...
Vê se melhora essa tua postura!

Sou a espécie que você coleciona diplomas sobre
mas não sabe porra nenhuma a respeito
Sou a feminista de quebrada, que ao mostra os peito
foi ridicularizada e não exaltada.

sou teu fetiche com roupinha surrada
sou axila raspada
sou a Frida que sua militância arrogante Kahlou 
sou manifestação que no universo universitário, não durou...

sou leitura acumulada, sou a bibliografia que foi desprezada
sou a fala que foi negada 
aquela aluna mano, que tá sempre atrasada.

Eu sou a materialização da sua observação
Sou mais que sua ótica, eu tenho minha própria visão
Sou complexidade que não cabe em artigo
e pra me calar? reserva essa existência pra garimpa motivo 

pq eu sou vertigem imune ao desmaio
Muito prazer! 
Eu sou o objeto de estudo, que escapou do teu tubo de ensaio.


taipaz



A grandeza da banalidade nos alegra, não por ser cotidiana, mas rara. 
Não por ser momento, mas eternidade. Não por ser novo, mas real.
O significado reside na emoção. É preciso sentir pra entender. 
Alguns acontecimentos dispensam explicação. E não é errado exaltar a beleza, o desejo, a troca.

Uma multa no busão que consta, te arranca um sorriso. Talvez o único do dia. "não tive de brigar" não ter que brigar é ganho.
Nossa bolha não é confortável como se submeter ao que a existência nos nos impõe, e não por nela não estarmos plenos, mas por que delas, temos que sair. 
É desconfortante existir num mundo não propício as pessoas sensíveis, por isso busco ser querida e não tolerada. Enxergo apesar de, uma preciosidade na vida. E não dá pra ignorar embora eu colecione motivos para. 
Nóis aprendeu desde cedo a não desperdiçar, sinto que devo universalizar essa sensação.
Mano, as vezes um bom dia não dado por obrigação mecanica, transforma o dia.
Transforma as formas
trans
gride, o momento.
Então amem, e por favor, sem acento...

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Cada existência com sua urgência

Eu preta na faculdade
Estudando opressão, racismo, diversidade
Maximizando depressão ao descobrir as minha verdade...


Atravesso a cidade
De Guarulhos pro Jaraguá
E quando volto pra minha realidade
meu castelo desaba, saio de mim pra me olhar, me vejo pá...


A frustração de não conseguir aproximar os mundos
A incapacidade me dando oi, em forma de um esgoto imundo
A reflexão sobre a necessidade da tal formação
A vontade de desistir, tomando grande proporção...


Escrever artigos, dar palestras, pensar alto
Exaltar o ego, enriquece o lattes-que-não-morde, e se der sorte, subir no salto!

Mas de quem é a missão de descer dele?
Falar pra branco aplaudir, escrever pra favelado rir?
É preta, o que cê tá fazendo aqui?


Essa bosta de diploma, vale sua saúde mental?
Essa merda de ambiente, te faz bem ou te faz mal?
Entre status exigido pelo capital, e a sua integridade emocional, você escolhe qual?


E vai chover militante pra te dizer, que é importante ocupar os espaços, aqueles termos clichês
Vai vir branca te fala, sobre a estrutura racista da universidade que só você pode mudar. (tsc tsc tsc)
Vai vir uma galera namastê elevada te ensinar
Mas ninguém vai ter cu pra te abraçar!
Pq ali, saber sempre vale mais que sentir.


“Pq nóis luta por um mundo melhor, nóis é da militância
Mas se na dicção vc for pior, nóis vai degola sua esperança
Nois parte do princípio de que todos sabem, nóis fica pá com sua ignorância
E quando nóis esbarra na sua realidade, do baque só sobra nossa política de boa vizinhança.”


Não é à toa que eles vomitam dados estatísticos sobre o extermínio do meu povo, fumando calto
bolando skank no estilo dedo de macaco
E seu pai dando um trampo no banheiro do seu barraco.
É preta, quais são suas prioridades? 


É aquilo.
cada existência com sua urgência
cada ótica com sua carência
e cada loco com sua preferência 


terça-feira, 13 de setembro de 2016

Licença aqui, deixa eu mostra como se faz um texto sobre ex


na transparência memu:


Ele brigava pra cortar o alho do jeito dele (como se fosse o certo) e quando ia na farmácia compra o remédio da cólica, dava multa nos esmalte caro da anita. Ele nunca acertava a cor, mas a intenção me apaixonava.

Ele amarrava meu tênis, carregava minha bolsa e ascendia meu cigarro enquanto me dava sermão pra eu para de fumar.
Com ele eu assistia filme babaca e peidava de rir, pq alegria não tem nada a ver com comédia...

Com ele eu ouvia espaço rap no carro, tirando onda de quebrada fazendo voz da kamila cdd quando tocava estilo vagabundo.
Me sentia a completa adolebosta...rs

Com ele eu não usava maquiage, ficava meses sem fazer a sombracelha ou a unha. Primeiro pq eu não ligo e segundo pq ele tinha o dom de fazer eu me sentir a Rihanna. Mesmo com a rinite atacada, catarrenta, parecendo um panda inchado.

Com ele eu experimentava aquela satisfação de vó, que faz um rango monstro e fica assistindo o neto comer dizendo que ta amais. 
"come mais meu fi" hahaha

Ele fazia vídeo desfocado quando eu começava a cantar, e me admirava de um jeito que eu me sentia a própria beyonce cantando gospel.

Depois de toda briga ele arrumava a casa, como quem pede desculpa. E eu cantava aquela do Jorge Aragão com a mesma intenção, nunca falhava.

É uma delícia ter alguém que cê entende só de olhar. É uma delícia dialogar em silêncio, só (como se fosse pouco) com gestos e expressões faciais. Uma delícia na mesma proporção que - nos perreco - isso é irritante em nível de desesperar. Cê tá lgd kkkk

É uma delícia não ganhar uma bronca por ter esquecido a toalha de banho. É uma delícia pegar o trem cheio se for pra ir na direção da pessoa. O fone de ouvido tocando Sensação, me presenteava com uma bolha impenetrável. Me via num filme de romance babaca, naquelas cenas onde a expressão de apaixonada imbecil congela na paisagem verde da linha 7 rubi. 

Que merda.

Dar uma pequena fuga nos rato com ele era divertido, não dava pra sentir medo do lado dele. 
Exceto quando a síndrome de piloto de assalto dele, atacava... Só deus.

A primeira vez que arrotei alto do lado dele, me olhou surpreso e me chamou de linda. 
Ganhei um beijo como quem quer presentear.

Como não sentir saudade, dizae?


A saudade é saudável. Pq ela é sustentada por tudo de bom que foi vivido. 
A saudade não é constrangedora, porque é ela que aniquila com doçura qualquer vestígio de orgulho pós término. 
A saudade as vezes é preocupação e cuidado com quem participou da nossa vida. plena e intimamente. Com quem saiu do raso e foi pro fundo assumindo o risco de afogamento. 
A saudade nem sempre significa vontade ou disposição pra voltar.

Viva sua saudade. 

Mata-lá as vezes é morrer junto.

Saudades negão palmiteiro, machistão, que saudade cusão. Kkkkk

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Enquanto isso

Enquanto nesse mundo os pelinhos de nariz for consequência das vitórias,
vai ter loco caçando flash de sanidade pra resgatar as próprias memórias.

Enquanto na cama o amor for comido, 
vai ter gente direcionando o olhar pro próprio umbigo.

Enquanto na casa, o lar for abolido, viveremos à escravidão dos laços.
E quando das discussões só restar o abraço, estique seus braço...

Enquanto houver informações sobre morte, 
aumente a intensidade da vida, e nunca deseje ao outro, sorte.

Enquanto nos lugares, os olhares forem desviados, nossos pares serão sequestrados. 

Enquanto na loucura não se reconheça a sensatez, 
grandes corações serão reduzidos à pequenez. 

E enquanto o medo em nós fizer morada, 
vamos gargalhar inclusive do que nunca foi piada.

Não deixe a raridade se aproximar. 
Acredite com frequência e ore com paciência. 

Acorda!
Pq a corda tá no seu pescoço; e enquanto cê procura quem amarrou, tua carne dá lugar a teu osso.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Surpresa II


A lógica da sobreposição se fazendo nítida nas minhas brisas da madruga.
Essa coisa de pensar tanto sobre as situação, se revelando como maximizador de depressão, me perturba.
Aqui fala uma preta favelada, que resolveu dar fim ao que socialmente é motivo de piada, antes que a tragédia da própria afetividade fosse racionalizada.
Pq a consciência pode até te libertar, mas vai te acorrentar à lucidez sobre as próprias dores. Vai te elucidar a construção dos amores...
E o escape pode até ser a negação da militância, o abandono da esperança, o dar de ombros pras própria andanças...
Mas, a consciência vai permanecer ali. Tranquilamente sentada na cadeira de balanço da sacada, com um olhar sereno te observando virar pó, sem dó.
A porra da consciência vai estar ali, como o barulho da geladeira na madrugada, te iludindo sobre um silêncio pleno, pique aqueles de mata, tá lgd?
Ela te acorrenta à cruel noção de que sua incapacidade é equivalente à trágica realidade.
Pq é aquilo, bob já disse: Você pode correr, correr, correr e correr, mas jamais conseguirá fugir de si mesmo!
Mate seus demônios internos, ou aprenda a conviver com eles. É preciso cuidado para os dois desfechos, no enterro ou na alimentação dos seus monstros, cuidado pra não se tornar um.
Fazer poesia sobre, é a prova real de que ninguém aqui ta cansada o suficiente pra abandonar.
Aliás faz é tempo que o suicídio não vem me visitar, com aquela boca que por muitas vezes parecia irresistível de se beijar.
E eu resistia...
Com aquele olhar que violentamente sutil, me fazia duvidar;
Questionar esse conforto tão utópico que ele oferece de não acordar,
não pensar,
não sentir
e por fim ao respirar quando partir...
Não mete o loko aqui suicídio, eu já até escuto os teus sinais, eu já até sinto o seu cheiro.
Eu já e
até, voltei a ter medo.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

há alguns anos atrás, há alguns quilômetros daqui

Eu tive um amor agudo.
Hoje ele esta grave.

Então não fale comigo,
se for pra me dizer o que já sei, o que foi inevitável.
Só fale, se for por respeito a todos os corações envolvidos, inclusive o que foi desprezado. 

Nem fale comigo,
se for pra me dizer que tem planos, sonhos e muita paciência.
Só fale, se for pra assumir que não era sabedoria sua, mas desistência. 

Aliás nem fale comigo
se for pra me usar como desculpa, pra por a culpa
em mim.

Nem pá.
Se for pra falar que eu não estive inteira nisso.
Só vem pá na minha
Quando algum músculo do seu corpo estiver disposto a se mover na minha direção. 
Pq nunca, nenhum esteve.

Eu sempre fiz o corre. 
Sempre acreditei na sua imagem congelada na janela daquele ônibus de viagem azul. 
Linha azul do metrô de SP.
E de que vai adiantar, lamentar? 
Você nunca precisou da minha aprovação, por que agora logo agora, eu, vc ou alguém nesse mundo, se renderia á provocação?

Eu sempre fiz o corre.
Eu idealizei vivenciar ao seu lado todas as glórias da nossa união. Porque sim, seria gloriosa.
Mas você escolheu tornar isso impossibilidade.
Eu me submeteria a repensar o Cristianismo, a aprender a falar manso e ser menos brigona. Porque sim, eu sei dos meus erros.
Mas você escolheu tornar isso impossibilidade.
Eu adoraria vivenciar ao seu lado – INCLUSIVE e principalmente – todas as angustias de ter brigado, discutido. Porque sim, eu sei que com você, seria motivo pra fortalecer, jamais enfraquecer. 
Mas você escolheu de novo, tornar até isso impossibilidade.

Eu te amei. 

Então nem fala comigo. 
O seu silêncio sempre me disse mais. Respeite quem nem sabe que eu existo.
Eu só quero voltar a dormir, pra ver se a memória para de insistir, em lembrar de quem nunca vai estar aqui. 

seila

terça-feira, 7 de junho de 2016

nascida na babilônia, não pertencente a ela.



Eu nasci nessa babilônia sim, mas eu não pertenço a ela
eu vim pra fazer história e não pra chapa assistindo novela
eu vim foi pra me unir com cada loco disposto a resistir
à toda sujeira que reina por aqui...
Vim pra desconstruir esse castelo feito com nossos ossos
e pra desmascarar cada demônio que finge ser dos nossos

Eu nasci nessa babilônia sim, mas ela não me arrebatou
eu vim pra fazer mais do que existir, e não pra me submeter ao que ela deturpou
Vim pra convocar cada soldado que já tá armado e ainda não se ligou
Vim pra gritar alto nos ouvidos dos verme que achou que me calou
Vou viver pra estampa o desespero na cara de quem tanto tento, 
mas não me mato!

Eu nasci nessa babilônia, sim!
mas tem alguma coisa dentro de mim,
que me dá a convicção que nóis não nasceu pra viver assim.
E de onde vem a porra do sentimento de inconformação constante com a realidade?
De onde vem essa ansiedade em encontrar uma suposta verdade?
ou pelo menos uma explicação?
E você pode arriscar dizendo que é culpa da razão. 
Mas enquanto a mente não sentir, me desculpa...
eu atribuo ao coração.

A magnitude do sentimento que eu tenho aqui, não me permite crer que ele seja meu
pq mano, 
escorre pelos olhos
exala pelos poros...
Então, meu Senhor, se foi vc que me presenteou com a revolta, quero agradecer
Ela é a coisa mais preciosa, que eu nunca pedi pra ter
Falhei em mecanizar meus sentimentos, e não foi á toa
Então se eu chora, me perdoa...
É que militar
ainda não me deu a habilidade de falar sem me emocionar
sobre a podridão de um sistema que decide quem vai rir 

quem 
vai 
chorar!

aparição

Se tranca no quarto, chata.
Se entope de comida.
Reclamação mental permanente.
Usa mente, lembra que muitos que também sente, não come.
Daí come mais, só emagrece.


Responde a vontade de sumir, com a lembrança de que não tem pra onde ir. 
Carrega em si, uma solidão populosa. 
Sente atração por paradoxos trágicos. 
Quer estar só.
Só pra pedir a Cia de alguém, e quando vira pó
Varre as próprias cinzas como ninguém.

Não chora, não lida, foge
Ignora as despedida, fode. 
Entalada nas frestas, procura as brechas.
Com fome de justiça, devora a esperança.
Degolada, a paciência agoniza 
enquanto o arrependimento faz festa...
Solução se distancia e foi por isso
Que eu não terminei essa poesia. 

tá tudo ok


Os primeiros assentos do busão a serem ocupados são os individuais...
Demonstrações públicas de afeto provocam constrangimento
Os 'bom dias' são ditos por obrigação mecânica
O contato visual é insuportável
Abraços são raros.
Natureza destruindo a construção humana? é catástrofe.
Humanos destruindo a natureza? é progresso.
A lógica capitalista que preenche os beijos
A desimportancia das pessoas versus a importância do dinheiro...
A publicidade estuprando os desejos
A estética alimentando medos
Cada um na sua, sem a companhia de si mesmo
O mundo todinho, a esmo...


E vocês aí achando que o problema é a carência, as emoções e o apego.
E a solução? Se bastar a todo tempo, mais pensar que sentir, preencher os vazios
com
o
vácuo.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Em síntese, sinta-se.

 'Nunca demonstrar. Cara amarrada sempre. Constantemente na defensiva, como se toda tentativa de aproximação fosse uma ameaça. Sem ousadia, sem sorriso torto, brecando simpatia.
Pq vc estava a todo tempo sendo observada, julgada e condenada. Condicionada a manter uma reputação que não lhe interessava e se quer sentido fazia. Postura que você não merecia, e se quer concordava...'



Eu to exausta. Desse papinho de mesmo quando tamo interessada, 'ter que' mostrar desinteresse, pra parecer interessante... (?) Daquele que afirma que o desprezo faz o outro te amar... (?)
Aquele outro que trata a carência como nojenta, é crime, é coisa de gente não-madura', é proibida... (?)
Dichavar os momentos, superar, passar por cima, ser madura. Inclusive a tal maturidade é muito citada, muito imposta e muito inalcançável. Afinal, em que consiste esse conceito de maturidade que transita entre os jovens - e não só jovens?

Se bastar a todo tempo? nunca precisar de ninguém pra nada? quanto menos falar sobre o que se sente, melhor. Se trancafiar numa solidão não saudável, que ao invés de te ajudar a crescer, te atrofia a sensibilidade? Suas dores devem ser ignoradas, as hemorragias estancadas, pq o importante por aqui é mostrar pro mundo ao seu redor que sua vida 'vai muito bem obrigada', que você está quase virando um robô, afinal, quem nasceu pra amar foram as árvores, não nós. Nós nascemos pra erradicar sentimentalismo brega, cafona, modernizar até conseguir mecanizar sentimentos... Jogar um jogo de fingimento!

O vazio com que se troca energias nos relacionamentos - amorosos ou não - é imenso. E não basta ser vazio, tem que ser grande em proporção...
E cansa rejeitar essa doença, porque isso são sintomas de um mundo doente. Será mesmo saudável envergonhar-se da carência? Ao falar de amor - mas de AMOR memu, para além de relacionamento a dois - sentir-se constrangidx? Será mesmo natural um pedido de perdão te trazer a sensação de perda? Um de desculpas te fazer sentir-se troxa, que não deveria se desculpar 'por algo que não fez'...?

O grau de previsibilidade de um relacionamento, a preguiça de ingressar e se dedicar causada pela obviedade dos desfechos trágicos. O medo dos términos, passou a evitar os começos. E na moral, vivo para que isso nunca volte a acontecer. O amor é aprendizado constante e não devemos nos envergonhar ao reconhecer que nele somos aprendizes. Não devemos temer este sentimento que nos ensina tanto.  Relacionamento é detalhe, trampolim, oportunidade de aprimorar nossa maneira de amar. Aprender a amar é tarefa pros fortes que reconhecem: ainda não sei!
Então entre loucos e desavisados amem, sem acento. Amém?

Eu rejeito por muito tempo essa postura combativa em relação aos outros, primeiro porque vai contra o que acredito e segundo porque eu já fiz o teste, e não minimiza dor - se é isso que essa ideologia do individualismo com uma pitada de capitalismo, tenta vender né.

Mas cansa rejeitar esse ciclo, principalmente quando o mundo todin naturaliza tudo isso, te faz sentir-se como uma e.t., você começa a crer que o problema é com você, que está 'atrasada' pra missão de regredir...rs
Já pensou? Eu hein, tá loco. Não é simples manter-se convicta no amor, toda hora as pessoas e situações vem testar nossa fé, sorte que nóis é mil grau. (E eu amo essa coisa de se referir a si mesmo no plural <3).

E mano, para além de uma ideologia bonita, admiro e prezo a prática dessa beleza ideológica. Eu já fiz o teste, cansei de perder as oportunidade de crescer pro meu ego, e hoje eu to firme na disputa, se depender de mim ele vai começar a perder de w.o.
Ego é um depósito de lixo emocional que fede dentro de nós, escorre chorume que contamina nossos mares, nossos lares, nossos ares... É a bota que desgastamos no espinhoso caminho da espiritualidade...
O ego é o breque na missão de crescer, ser alguém melhor. E se não nascemos pra isso, pra que foi? Comprar coisas?  Você realmente acredita que nasceu pra trampar até os 60, comprar coisas, comer, fazer família e aguardar a morte? Da utilidade da existência mesmo, vamo fala disso?
Slc até parece que Deus me criou linda pra eu seguir as ditaturas doentias do capitalismo, abraça.

Eu tenho uma brisa - e tenho certeza que nao é brisa - de que todo mundo carrega dentro de si algo que nos conecta. Não me peça pra dar nome, mas - tirando os soldados da PM - nenhum ser humano consegue sentir-se indiferente ao ver um exemplar da própria espécie agonizando... É científico essa parada, e você pode me apontar as guerras como indicador de fracasso dessa teoria. E eu te aponto a aceitação e naturalização das mesmas guerras, como indicador de enfermidade, de necessidade emergencial de reflexão, questionamento, mudança.

Não é a toa, nem pecado essa carência de um abraço na segunda-feira depois do almoço. Pq você comeu, mas ainda sente fome, ainda tá vazio. Não é errado sentir, não é vergonhoso chorar. Não é imaturo se desesperar.  Não é loucura parar pra pensar. Não é honesto se distanciar de si mesmo.
Mude o campo vibracional e experimente. Tire um dia da semana pra NÃO interpretar um elogio com sarcasmo, ou como 'elx só quer me comer e me jogar fora'. Fax um teste, tira outro pra NÃO desconfiar de uma gentileza... É mó desafio e eu to ligada. Um dia sem olhar pro outro como adversário... Mó pião, inda mais pra mulher. Mas um pião válido, que resignifica várias óticas. Que te faz lembrar quem é, e pra que veio. Que te resgata pelo menos pra superfície do mar de materialismo no qual estamos imersos...
Ouse em descobrir sua utilidade na terra. Faça mais do que respirar. Apresente a este sistema podre, o seu defeito de fabricação. Deixe sua marca, exalte sua dor, detalhe sua luta. A vida é curta demais pra nóis chapa em brisa torta de abastecer status, de mais parecer do que realmente ser. Curta demais pra encarar os outros com raiva as sete na manhã. Adquirir uma mentalidade de leito de morte é a coisa que mais valoriza seus segundos. Magina que depois disso eu vou temer o que vão pensar de mim caso eu diga o que sinto, abraça. Não tenho culpa de ter nascido pra brilhar, mas ver meus irmãos na escuridão do buraco da solidão me fere, porque eu já estive la...

Enfim, ouse em ser alguém melhor a cada dia, e mesmo quando isso lhe render constrangimento - porque vai - entenda como confirmação de que o caminho é esse! A batalha se torna árdua quando o alvo a ser mudado é seu interior, mas não se intimide, pois o que mais vai tromba no caminho é gente perdida, achando que sabe a direção. Faça do amor criador, a sua convicção inabalávi.

Up!