sábado, 24 de janeiro de 2015

2 de janeiro

Isso é tão íntimo...


Eu sou bem problemática. Não gosto de fazer a unha, nem gosto de assumir meus erros. Prefiro assumir que não gosto de assumir os erros. Alguns parabéns eu recebo por educação, outros ignoro pelo mesmo motivo. Ficar mais velha é uma puta depressão. Não por me aproximar da morte, mas por ter feito pouca coisa em tanto tempo. Na verdade quase nada. 22 anos e o que eu fiz? A quem fui útil?  Tem hora que nem música me ajuda. Tem hora que ouvir minha própria respiração é tudo que eu quero. Só pra que neste falso silêncio eu me auto-condene por querer isso. Ridícula. A energia é pesada. Tanta mágoa, tanta dor, tanta raiva. Sentimentos que insistem em conflitar com a minha consciência de que só fazem mal a mim mesma. Entram em conflito>>>ganham, é óbvio! Da mesma maneira que uma paixão coloca no bolso sem esforço toda nossa racionalidade. Os sentimentos ruins que me foram injetados e mesmo rejeitados, insistem em fazer morada nessa moça de pouca idade. Sem aquele papo chato de espiritualidade. Sem aquela fábula chata dos lobos internos. Se dominássemos nossa animalidade, o mundo não estaria mergulhado na maldade. Nós humanos não desenvolvemos essa capacidade, de controlar ou escolher a maneira como nos sentimos. Abaixo  a meritocracia emocional, espiritual então nem se fala. É tão difícil me olhar o espelho e gostar do que vejo... Qualquer moça esteriotipada e nula de originalidade me parece mais atraente que eu. Mesmo sabendo que meu charme é justamente esse caráter problemático. Que minha beleza revela-se superior à estética. Supera e neutraliza qualquer balbucia sobre os padrões construídos socialmente. De que vale a consciência? De que vale pensar tanto em tudo? Se não consigo ao menos me agradar ao me ver, ao saber de mim? 
O mundo é uma merda. A existência é uma condição miserável. Nem morrer podemos. Nem viver podemos. Precisamos aguardar pacientemente o desfecho da porra toda. E se a angustia tornar a mala da alma mais pesada todas as manhãs, trate de retirar forças do cu, sim! Do orifício rugoso. Porque não existe alívio. Não existe pomadinha anestésica. Qualquer sensação de fôlego é ilusão pura. É efêmera e portanto mentirosa. E a consciência continua sendo inteiramente inútil, ou melhor: minto! Sua principal e preferida utilidade é tornar tudo trágico. Inclusive momentos de possível felicidade. 

Como posso classificar o não-existir como algo  ruim? Como, deus? 


3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Devo parabeniza-la pela insanidade de compartilhar suas ideias, pensamentos e convicções em blog de acesso totalmente publico. A vantagem de conhecer a si mesmo, é não ter dificuldades para se expressar. Concordo com muitas de suas postagens, discordo de outras e algumas não entendo, afinal não sou você.

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  3. Realmente até hoje me pergunto de onde tirei coragem: Insanidade! Gratidão por ler e participar disso. Sou completamente louca, mas não estou só...

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