Antonio e Maria

A primeira foto foi tirada em 1960. Ela tinha 22 anos e ele 27. A segunda foto foi tirada semana passada, depois de 54 anos. Ela esta com 77 anos e ele com 82. Estão casados desde 1958.

Aquela clássica história dos casais nordestinos que destinam-se à SP para 'tentar a vida'.

Doméstica e Pedreiro.
Antonio e Maria.
Meus avós.

O quanto é bom relembrar e resignificar coisas, situações e pessoas...

A arte de enxergar além, resulta na arte de respeitar além de.
Estou morando com meus avós à 7 meses. Tenho 21 anos, minha avó tem 77 e meu avô 82. Eles estão velhinhos já. Mas, “já” não é a palavra correta. Como assim “já”? Experimente a convivência com eles para descobrir o mar de vivência que navegaram. Viveram muito. E sem o “já”. Passa a ideia de que “podem morrer”, ou a ideia de que foi pouco tempo, e depois de ver de pertinho, digo sem receio: Não é pouco tempo.

Essa experiência me proporciona um leque de possibilidades de interpretações. Sim, milhares de formas de interpretar, analisar e compreender: Crenças, valores, conflitos, cultura, costumes, ideias, discursos. Tudo. Essa experiência me permite ver a mais nítida tela de qualidades e características boas, nos proporciona a valorização da simplicidade.

As pessoas se revelam na sua simplicidade, nos seus detalhes íntimos até a forma com que gesticula e marca sua característica herdada. Forte se mostra a passagem de características de geração em geração. Lindo é nos sensibilizar com que o outro tem que de melhor de mais intimo e positivo. Sentir, notar, exaltar e resignificar. Lindo.

A afirmação de uma identidade familiar, a aceitação de costumes e crenças. A naturalização de problemas passíveis de solução.
Cada um, com tudo que a vida lhe deu, molda a sua maneira de viver. E viver bem. Respeitar as pessoas é um dom, que nasce da semente chamada compreensão.

Gratidão a Deus pela oportunidade única de aprimorar meu ser. Nem eu tenho noção do quanto isso me transformou pra melhor, mas um dia terei!