quinta-feira, 30 de junho de 2016

Surpresa II


A lógica da sobreposição se fazendo nítida nas minhas brisas da madruga.
Essa coisa de pensar tanto sobre as situação, se revelando como maximizador de depressão, me perturba.
Aqui fala uma preta favelada, que resolveu dar fim ao que socialmente é motivo de piada, antes que a tragédia da própria afetividade fosse racionalizada.
Pq a consciência pode até te libertar, mas vai te acorrentar à lucidez sobre as próprias dores. Vai te elucidar a construção dos amores...
E o escape pode até ser a negação da militância, o abandono da esperança, o dar de ombros pras própria andanças...
Mas, a consciência vai permanecer ali. Tranquilamente sentada na cadeira de balanço da sacada, com um olhar sereno te observando virar pó, sem dó.
A porra da consciência vai estar ali, como o barulho da geladeira na madrugada, te iludindo sobre um silêncio pleno, pique aqueles de mata, tá lgd?
Ela te acorrenta à cruel noção de que sua incapacidade é equivalente à trágica realidade.
Pq é aquilo, bob já disse: Você pode correr, correr, correr e correr, mas jamais conseguirá fugir de si mesmo!
Mate seus demônios internos, ou aprenda a conviver com eles. É preciso cuidado para os dois desfechos, no enterro ou na alimentação dos seus monstros, cuidado pra não se tornar um.
Fazer poesia sobre, é a prova real de que ninguém aqui ta cansada o suficiente pra abandonar.
Aliás faz é tempo que o suicídio não vem me visitar, com aquela boca que por muitas vezes parecia irresistível de se beijar.
E eu resistia...
Com aquele olhar que violentamente sutil, me fazia duvidar;
Questionar esse conforto tão utópico que ele oferece de não acordar,
não pensar,
não sentir
e por fim ao respirar quando partir...
Não mete o loko aqui suicídio, eu já até escuto os teus sinais, eu já até sinto o seu cheiro.
Eu já e
até, voltei a ter medo.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

há alguns anos atrás, há alguns quilômetros daqui

Eu tive um amor agudo.
Hoje ele esta grave.

Então não fale comigo,
se for pra me dizer o que já sei, o que foi inevitável.
Só fale, se for por respeito a todos os corações envolvidos, inclusive o que foi desprezado. 

Nem fale comigo,
se for pra me dizer que tem planos, sonhos e muita paciência.
Só fale, se for pra assumir que não era sabedoria sua, mas desistência. 

Aliás nem fale comigo
se for pra me usar como desculpa, pra por a culpa
em mim.

Nem pá.
Se for pra falar que eu não estive inteira nisso.
Só vem pá na minha
Quando algum músculo do seu corpo estiver disposto a se mover na minha direção. 
Pq nunca, nenhum esteve.

Eu sempre fiz o corre. 
Sempre acreditei na sua imagem congelada na janela daquele ônibus de viagem azul. 
Linha azul do metrô de SP.
E de que vai adiantar, lamentar? 
Você nunca precisou da minha aprovação, por que agora logo agora, eu, vc ou alguém nesse mundo, se renderia á provocação?

Eu sempre fiz o corre.
Eu idealizei vivenciar ao seu lado todas as glórias da nossa união. Porque sim, seria gloriosa.
Mas você escolheu tornar isso impossibilidade.
Eu me submeteria a repensar o Cristianismo, a aprender a falar manso e ser menos brigona. Porque sim, eu sei dos meus erros.
Mas você escolheu tornar isso impossibilidade.
Eu adoraria vivenciar ao seu lado – INCLUSIVE e principalmente – todas as angustias de ter brigado, discutido. Porque sim, eu sei que com você, seria motivo pra fortalecer, jamais enfraquecer. 
Mas você escolheu de novo, tornar até isso impossibilidade.

Eu te amei. 

Então nem fala comigo. 
O seu silêncio sempre me disse mais. Respeite quem nem sabe que eu existo.
Eu só quero voltar a dormir, pra ver se a memória para de insistir, em lembrar de quem nunca vai estar aqui. 

seila

terça-feira, 7 de junho de 2016

nascida na babilônia, não pertencente a ela.



Eu nasci nessa babilônia sim, mas eu não pertenço a ela
eu vim pra fazer história e não pra chapa assistindo novela
eu vim foi pra me unir com cada loco disposto a resistir
à toda sujeira que reina por aqui...
Vim pra desconstruir esse castelo feito com nossos ossos
e pra desmascarar cada demônio que finge ser dos nossos

Eu nasci nessa babilônia sim, mas ela não me arrebatou
eu vim pra fazer mais do que existir, e não pra me submeter ao que ela deturpou
Vim pra convocar cada soldado que já tá armado e ainda não se ligou
Vim pra gritar alto nos ouvidos dos verme que achou que me calou
Vou viver pra estampa o desespero na cara de quem tanto tento, 
mas não me mato!

Eu nasci nessa babilônia, sim!
mas tem alguma coisa dentro de mim,
que me dá a convicção que nóis não nasceu pra viver assim.
E de onde vem a porra do sentimento de inconformação constante com a realidade?
De onde vem essa ansiedade em encontrar uma suposta verdade?
ou pelo menos uma explicação?
E você pode arriscar dizendo que é culpa da razão. 
Mas enquanto a mente não sentir, me desculpa...
eu atribuo ao coração.

A magnitude do sentimento que eu tenho aqui, não me permite crer que ele seja meu
pq mano, 
escorre pelos olhos
exala pelos poros...
Então, meu Senhor, se foi vc que me presenteou com a revolta, quero agradecer
Ela é a coisa mais preciosa, que eu nunca pedi pra ter
Falhei em mecanizar meus sentimentos, e não foi á toa
Então se eu chora, me perdoa...
É que militar
ainda não me deu a habilidade de falar sem me emocionar
sobre a podridão de um sistema que decide quem vai rir 

quem 
vai 
chorar!

aparição

Se tranca no quarto, chata.
Se entope de comida.
Reclamação mental permanente.
Usa mente, lembra que muitos que também sente, não come.
Daí come mais, só emagrece.


Responde a vontade de sumir, com a lembrança de que não tem pra onde ir. 
Carrega em si, uma solidão populosa. 
Sente atração por paradoxos trágicos. 
Quer estar só.
Só pra pedir a Cia de alguém, e quando vira pó
Varre as próprias cinzas como ninguém.

Não chora, não lida, foge
Ignora as despedida, fode. 
Entalada nas frestas, procura as brechas.
Com fome de justiça, devora a esperança.
Degolada, a paciência agoniza 
enquanto o arrependimento faz festa...
Solução se distancia e foi por isso
Que eu não terminei essa poesia. 

tá tudo ok


Os primeiros assentos do busão a serem ocupados são os individuais...
Demonstrações públicas de afeto provocam constrangimento
Os 'bom dias' são ditos por obrigação mecânica
O contato visual é insuportável
Abraços são raros.
Natureza destruindo a construção humana? é catástrofe.
Humanos destruindo a natureza? é progresso.
A lógica capitalista que preenche os beijos
A desimportancia das pessoas versus a importância do dinheiro...
A publicidade estuprando os desejos
A estética alimentando medos
Cada um na sua, sem a companhia de si mesmo
O mundo todinho, a esmo...


E vocês aí achando que o problema é a carência, as emoções e o apego.
E a solução? Se bastar a todo tempo, mais pensar que sentir, preencher os vazios
com
o
vácuo.