quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Diamantes e bosta!

A luta de classes fede. 

Todas as manhãs a mesma coisa: O trem destinado ao Grajaú lotado, contornando o Rio Pinheiros enquanto as capivaras matam a sede, o mau-humor latente em cada expressão. O fedô do Rio adentrando nos pulmões dos ciclistas que pedalam às margens - como se isso fosse gostoso, saudável. A cada estação, parece que o cheiro fica mais insuportável, na mesma medida em que os prédios ficam mais modernos, altos e “bonitos”. O espelhado das janelas reflete a merda boiando. A porta abre e meu estomago embrulha, o cheiro entra no vagão como um espírito nos rodeando, quando não nos ultrapassa. O barulho causado pelo salto do sapado alto no chão, me deixa mais enjoada.

O risquinho vermelho na parte superior da foto, é o trem.

O fedô do Rio Pinheiros não fica do outro lado da marginal.
O cheiro não respeita os muros invisíveis que nós construímos. As pessoas sim, o fedô não.
Você desce na estação Morumbi pisando forte na sua humanidade pra assegurar ou reafirmar sua arrogância.
Arrastando o peso do seu ego pelas calçadas, que estão sendo varridas pelos garis que já foram reificados pelos teus olhos de pseudo-burgues. 
Com seu olhar cortante de desprezo, causando estardalhaço com sua ignorância.
Aproximadamente 500 metros dali esta a entrada do Morumbi Shopping, tudo perfumado, cheirando a papel verde. Os seguranças me olham desconfiados, apresento o crachá e sou “liberada”.

Você cheira a Tietê. Seu terno é como o lixo que boia no Rio sujo.
Eu olho pela janela do trem, não sei quem é mais sujo, o Rio ou você.
Não posso dormir, nem comer, sinto nojo do clima que me cerca. E nojo do nojo que me enoja por ti.
Um dia me disseram que o ódio que tenho por vocês, me faz tão fedorenta como o Rio. Mas, certamente, jamais me faria fedorenta como você, então foda-se. 

Será que estamos todos sentindo o mesmo cheiro? Será que todos vemos o mesmo rio nojento e poluído pela janela do trem? Quantos de nós se incomodam realmente com isso? 
Da onde vem esse fedô? Do rio ou de nós?

Aqui é tudo líquido. Tanto a merda quanto as vendedoras da Vivara. Tanto eu, quanto você e seu smoking carérrimo.
Aqui é tudo nojento, então, esperemos a sexta-feira chegar, bora ali num restaurante na Berrini, tomar uma sopa de merda, e beber aquela taça de estrume!





Nenhum comentário:

Postar um comentário