sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Cada existência com sua urgência

Eu preta na faculdade
Estudando opressão, racismo, diversidade
Maximizando depressão ao descobrir as minha verdade...


Atravesso a cidade
De Guarulhos pro Jaraguá
E quando volto pra minha realidade
meu castelo desaba, saio de mim pra me olhar, me vejo pá...


A frustração de não conseguir aproximar os mundos
A incapacidade me dando oi, em forma de um esgoto imundo
A reflexão sobre a necessidade da tal formação
A vontade de desistir, tomando grande proporção...


Escrever artigos, dar palestras, pensar alto
Exaltar o ego, enriquece o lattes-que-não-morde, e se der sorte, subir no salto!

Mas de quem é a missão de descer dele?
Falar pra branco aplaudir, escrever pra favelado rir?
É preta, o que cê tá fazendo aqui?


Essa bosta de diploma, vale sua saúde mental?
Essa merda de ambiente, te faz bem ou te faz mal?
Entre status exigido pelo capital, e a sua integridade emocional, você escolhe qual?


E vai chover militante pra te dizer, que é importante ocupar os espaços, aqueles termos clichês
Vai vir branca te fala, sobre a estrutura racista da universidade que só você pode mudar. (tsc tsc tsc)
Vai vir uma galera namastê elevada te ensinar
Mas ninguém vai ter cu pra te abraçar!
Pq ali, saber sempre vale mais que sentir.


“Pq nóis luta por um mundo melhor, nóis é da militância
Mas se na dicção vc for pior, nóis vai degola sua esperança
Nois parte do princípio de que todos sabem, nóis fica pá com sua ignorância
E quando nóis esbarra na sua realidade, do baque só sobra nossa política de boa vizinhança.”


Não é à toa que eles vomitam dados estatísticos sobre o extermínio do meu povo, fumando calto
bolando skank no estilo dedo de macaco
E seu pai dando um trampo no banheiro do seu barraco.
É preta, quais são suas prioridades? 


É aquilo.
cada existência com sua urgência
cada ótica com sua carência
e cada loco com sua preferência 


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