segunda-feira, 1 de junho de 2015

Exista ou morra tentando


Acordei há duas horas, continuo inquieta, o silêncio da manhã parece insuficiente, porque dentro de mim faz barulho. Aos poucos os vizinhos vão acordando conforme o dia clareia. Os passarinhos que meu pai “cria” em gaiolas, conversam com os que voam fora. Meu computador tá com problema, mas quero ver ele me superar...rs 
A poltrona esta chapada de roupa, limpa misturada com suja. As cobertas contrastam com os lençóis, que são usados dia sim, dia não, conforme o clima que criamos: instável. A TV esta desativada, cheia de pó mesmo eu sabendo que tenho rinite, melhor espirrar do que me alienar. Odeio essa cama de mola que fica no canto esquerdo, ela faz minhas costas doer, porque endireita ela...rs 




Enquanto não estiver silêncio dentro de si mesmo, fica impossível se escutar. Se ouvir é fácil, quero ver se escutar, digo isso no sentido de que todo mundo dialoga com seus próprios pensamentos profanados no silencio da própria voz. Eu registro meus diálogos comigo mesmo, não sou normal, odiaria ser. Ocorre que a nossa mente, mente. A voz do coração e da mente tem quase o mesmo timbre, fica bem delicado diferenciá-las. Onde já se viu uma mulher acreditar que esta grávida e seu corpo reagir a essa crença e produzir leite materno? Gravidez psicológica é a prova de que somos sabotadxs por nós mesmos, pela nossa mente. Criamos verdades em nossas mentes e escolhemos acreditar nelas, claro né porra, a realidade é insuportável!

Cada um faz seu corre na busca de algo pra aliviar o existir, que é pesado e sufocante. Mas, não podemos esquecer de ouvir nosso coração, nossa verdadeira voz, nosso verdadeiro eu. Somos mais que matéria, pra mim é tão óbvio. Afinal, o que somos? Será que nos resumimos a matéria: osso, carne, estética? Sempre que penso em alguém, penso em quem a pessoa é. Nunca em quem ela aparenta ser. Quando conhecemos as pessoas, a aparência se abstrai, se esvai e cai, some. 
O olho é uma prova de que somos espíritos. O olho transmite e revela isso, mesmo com a imundice da babilônia. Olhar alguém nos olhos pode ser insuportável em algumas situações. Tanto que não conseguimos nos olhar por muito tempo, é perigoso nos enxergarmos...rs Tememos uns aos outros porque no fundo, somos cientes da nossa podridão. Fugimos do perdão, porque no fundo dói crescer. 

Numa conversa trivial, por quantos assuntos irrelevantes você tem que passar, até criar coragem de dizer o que sente? Até conseguir encaixar delicadamente seus sentimentos no papo, sem ser tachadx de lokx, esquisofrenicx, desequilibradx? Porque vc sabe que corre esse risco quando for falar das coisas do coração – mesmo se a conversa for com sua mãe, por ex. Estamos distantes mesmo quando nos abraçamos. Nossos próprios pais nos treinam a omitir o que se sente de verdade, de si, com si, para si, foda. 
Nossas impressões sobre o mundo ao nosso redor, no fundo são idênticas. A diferença é a fuga que cada um escolhe pra camuflar a própria verdade. Acordei meio Buda, mas a fita é a seguinte: Todos nós existimos dentro do mesmo sufoco. Fomos enviados aqui pra alguma coisa, não é possível que a vida seja sem sentido. É muito complexa pra servir pra nada. Logo, quando penso que isso tem – ou teve – sim, algum propósito, imagino que TODOS nós fomos enviados com a mesma porra de propósito, todos na mesma missão. Acredito que as crianças estão muito mais próximas da “verdade” do que os cientistas toca branca mais pikas. Se engana quem pensa que me refiro a “verdade” como um documento ou tese. A verdade é um sentimento, comum a todos exemplares da espécie. Se olharmos pras barbaridades que cometemos, que só nos guia ao nosso próprio fim, esse papinho-amoroso-espiritualista se torna um tanto risível, mas, enquanto não sairmos do mecânico ao olharmos uns aos outros, jamais vamos nos enxergar verdadeiramente.  

Crianças são misteriosas. Curiosas sobre o mundo que socamos nos cus delas. Questionam. Querem entender o porque das coisas. E Quantas vezes explicamos? Qual a consideração que damos? Nós enquanto adultos nos julgamos mais sabidos que as crianças pelo nosso tempo de vida. Mas pera, nosso tempo de vida é maior que o delas NESTE mundo, logo, o que “sabemos mais que elas” são coisas que este mundo nos ensinou. Coisas como nunca questionar, desenvolver a habilidade de disfarçar nossos sentimentos, desconfiar de todos, criar inimizades, manter aquela distancia segura do outro, ir a escola, estudar para conseguir um bom emprego, comprar coisas e morrer. Volto a minha crítica de sempre. Sério que é isso que ensinamos as nossas crianças? Serio que foi isso que aprendemos? Serio que aceitamos esse “aprendizado” como única maneira de existir? 
Poxa Deus, tá foda. Sou revoltada, questão de ser, não de estar. Odeio quando dizem que minha ideologia é “fase”. Adultos gostam de reduzir nossos sonhos à “fases que eu também passei”. Esse papo de maturidade me fode, é chato ser madura. Afinal, que diabos vocês chamam de “ser madura”?  Se resignar perante a imundice do nosso tempo e dar de ombros à própria vida? Hm. Não to interessada em amadurecer, hoje não Faro. 

Sei que existem alternativas para exercemos nossa atividade principal: viver! E não vou sossegar nem às 06:36 da manhã, nem hora nenhuma, até encontrá-las. 

Lutando pelo meu direito de existir since 1993

Exista ou morra tentando...



3 comentários:

  1. O olho é a alma.
    Salve às peculiaridades.

    Acredito sim que viemos para um propósito; nos esquecemos dele com o passar e o pesar.
    Uns sabem pra que veio, outros estão à saber...
    Já a maioria não se questiona - e fazem as perguntas erradas
    Depois reclamam das respostas que a vida dá!

    Penso, logo resisto:
    Se estou vivo, quero mais: existo!

    Crianças são olhares puros
    Sou uma criança, não tão puro, mas juro:
    Não prometo nada mais que uma tarde no cais.

    Olhos são almas.

    Diego R Borges.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Crianças são seres puros, especiais em sua pureza. E digo isso por experiencia própria. Só eu sei o q passei com minha filha recém nascida, mas não sei o que ela passou, mas via a pureza em seu olhar, sua alma. Ali eu renasci junto. Elas vem ao mundo humanas nascidas carregadas de amor, e sabem pra que vieram. O problema é o ambiente hostil e odioso que nos passamos a ela. Tudo pra ela é normal...o pai barbudo, a música reggae pra dormir, as brincadeiras bobas, o sorriso verdadeiro. Não conhecem o dinheiro, marcas, e ate a alimentação pra ela, td é novo. Ela cresce com o que se oferece.
    O foda é a interferência q já vem na creche, nos desenhos infantis...nos brinquedos vendidos no mercado....nascemos humanos e morremos podres no lixão de nossa existência.

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