quarta-feira, 10 de julho de 2013

Parafraseando Kafka - I


Deite-se, Lari.


Sou sempre tão culpada por tudo, que agora comecei a entender o porque a culpa é minha.
Minha porque sempre espero. Fico esperando que a vida me surpreenda. Que as pessoas me surpreendam. Mais preocupante é quando eu canso de esperar e me levanto pra surpreender. Faço isso com muita frequência e talvez este seja o meu maior erro. Ter a certeza lá no fundo que pra alguma coisa eu sirvo. Preciso des-iludir. Aceitar minha morte e para de relutar inutilmente.

As vezes fico dentro do quarto bem comportada recebendo comida pelo buraco da porta, mas as vezes teimo em rastejar em direção aquela suposta gota de amor, que fica no fim do corredor me chamando. Sinto e cheiro dela.
Nunca consigo chegar perto, pois sempre algo me impede. Não tenho armas e nem forças pra entrar em combate. Só pensamentos. Até eles pararam de ser expostos, não me pergunte o por que.

Fudeu. Eu cansei, e quando eu canso eu sei que to fudida. Então vou ficar deitada, esperando com a certeza de que algo virá. Se essa gota não vir me curar e revigorar meu espírito, a morte virá. Então, neste caso, esperar não é inútil, pois uma das duas vai chegar.

E quando eu achei que seria vista, eles fecharam a porta do quarto e se mudaram pra bem longe, não sei se a gota ficou.

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