"Mas você não é preta, Larissa." Ouço isso até hoje.
“Tirou sarro de mim, e pelas costas e do meu nome, que eu sou branco demais pra ser Criolo, e veja onde? Maaaaaaano, que isso continue até quando? Porque eu já fui preto demais até pra trabalhar num banco. Hipocrisia no mundo eu já sabia é mundano, mas essas coisa no meio do RAP ahhh vai toma no... maaaaaaano!”
Reflito e sinto pena, daquela preta ingênua, que aceita ser chamada de mulata ou morena.
Primeira coisa, você já viu branco ser chamado de “sinônimos” pra branco? Por ex. Clarinho, branquinho, amarelinho, transparente, etc? Não. Branco é branco e fim. Então por que a raça negra é dividida numa aquarela de cores? Segundo elxs eu não sou preta, sou morena, parda, mulatinha, escurinha, caboclinha, menos preta. Por que ser preta é “feio” “forte” e “pesado”. SÓ QUE NÃO.
Segunda coisa, não há nada de errado em ser preta. (jura Lari? Kk) Enquanto o mundo ao nosso redor tiver “receio” de aceitar nossa raça, criando novos termos pra camuflar preconceito, permaneceremos estacionados nessa escravidão moderna.
Terceira coisa, se auto afirmar como preta, não tem absolutamente nada a ver com vitimismo. Tem a ver com a luta do povo preto, é bem diferente. Quando eu digo que sou preta, não estou esperando que as pessoas tenham “dó” de mim por isso. Primeiro porque isso – nem nada – é motivo pra se ter dó de alguém, e segundo porque ser preta tinha que ser algo absolutamente indiferente. Mas como não é, me afirmo preta para que um dia seja. Me afirmo preta para que as pessoas ao meu redor, aceitem, lidem e respeitem minha raça, logo, quando x pretx se auto afirma como tal, quebramos um grande estigma da sociedade atual: SER PRETA JÁ NÃO É MAIS MOTIVO DE VERGONHA, MAS DE ORGULHO.
Me incomodo quando me dizem que sou branca, primeiro porque não sou, e segundo porque com a frequência que ouço isso, atesto o quão o racismo é estrutural, existe, funciona e precisa ser combatido. Engraçado que quando estou numa entrevista de emprego disputando a vaga com a branca lora – inclusive com menos currículo que eu – eu não sou vista como branca. Engraçado que quando eu entro no transporte público usando um turbante, as pessoas não me olham como se eu fosse branca. Engraçado que num enquadro a feminina não me tratou como branca, quando se referiu a nós como “bando de macacas”. Engraçado que quando vou na cabeleireira e recebo “dicas de como ficar linda fazendo uma progressiva no cabelo”, eu não sou branca. Engraçado que quando eu chego na faculdade e olhares me reprovam, eu não sou branca. Engraçado que quando entro no shopping Morumbi e vejo inquisidores no cio, eu não sou branca. Mas, “preta não sou.” POR QUE?
O racismo varia de acordo com a tonalidade da pele, quanto mais pretx for, mais oprimidx é. Eu reconheço que sou preta com a pele mais clara, mas isso não faz de mim uma branca, caralho. Ter a pele mais clara não me isenta de sofrer racismo! Sei me colocar nos espaços respeitando sempre as pessoas com pele mais escura que a minha. Sobre o racismo que elxs sofrem eu não tenho legitimidade pra falar, por isso fico na minha. E seria tão bacana que brancas e brancos fizessem o mesmo quando vierem discutir MINHA cor COMIGO. Por que sabe? Apesar de não precisar de aprovação de branco pra ser preta, me incomodo. (rs)
Se eu sou branca, como vocês explicam o formato do meu nariz com a textura do meu cabelo? Eu sou consequência de uma miscigenação forçada, nossa mãe África foi estuprada!
Não me admira que vocês não saibam um pouco mais sobre a história do Brasil, uma vez que o ensino é eurocêntrico, passamos a vida escolar inteirinha estudando a Europa, a história da Europa, os caras da Europa, os branco da Europa. E do Brasil? O que sabemos? Que Cabral o descobriu e fim. SÓ QUE NÃO².
Europeus estupravam as pretas escravas na época da escravidão. Porque não basta ser escrava, mulher e preta, tem que ser estuprada também. E como vc acha que nascia x filhx? Branquinhx do olho verde e cabelo liso?
Então não vem me dizer que sou branca. Nem me dizer que não sou preta, sou “mulata” (Palavra de origem espanhola, feminina de "mulato", "mulo" - animal íbrido, resultado do cruzamento de cavalo com jumenta ou jumento com égua). As palavras "mulato" e "mulata" foram usadas de forma pejorativa para os filhos mestiços das escravas que coabitaram com os seus senhores brancos e deles tiveram filhos.
Então não vem dizer que “racismo é coisa da minha cabeça” Então, poupe-me da sua ignorância.
É a coisa mais idiota que existe em um pais colonizado, de fronteira aberta. Raça pura no Brasil? Há, ta bom....
ResponderExcluirE vc disse td, estudo europeu pra esconder a vergonha da historia do Brasil q se reflete ate hoje. É como o rap fala, nas vozes de mano brown (intro de a vida é desafio) e do Renan (Quem não tem sangue de preto na veia deve ter na mão)