quarta-feira, 10 de junho de 2015

neguin



O dono da plantação de coca ninguém viu
mas o menó que trampa na loja misteriosamente sumiu
Era uma tarde linda de quarta-feira
eu tinha achado vinte conto pra gastar com besteira
Dobrei a esquina, logo um carro da civil
apertado no porta-malas ele ainda sorriu
Sorriu da própria tragédia 
sem trégua...
Papo de três minutos e seu destino foi irrevogavelmente traçado
Pro delegado eterno presidiário, embaçado...
O japa que o interrogava parou pra fitar meus peito
Respeito? 
Nu ta tenu. Nem pela vida, quem dirá pela morte. 
Pensamentos fortes!
pensamentos invadiram minha mente, violentamente.
pensei em tudo que defendo e prego, veementemente. 
Pensei na faculdade e o inevitável deslumbre. 
pensei nos patrício e a solução virou vislumbre.
Pensei na polícia enquanto instituição fascista
e no policial enquanto cidadão racista
pensei na expressão da mãe ao receber a ligação
pensei nas drogas e no dono da plantação
Pensei mais milhares de coisas, que não couberam somente na minha mente, e transbordaram pelos meus olhos
exalaram pelos meus poros...
Não só pensei, mas concluí, ali, a minha inutilidade
completamente incapaz, me restou assistir os menino na atividade
 Questionei a mim mesma na transparência: 
“Iae Lari, de que vale toda essa consciência?”

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