sobre coisas que não eram pra me ferir mais, não mais.
Menina, desde que me conheço por gente sou incomodada com a realidade, apelidada de revolucionária sem ao menos saber o significado disso, revoltadinha, e tendo o clássico sonho de mudar o mundo sendo satirizado diariamente pelos adultos ja conformados.
Parei de alisar meu cabelo na terceira série e na terceira série meu cabelo não era tão bem quisto, bonito e almejado como é hoje, sempre fui apaixonada pelos preto brilhante, sem precisar encontrar motivos históricos para.
Cresci na quebrada, alimentando minha ideologia de vida com fome. Matando minha sede de justiça com sangue. Aquecendo meu coração com a frieza dos que dizem que é 'drama e exagero'. Aprendendo a silenciar no barulho. Amadurecendo assistindo os imaturos. Aprendendo com a vida dura a ser flexível. Quem me ensinou o que é amor foi o próprio sr ódio. Quem me ensinou o que é a vida, foi a própria dona morte, vestida de cetim e tudo.
Hoje mulher, aspirante a intelectual, estudante de ciências sociais, 22 anos e meu sonho de mudar o mundo já usa bengalas pra se manter de pé. Hoje, praticamente depressiva com o cenário caótico dos movimentos sociais, da militância, da academia, da sociedade, dos parentes, das relações, da vida e afins. Hoje eu não olho mais a injustiça nos olhos pra me fortalecer, mas bebo desse cálice. Hoje, não dá mais pra me apoiar na ignorância. Hoje o estoque de frustração só cresce. Negação de oportunidade e imobilismo. INJUSTIÇA, antes do professor pedir o verbete dessa palavra a vida já tinha me obrigado a recita-lo em forma de poesia - pra doer menos (ou mais). Mas é inacreditável como não me acostumei. Incompreensível como ainda me admiro. Aterrorizante como ainda me fere tanto. Inadmissível como ainda me deixo abater.
Graça a minha que a certeza de que nasci para crescer é inabalável. Graça a minha que eu sei - pq vivi e não pq li - que é preciso se acostumar com a dor, já que escolhi crescer. Graça a minha que a verdade é um sentimento. Graça a minha que eu descubro mais sobre mim mesma, a cada vez que rejeito esse clichê de que coisa ruim faz a gente crescer, e me agarro as dores. Sabedoria dada pela dor. Conhecimento buscado por amor. Falta de opção obriga a ter fé no Criador. Ausência de sentido alimenta a revolta.
Não consigo se quer ficar puta com o que anda me acontecendo. Hoje estou apenas triste.
É impressionante a sensibilidade, desenrolada à partir da indignação, mas aquele sem sensacionalismo e sem a pretensiosidade que tanto há. Fora que as suas ideias são fatos vívidos, retratos ignorados, de um olhar são.
ResponderExcluirNão fique triste, Lari, a gente que planta o bem, iremos colher o melhor fruto também.
Beijão.
Diego.
A Arte Liberta / semgroselhapicuinha
Olhar são sendo estuprado pela loucura. Sanidade sendo testada pra distanciar a cura.
ResponderExcluirObrigada meu menino, obrigada.