Conservo e contemplo o silencio a maior parte do meu tempo. Gosto da natureza, mas tenho gastura do fundo gosmento dos rios, talvez pq eu já pisei nuns bixos que eu nem sei quais eram. Gosto das paixões com fúria, que deixam vestígios irreparáveis. Gosto daquele tipo de sentimento que dá vontade de matar a pessoa, mas quando penso na falta que ela me faria, desisto. Se for pra comer que seja bem, se for pra gastar que seja com comida. Se for pra amar que deixe sequelas eternas. Se for pra guardar mágoa que seja sincera. Eu tenho antipatia por poucas pessoas, mas até a elas eu dou o direito de saber, nem que for com um olhar reprovador. Não sinto necessidade de fazer sexo. Aguento tempo demais, porque “aguentar” e “demais”, não faz muito sentido pra mim. Não consigo tomar banho rápido. Salada tem que ser temperada com limão e não vinagre. Não consigo lavar louça rápido. Esse lance de fazer as coisas rápido me dá a impressão que foram mal feitas, deve ser por isso que a minha média é de 2,5 a 3 anos. Quando penso em me envolver sou reprovada por mim mesmo em pensamento: “lembra do tempo que demora pra esquecer?” Daí fica tecnicamente tudo bem. Vodka é a única substancia que arranca de mim minha parte mais loka. Tirando as que eu ainda não experimentei a reação. Falo com o motorista somente o necessário mesmo. comida. Não que eu tenha medo de morrer, mas tenho uma admiração e um cuidado pela vida. Não é comum na minha idade e nessa época, mas é isso. Acho a vida bonitinha. Reclamo dela, mas a gente só reclama com quem a gente gosta, ela sabe disso e até já acostumou. Eu não escrevo bem com papel e caneta e isso é reflexo de 5 anos interruptos escrevendo no computador. Minha transição de menina pra mulher foi vivida dentro de um escritório. Tenho pouquíssimxs amigxs, e gosto de exaltar o porquê: eu sou insuportável, porque sou real. Nem eu aguento minha sinceridade as vezes. comida. Precisa gostar de mim de graça pra me aceitar como amiga. Dou mais motivos pra me odiarem que o contrário. Gosto de fazer uma cara de desprezo que deixa qualquer um com raiva. Tenho uma expressão de sempre - congelada e própria - pra entrar no ônibus. Amo cozinhar. Já fiz sexo na rua e ontem mesmo eu menti. Nem sei porque nem pra quem, mas a fita é que todos mentimos. Prefiro que me acordem pegando em mim, do que rompendo o silencio matinal. Odeio dar bom dia por obrigação. Se for começar uma conversa que empaca no “tudo bem também”, não comece. Pesquisas apontam que uma conversa começada com “oi, tudo bem?” tem 249% a mais de chances de parar no “bem também”. Sem contar que as chances de recomeçar essa conversa diminuem em 80%. Se a vida é um jogo, eu nasci pra ganhar. Frases positivas vindas de mim são raras. comida. Acontecem quando alguém duvida de mim ou me tira. Gosto da babaquice dos jovens e fico me perguntando se eu era tão babaca quão. Tenho dificuldade de brincar com criança, prefiro elas bebes ou em bando. Adoro ver filme dramático. Faço um curso que me obriga ler uns 3 livros por semana, e eu não leio se quer 50 páginas. As pessoas me acham inteligente, e eu me acho foda: sem me dedicar pra missão de aprimorar minha inteligência eu já sou terrivelmente sagaz, imagina se fosse menos preguiçosa? Olhares masculinos invasivos esfacelam meus pensamentos. Gosto de organizar o que vou dizer na mente. Já fiz ballet e dancei num grupo de axé. Já tive um pato de estimação. Já matei um inseto e chorei depois com dó. A rapidez com que as borboletas batem as asas me irrita. O tempo de vida delas também. Toda manhã proponho soluções mentais e infalíveis pros meus problemas. Ninguém imagina o que minhas roupas escondem, e gosto desse mistério. Falo mais gíria quando percebo que algum omi tá me olhando diferente. Espremo a bunda quando passo num posto de gasolina pra parecer menos atraente. “psiu’s, gostosa e êh lá em casa” me desconcertam mesmo antes deu descobrir que existe o feminismo. Parei de alisar meu cabelo na terceira/quarta série. Tenho vontade de viajar, tocar violão, falar inglês e jogar futebol num time de verdade. Prefiro um papo cabeça do que qualquer outro tipo de socialização. Gosto muito mais de um omi quando ele troca ideia, do que quando ele me dá ideia. Tenho vergonha de ser elogiada. Tenho rinite e uso paninho de catarro. O mar me imobiliza os pensamentos. comida. Quando vou pedir algo pra alguém eu faço a “não preciso tanto”, mesmo se for caso de vida ou morte. Meus parentes não tem um pingo de nioção sobre meu amor por eles, e é melhor assim. Misteriosamente minhas peças de roupa se perdem com o passar do tempo. Fala nisso eu descobri que não tenho nenhuma calça jeans e fiquei feliz. Faz uns três anos que não vejo TV. Só paro na frente quando ta passando Usurpadora ou Rebelde, (e coloquei isso aqui justamente pra me julgarem, já posso prever o “nossa, ela não devia ter dito isso” como se isso mudasse alguma coisa) Gosto de fazer os caras com quem me envolvo precisarem de mim pra respirar. Gosto de ser bem quista por ser quem sou. Odeio visitas. Odeio visitas e odeio visitas. O que eu digo na hora da raiva são afirmações catastróficas na mesma medida que são mentirosas. Gosto de dizer coisas que façam as pessoas regalarem ozói. Cuspo no chão com brutalidade quando um omi mexe comigo na rua ou quando eu vejo um carro da polícia. Arroto e peido como qualquer outro exemplar da raça humana e isso não faz de mim “menos feminina” ou “menos bonita”. Não cago na casa alheia, nunca. Prefiro carne de porco e bocas carnudas. Restaurantes muito chiques me fazem querer ser mal-educada. Nas entrevistas de emprego eu penso: “eles precisam mais de você do que você deles”, pra dar segurança, nos relacionamentos também. comida. As conversas que mais me ensinam são com meu pai, porque pra ele to sempre disponível. Não consigo falar de mim naquelas redações de “quem sou eu”. E gosto de estraçalhar as suposições das pessoas sobre mim.
Me sinto velha, muito velha, mas me sinto linda, bem bonita.
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