terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

seis de abril

TINHA QUE SER ASSIM

Estou ausentando a racionalidade.
Fracasso. Fracasso todo dia. 
Estou pensando em você com o coração. Fracasso todo dia.
Eu sei a verdade sobre as coisas, mas como ela é desesperadora, prefiro fingir que não sei. Uso a lembrança que tenho da sua boca, para alimentar uma esperança irracional de que as coisas vão dar certo. Afinal, o que é “dar certo”? A lembrança do seu cheiro já responde essa pergunta, use-a mulher. Então eu faço exercícios mentais para tornar sua presença real. Quase posso te tocar, se não fosse a realidade. 
Dói tanto que dá vontade de desistir. Só que tem um bando de gente esperando algo bom de mim. Um bando de gente que confia em mim. Um bando de gente que me acha especial. Eu quero você. Isso não é especial. Não quero nada do que o capitalismo venha me oferecer. Quero você. Sua simplicidade, sua feiura, seu cheiro de cigarro, seu bafo de pinga. Eu quero isso. Odeio coisas normais e padronizadas. Odeio boas aparências e cabelos penteados. Eu quero o caos que sua presença me oferece. Quero te beijar sabendo que sua boca me difama. Eu quero tudo isso hoje. Quanto mais rápido eu assumir meu completo estado de demência, mais rápido ele passa. Ahhhh, e quando ele passar... 

Deus, me transforme numa pessoa normal?

Daquelas que não se interessam pelo sentido da vida, nem pelas paixões mal resolvidas.

Daquelas que não maximizam as consequências de um relacionamento amoroso.

Daquelas que passam despercebidas pela dor.

Dor de respirar, de pensar, de sentir a dor. 

A certeza de que tudo passa, não diminui a sensação de eterno desespero. As unhas trincam, as narinas entopem, os ombros quase ralam no chão. 

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