sábado, 6 de dezembro de 2014

Capetalismo.

Hoje perdi uma entrevista pq não tinha o da passagem
Mas pelo menos a ira me rendeu um texto


Compartilhando a dor:

Inspiração não é opção é condição. Não é procurada, mas dada. Gratuitamente e exclusivamente pela condição financeira. Pertencer a classe trabalhadora é uma fonte inesgotável de inspirações. Tanto para arte, quanto para morte.
Se você não usar as merdas para fazer uma escultura, corre o risco de se tornar oco.
No capitalismo vale da sombra da morte é a falta de dinheiro, apenas. Mas eu diria que é a ausência de vontade de existir. Não quero.

Sempre que me questiono sobre meus problemas eles se resumem em dinheiro. Estar desempregada é como ter asas e viver engaiolada. Você tem tempo, mas não tem dinheiro. Então você não tem nada. Não tem essa de amigos e família e blá blá. Ninguém quer estar perto daquela pessoa que vive feito hippie. Pensar no futuro é algo que me incomoda, gosto de exaltar a efemeridade da vida, para tornar meus dias menos vazios de sonhos. Vazios de mim. Trabalhar pra estar enquadrada nos padrões capitalistas, estabelecendo tempo como meta? hm. me fode. Daqui cinco minutos não sei se permanecerei viva, quem dirá com um carro daqui cinco anos. As metas capitalistas não me atraem nem cobertas de 'qualidade de vida'. O que é valioso? Ouro? Diamante? Nutella? Valores que o capitalismo atribuiu. Não me sinto hipnotizada pelo que o dinheiro oferece. Me sinto presa. Preciso sub-existir, não dá pra viver de textos recheados de palavrinhas bonitas e reclamações idênticas. Preciso comer, vestir, me locomover. Sub-existir.

A existência dentro do capitalismo não é plena. O existir é oco. Você não existe por nem pra você - como essência de ser - mas por e como peça de um quebra cabeça complexo que é o sistema. Sistema! Que palavra pejorativa, não? Sistema! Usar essa palavra é praticamente assinar a matricula nos 'black bloc'. Ele funciona tão bem que as pessoas se quer questionam a si mesmas o que é sistema.

Isso não é pra ser uma aula, mas um desabafo desesperançoso. Um grito silencioso. Uma agonia aliviante. É como escrever e dar de ombros. Como anunciar um incêndio com a expressão de serenidade congelada, pelo desespero de saber que a chance de escapar é zero.
Escrevo sem esperar que alguém leia, quem dirá que alguém chegue perto de entender.
Suponhamos que esta seja nossa única vida. E por ter somente ela vc escolhe não trabalhar por n motivos. Você pode fazer a escolha individual sobre a sua própria existência? Não! E não se trata de ser 'vagabunda e preguiçosa' como o sistema te ensinou a me chamar, mas trata-se de ser amaldiçoada com a sede de justiça e com a dor da racionalidade.

Tudo ruim. Tudo amargo. Tudo exaustivo, até respirar.

Explique-me, oh pai.

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