Brisa batida no metrô da linha vermelha, fora do horário de pico.
Imagina trampa o dia inteiro
Querer voltar pra casa e depender do transporte
Submeter-se à essa humilhação por dinheiro
Enquanto sua vida escorre entre seus dedos você espera suporte
De um suposto deus, do estado ou do patrão
Que através da sua exploração
Troca de carro, casa e país
Enquanto você nega um danone que no mercado seu filho quis
Paga aluguel e não há perspectiva de casa própria
O capitalismo faz você crer que vai alcançar a vitória
Mas afinal, o que é vencer?
Comprar coisas e esperar pra morrer?
Possuir bens?
Comprar um carro pra fugir do metro lotado?
Ficar preso por 3 horas no transito de São Paulo?
O que estamos fazendo?
Por quanto estamos morrendo?
Os corpos estão em contato involuntariamente
Mas os olhos se desviam propositalmente
Afinal é extremamente constrangedor
Estar mais perto de um estranho do que do seu próprio amor
O sinal grita avisando que a porta vai fechar
Ignorado pelo desespero de chegar em casa
Os corpos se espremem numa tentativa frustrada
De conseguir entrar
Prende sapato e pé, bolsa e boné, te esmaga
E você olha com raiva
Pro irmão do lado o culpando por essa tragédia social
Num escape irracional ainda grita:
'Quem quer conforto vai de táxi!!'
Mas todo mundo fica...
O que estamos fazendo?
Por quanto estamos morrendo?
Extraordinário!!
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